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Uma abordagem prática intergeracional no México

LILIANA GIRALDO RODRÍGUEZ

Introdução

As relações intergeracionais estão presentes desde o início da humanidade, porém os trabalhos para refletir sobre esta questão, como unidade de análise, são recentes e escassos. Os estudos intergeracionais começam a assumir maior importância em âmbito social e político por causa de três razões: a) por mudanças demográficas na população por idade, resultando em um aumento na quantidade de tempo compartilhado por várias gerações; b) interesse cada vez maior dos avós e de outros parentes na satisfação das necessidades da família; e c) a força da solidariedade intergeracional ao longo do tempo (BENGTSON, 2001). Além destes fatores, existem outros que também destacam a importância de tais estudos, incluindo aqueles relacionados a mudanças na estrutura familiar, bem como os de natureza social, como os associados a discriminação, preconceito de idade, desintegração familiar e social.

No México, os primeiros estudos que representam as relações intergeracionais datam dos anos de 1980 e estão mais bem enquadrados nas relações que se estabelecem dentro da família. Neste sentido, é possível encontrar estudos que lidam com as relações e a transmissão da herança de pai para filhos (LÓMNITZ e PÉREZ-LIZAÚR, 1987), família e relações intergeracionais em contextos de migração (ROUSE, 1991; PORTES, 1997, 2005; MISAWA, 1991, 1996, 2001; ARIZA, 2002; DEL REY e QUESNEL, 2004; ESTEINOU, 2007), a família contemporânea e novas formas de relacionamento, conflitos, suporte, os laços entre as gerações, entre outros (GOMES, 2001; HAM-CHANDE et al., 2003). 

Embora as pesquisas sobre as relações intergeracionais no México já tenham alguns anos, não se pode dizer o mesmo sobre as práticas intergeracionais, pois estas são mais recentes e algumas delas são baseadas em mudanças demográficas e sociais que caracterizam sociedades contemporâneas. As práticas intergeracionais em nosso país tiveram efeitos diferentes, todas com vistas a eliminar ou pelo menos reduzir algumas das barreiras no contato e nas relações entre diferentes gerações, ou seja, imagens negativas, estereótipos e preconceitos, entre outras. Além disso, as práticas intergeracionais foram concebidas como uma estratégia para integrar os idosos à família e à comunidade, e como um meio de transmissão de valores, divulgação, educação e conservação de experiências, saberes, conhecimentos e habilidades. 

À medida que as práticas intergeracionais no México vêm se desenvolvendo nas instituições educacionais e governamentais, as práticas e os programas desenvolvidos por essas instituições, devem ser analisados mais detalhadamente.

Práticas intergeracionais no setor governamental

As instituições governamentais que fomentam as práticas intergeracionais se destacam: no Instituto Nacional de las Personas Adultas Mayores (INAPAM) e no Sistema Nacional para el Desarrollo Integral de la Familia (DIF).

No primeiro caso, essa instituição foi fundada em 1979 sob o nome Instituto Nacional de la Senectud (INSEN) para proteger e cuidar de pessoas com 60 anos ou mais, basicamente em relação ao aspecto dos cuidados médicos. Em 2002, após a publicação da Ley de los Derechos de las Personas Adultas Mayores, mudou seu nome para o Instituto Nacional de las Personas Adultas Mayores (INAPAM), que se configura como o órgão responsável pela política pública de atenção a pessoas com 60 anos ou mais, com foco no desenvolvimento humano integral, em cada uma de suas faculdades e poderes. Seus principais objetivos são proteger, cuidar, apoiar e orientar os idosos, bem como analisar e compreender os seus problemas para encontrar soluções adequadas. Assim, visa fomentar a assistência médica, assessoria jurídica e opções de ocupação.

