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Ligia Fonseca Ferreira

Resumo

No século XIX, o Brasil recebeu inúmeros viajantes estrangeiros. Raríssimos brasileiros fizeram a travessia no sentido inverso. Nísia Floresta, conhecida precursora do feminismo no Brasil, constitui uma exceção.
Destacou-se igualmente por seu pioneirismo enquanto viajante, mulher e brasileira na Europa, onde viverá por quase trinta anos, tendo-se radicado na França. Do relato das viagens e do exílio resultaram quatro obras escritas diretamente em francês e publicadas em Paris.

Trata-se de um caso raro na literatura brasileira de escrita migrante, quando se adota uma língua estrangeira como língua de criação. Neste artigo, a partir das  obras originais, analisamos a maneira como a educadora e escritora potiguar aborda sua experiência da viagem e do exílio; os aspectos interculturais presentes na comparação entre os diversos países visitados e sua
terra natal; a crítica à visão dos estrangeiros que percorreram o Brasil. A erudita escritora elenca referências a autores e autoras, em sua maioria franceses, com os quais estabelece inequívocas relações intertextuais. Por fim, observaremos em que medida os textos de Nísia Floresta constituem, ou não, um contra-discurso em relação ao discurso dos viajantes europeus sobre seu país.

Palavras-chave: Nísia Floresta. Viajantes estrangeiros no Brasil.
Viajantes brasileiros na Europa. Análise intercultural. Relações culturais
Brasil-França.

Abstract

In the nineteenth century, Brazil received a great number of foreign travelers. In the same period, very rarely Brazilians made the
crossing in the opposite direction. Nísia Floresta, a known predecessor of feminism in Brazil, was an exception. She also stood up for her pioneering as traveler, woman and Brazilian in Europe, where she lived for almost thirty years, having set up residence in France. The reports of her travels and exile resulted in four works written in French and published in Paris. This is a rare case in Brazilian literature of migrant writing, where a foreign language is adopted as a language of creation. In this article, based on the original works, we will analyze the way the Potiguar (person who is born in Rio Grande do Norte) educator and writer approaches her exile and traveling experiences; the intercultural aspects present in the comparison among several visited countries and her homeland; her critique of foreigners who traveled through Brazil. The erudite writer lists references to male and female authors, most of whom are French, with whom she establishes distinct intertextual relations. At last, we inspect to what extent Nísia Floresta’s texts are, or not, a counter-discourse to the discourse of European travelers about her country.

Keywords: Nísia Floresta. Foreign travelers in Brazil. Brazilian travelers
in Europe. Intercultural analysis. Cultural relationship Brazil-France.


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