Juntamente com o que foi supracitado e a partir dos acordos da “Segunda Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento”, realizada em Madri em 2002, coincidindo com a “Declaração Política e o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento 2002”, gerados em tal Assembleia, o México começou a favorecer o desenvolvimento humano integral das pessoas idosas, promovendo o envelhecimento ativo, com instrumentos e mecanismos pelos quais se pode alcançar o seu bem-estar, e sejam reconhecidas e aproveitadas as suas capacidades, de modo que possam ser socialmente valorizadas. Neste contexto, o INAPAM desenvolveu – e continua realizando – uma série de ações de caráter integrador que considerava a participação de pessoas com 60 anos ou mais na vida cultural, social e econômica, as quais foram enquadradas em quatro áreas estratégicas:

1. Área de Emprego e Apoio à Economia;

2. Área de Desenvolvimento Social e Comunitário;

3. Área de Saúde, Pesquisa e Formação de Recursos Humanos em Gerontologia;

4. Área de Transmissão de Valores.

Apoiadas essas ações na transmissão de valores, deve-se agora olhar mais de perto como elas foram realizadas.

Um primeiro exemplo é o programa chamado Abuelos y abuelas cuenta cuentos que começou em outubro de 2001, em coordenação com a Secretaría de la Función Pública, com o objetivo de promover entre as crianças os valores da lealdade, honestidade, responsabilidade e justiça, entre outros, por meio da narração, discussão e análise de histórias. Para este fim, os idosos são treinados por especialistas do Centro Nacional de Apoyo y Fomento a la Literatura del Instituto Nacional de Bellas Artes. Os idosos atuam como contadores de histórias e os professores trabalham de forma voluntária na capital visitando escolas e parques públicos para a atividade intergeracional.

Um segundo programa é chamado Abuelos en busca de amigos, que, em 2001, o INAPAM, juntamente com a Secretaría de Seguridad Pública y los Centros de Diagnóstico y Tratamiento de Menores Infractores, colocou em ação, de modo a promover a aproximação entre os idosos e os jovens infratores por meio do diálogo e da transmissão dos valores sociais, com atividades culturais, oficinas de arte e eventos esportivos. Tendo como slogan “porque o mundo é um lugar melhor quando temos um amigo”, no programa participam idosos de clubes e centros culturais para a terceira idade, bem como integrantes de grupos de canto, dança, teatro, dança de salão, jogos e atividades esportivas, e mais de dois mil jovens.

A terceira prática intergeracional é Mi abuelo y yo, que, por meio de concursos de desenho e pintura infantil de âmbito nacional, visa a criar, nas crianças, uma cultura em favor da velhice, convidando-as a refletir sobre a relação estabelecida com os seus avôs. Além disso, um workshop: “O que as crianças dizem sobre a velhice”, no qual as respostas que sobressaem devem ter relação com o fato de que seus avós aprendem valores, hábitos e histórias.

Em contrapartida, o INAPAM executa uma série de atividades intergeracionais que fazem parte do Programa de Educación para la Salud; entre eles, vale destacar De la mano del abuelo, em que se identificam os fatores do processo de envelhecimento e a importância de que crianças e adolescentes reconheçam o envelhecimento como uma etapa importante no processo de desenvolvimento humano, processo o qual elas também viverão. Neste sentido, são trabalhadas as mudanças, os conflitos e as formas de interagir com os idosos.

Outra atividade que faz parte do Programa de Educación para la Salud é o Familia y vejez, que tem como objetivo melhorar a relação dos idosos com quem os cerca, por meio de concursos e conversas com membros da família e do público em geral para identificar as características biológicas, aspectos psicológicos e sociais do envelhecimento. Assim, espera-se uma melhor comunicação, bem como compreensão das necessidades e dos problemas desta parte da população.

Além desses programas, o Instituto colocou em ação a campanha Gente grande, na qual se discute sobre a qualidade de vida e as contribuições que os idosos trazem para a família, comunidade e sociedade, que visa a promover a alteração dos estereótipos negativos com os quais ainda se representam as pessoas idosas.

Uma segunda instituição governamental que está trabalhando no campo das relações intergeracionais é o Sistema Nacional para el Desarrollo Integral de la Familia (DIF). Trata-se de órgão público responsável pela execução e aplicação das políticas públicas, e que dá dimensão a essas políticas no campo da assistência social para promover o desenvolvimento integral da família e da comunidade. A DIF tem seu primeiro registro em 1929 com o Programa Gota de Leche a partir do qual foi formada a Asociación Nacional de Protección a la Infancia. Em 1961, com base na merenda escolar, é criado, por decreto presidencial, o órgão descentralizado Instituto Nacional de Protección a la Infancia (INPI) que refletiu-se em uma atitude social de solidariedade e apoio para as crianças. Em 1968 foi criado, também por decreto presidencial, o Institución Mexicana de Asistencia a la Niñez (IMAN), que foi dirigido para a atenção das crianças órfãs, abandonadas, carentes, deficientes ou com certas doenças. É assim que em 1977 se cria o Sistema Nacional para el Desarrollo Integral de la Familia (DIF), a partir da fusão do Instituto Mexicano para la Infancia y la Familia (IMPI) com Institución Mexicana de Asistencia a la Niñez (IMAN).

Na medida em que o Sistema Nacional para el Desarrollo Integral de la Familia assumiu como uma das suas tarefas prioritárias a promoção do desenvolvimento integral da família e da comunidade, diversos programas foram realizados, entre os quais estão os Encuentros Intergeneracionales, que têm como objetivo a promoção da convivência entre gerações propiciando a integração social, a implantação de ações e estratégias para manter a coesão e a solidariedade entre gerações, por meio do reforço do vínculo intergeracional entre a população de crianças, adolescentes e idosos. A ideia central da qual partem as práticas que são desenvolvidas no programa Encuentros Intergeneracionales tem sido a de promover melhor qualidade de vida para os idosos, a cultura de um envelhecimento ativo a outras gerações de maneira interativa e vivencial, e o respeito e a admiração por pessoas mais idosas, assim como uma cultura que considera o envelhecimento um símbolo de sabedoria, experiência e respeito. Ademais, as práticas intergeracionais têm sido a melhor maneira para que as pessoas sem vínculo familiar possam ter a possibilidade de intercâmbios que fortaleçam as imagens parentais (avôs/avós e netos/netas, principalmente).

Geralmente, os Encuentros Intergeneracionales se realizam em datas significativas do calendário, como Dia das Crianças, das Mães, do Idoso ou Natal.

É importante salientar que, como o DIF opera nacionalmente e tem representação de nível estadual e municipal, as ações que se realizam são diversas e envolvem pessoas de diferentes partes do país.

Para ilustrar o poder do DIF, observe-se primeiramente o que são os Encuentros Intergeneracionales realizados entre as crianças nos abrigos gerenciados pelo órgão assistencial e os idosos em vários municípios, em favor de uma cultura que considere o envelhecimento um símbolo de sabedoria, experiência e respeito. Essas reuniões visam a eliminar a discriminação em razão da idade, tornando as crianças conscientes de que no futuro elas também formarão essa população. É reconhecido pelos organizadores que as reuniões foram de grande ajuda para as crianças nos abrigos, bem como para os idosos, em decorrência da coexistência e da partilha de experiências de vida entre as gerações.

Outra atividade tem relação com os Encuentros Intergeneracionales de la coordinación de Atención a los Adultos Mayores y Grupos Indígenas, que permitem a combinação de experiências e de afeto entre pessoas idosas, crianças e adolescentes que não têm laços familiares. As atividades são variadas, entre elas sobressaem-se: dança de salão de avós com adolescentes ou jovens, atividades físicas com exercícios que combinam ginástica rápida e jogo emocional sociodramático, representações de canções cantadas por avós, jogos de tabuleiro em que a criança e o idoso montam quebra-cabeças, minitorneios de bingo, atividades de pintura, culinária, vida saudável e um momento de repartir os alimentos. Cada sessão dura cerca de duas horas e serve para estabelecer um vínculo de familiaridade e respeito, em que as amostras de amor e carinho aparecem de forma espontânea, o que se traduz em uma terapia para todos os participantes.

Outro grupo de ações inclui: “Comunicação com a Experiência”, “Feras da Dança de Salão”, “Andar de Mãos Dadas com o Avô”, “O Avô de Olho Vivo”, “Aprendendo com meu Avô”, “Avós Experientes” e “Avós Tutores”. São encontros intergeracionais realizados, desde 2005, pela Dirección de Atención y Desarrollo de Personas Adultas Mayores de modo a resgatar os valores como amor, tolerância, entre outros. Essas reuniões contam com a participação dos avós com crianças, jovens e suas famílias.

Finalmente, deve-se observar a realização de Encuentros intergeneracionales realizados em diferentes regiões do país, com grupos de idosos e suas famílias, nos quais são realizadas apresentações culturais, artesanato e culinária para promover a participação ativa e a integração dos idosos com a família.

Pode-se ver, então, que o Sistema Nacional para el Desarrollo Integral de la Familia (DIF) desenvolveu uma série de atividades para as relações intergeracionais, as quais têm um grande impacto sobre as pessoas que participam delas, assim como em suas famílias e nas comunidades onde se realizam.

Práticas intergeracionais nas instituições educativas

O setor de educação, por seu compromisso com a prática pedagógica e de pesquisa, tem desempenhado um papel importante na formação de profissionais – especialmente nas carreiras de gerontologia, psicologia e serviço social, e nas pesquisas sobre as relações intergeracionais. Neste sentido, é de se destacar o trabalho feito especialmente por duas instituições: a Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) e a Universidad de Colima.

No primeiro caso, a UNAM tem trabalhado na formação de profissionais da educação gerontológica, novo ramo da pedagogia social que objetiva contribuir para a gerontologia, a ciência do envelhecimento, com a dimensão educativa nesta fase da vida. Entre seus objetivos estão tanto o desenvolvimento e o estímulo como a prevenção, a terapia e o apoio, visando elevar a qualidade de vida das pessoas idosas (GONZÁLEZ-CELIS, ESQUIVEL e JIMÉNEZ, 2005). Um número crescente de espaços dentro e fora do ambiente universitário se destina a idosos e, neste sentido, a criação de um programa de Aulas Universitarias para Adultos Mayores constitui hoje uma experiência relativamente nova que apresenta um denominador comum: alto índice de satisfação e melhor qualidade de vida para os idosos envolvidos, bem como para os alunos. A proposta é abrir um espaço, uma Aula para Personas Mayores, para facilitar a convivência e a experiência intergeracional, onde jovens e idosos desfrutem um aprendizado mutuamente benéfico e um impacto positivo na qualidade de vida. A Aula para Personas Mayores criada por um grupo de professores-pesquisadores da UNAM, é uma fórmula eficaz para a integração social, um canal direto para o enriquecimento cultural da população idosa e espaço de aprendizagem intergeracional para os jovens (GONZÁLEZ-CELIS, ESQUIVEL e JIMÉNEZ, 2005).

Na Aula para Personas Mayores participam idosos (aproximadamente 25), independentemente de sexo, escolaridade, profissão ou nível de renda, bem como os estudantes de psicologia, odontologia e/ou de enfermagem e professores-coordenadores. O curso dura 12 semanas, com sessões de duas horas, uma vez por semana, é gratuito e voluntário. A metodologia utilizada baseia-se na motivação sociocultural, em que o conteúdo temático é pré-definido a partir dos interesses e das necessidades dos idosos participantes da aula. Finalmente, vale ressaltar que este programa intergeracional avalia o impacto e a repercussão do programa; para isso se realiza uma avaliação diagnóstica antes de iniciar o Programa Acadêmico e se comparam os resultados com uma pós-avaliação que é realizada ao final de 12 sessões acadêmicas, por meio da medição da “Qualidade de Vida” dos idosos e de uma avaliação gerontológica integral nas áreas de saúde física, psicológica e odontológica (GONZÁLEZ-CELIS, ESQUIVEL e JIMÉNEZ, 2005). Os resultados dessas avaliações têm demonstrado que as pessoas que participam são favorecidas e melhoram a percepção da sua qualidade de vida e o bem-estar subjetivo, ao mesmo tempo em que se diminuem os níveis de depressão.

Por sua vez, a Universidad de Colima, por intermédio da Facultad de Trabajo Social, tem desenvolvido o programa Verano de la Plenitud, como um meio de ligação entre as pessoas idosas com as suas famílias, e no qual os próprios participantes reconstroem a sua existência e atitude como idosos. Esse programa de atenção à pessoa idosa aparece em resposta às necessidades sentidas e observadas na população dessa faixa etária no Estado de Colima. Começou em 2005 com duração de quatro semanas, nas quais seriam trabalhadas de quatro a cinco horas por dia. No entanto, em razão do interesse dos participantes, foi prolongado durante todo o ano com encontros de duas horas por dia e um workshop mensal. Esse programa foi inspirador tanto para os idosos que se inscreveram como para estudantes e profissionais que dele participaram. Todos os funcionários o fizeram voluntariamente, sem qualquer compensação financeira. No entanto, foi muito satisfatório, o que foi um incentivo para adotar ações além de um simples trabalho de quatro semanas por ano. Portanto, após o primeiro ano, foram incorporadas ao programa atividades intergeracionais de avós com os adolescentes, a fim de reforçar os fatores de proteção na juventude. 

No programa Verano de la Plenitud, as atividades recreativas, desportivas e de entretenimento sempre permanecem, e outras foram incluídas, como é o caso das oficinas de formação de contadores de histórias da comunidade, que objetivam fazer com que os idosos contem suas histórias para os jovens. Dessa forma, está se fomentando a transmissão de conhecimentos de uma geração para outra por meio da história da vida cotidiana.

A cada ano, a condução do trabalho se altera de modo a gerar uma variedade de atividades para atender aos participantes. As atividades, por exemplo, são desenvolvidas a partir de múltiplas inteligências, a fim de reaprender, por meio de diferentes técnicas e workshops, o que contribui para o fortalecimento interno das relações familiares. O programa também inclui o desenvolvimento dos workshops Reencuentro con tu niño interior e Envejeciendo con sentido, que apresentam os cuidados básicos com os idosos. Há também atividades recreativas por meio de um encontro intergeracional na Praia Cuyutlán, envolvendo estudantes de vários cursos da universidade. Portanto, pode-se notar que a relação entre a universidade e o campo intergeracional, apesar de ser nova para o México, apresenta bons resultados. Porém ainda há muito para ser aprendido.

Considerações finais

Nas últimas duas décadas, e, particularmente, desde 2000, o México tem promovido a prática intergeracional como forma de intervenção perante as alterações demográficas e sociais que têm relação, por um lado, com a questão do envelhecimento da população e, por outro lado, com problemas sociais como discriminação, preconceito de idade, estereótipos e atitudes negativas, violência, alteração de valores sociais, desintegração familiar e social. As práticas intergeracionais também têm sido a melhor maneira para que as pessoas sem vínculo familiar possam, por este meio, ter a possibilidade de intercâmbios que fortaleçam as imagens parentais (avôs/avós e netos/netas, principalmente).

Como já foi mencionado neste documento, as práticas intergeracionais no México têm como propósitos gerais os seguintes pontos: a) melhorar as relações entre crianças, adolescentes e pessoas idosas de modo a remover as imagens negativas que recaem sobre o idoso e o envelhecimento; b) integrar o idoso à família e à comunidade; c) fortalecer os laços intergeracionais para restaurar a coesão e a solidariedade entre gerações distintas; d) promover uma cultura de envelhecimento ativo e de outras gerações de maneira interativa e vivencial; e) ser um meio de educação, divulgação e conservação de experiências, conhecimentos, habilidades e aptidões.

Em contrapartida, as universidades também estão desenvolvendo programas intergeracionais, principalmente para servir a dois propósitos. Em primeiro lugar, realizar intervenções socioculturais com os idosos para melhorar a sua qualidade de vida, aumentar as suas redes e promover uma maior participação e integração das pessoas idosas em seu próprio ambiente por meio de atividades sociais, culturais e educacionais. Em segundo lugar, permitir aos alunos que estudam gerontologia ou áreas relacionadas à saúde que possam realizar suas práticas profissionais, para compreender de uma forma mais natural as necessidades dos idosos, bem como proporcionar a esses alunos oportunidades de aprendizagem conjunta e experiência de vida.

Portanto, é de se reconhecer que as práticas intergeracionais fora do âmbito da família constituem um meio adequado para promover a mudança de atitude por meio da relação direta entre as gerações. Os resultados obtidos até agora indicam que os programas intergeracionais poderiam ser uma forma de alcançar as mudanças esperadas.

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