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Livro também é coisa de criança

O público lotou o Salão de Ideias para assistir ao bate-papo
O público lotou o Salão de Ideias para assistir ao bate-papo


A mesa 'Primeiras Leituras para Todas as Idades' reuniu três dos nomes mais importantes da literatura infantojuvenil no Brasil: Eva Furnari, Pedro Bandeira e Ziraldo. E olha que a conversa rendeu...


Qual foi o primeiro livro que você leu na vida? Quando começou a tomar gosto pela leitura? Com certeza muitas pessoas responderão que foi em casa por incentivo dos pais ou na escola. Mas muitas pessoas foram incentivadas também por uma figura que muitas vezes se torna um herói: o escritor de livros infantis. Responsáveis por nos fazer imaginar, viajar e aprender, eles também são responsáveis pela educação das crianças através de suas obras. É o que acham os escritores Pedro Bandeira, Eva Furnari e Ziraldo, que participaram hoje, 28/ago, da mesa 'Primeiras Leituras para Todas as Idades', na Bienal do Livro, onde foram discutidas questões pertinentes ao universo do livro infantil.

Mas o que faz o livro infantil diferente do livro adulto? Segundo Eva Furnari, uma das principais escritoras e ilustradoras de livros infantis do Brasil, o principal diferencial é a linguagem: "A linguagem do livro infantil é diferente, mais simples. No livro para adolescentes é mais elaborada. E também existe uma ética do escritor, pois nós permeamos o terreno da educação, o escritor também educa". Já para Pedro Bandeira, autor de livros para o público infantojuvenil como 'A Droga da Obediência', o que muda é o foco narrativo: "O mesmo assunto pode servir para todos os públicos, o que muda é o narrador, o foco narrativo. Se você narra a briga de um casal pela visão do casal é de um jeito, mas pela visão da filha adolescente que escuta a briga, a narração será outra". O escritor Ziraldo, criador do Menino Maluquinho, ainda acrescenta: "É preciso ter cuidado com a palavra, mas não abro mão da ideia. Se eu tenho uma boa ideia que vai render boa história e boa ilustração, eu não abro mão".

Outra questão abordada na mesa foi a importância da ilustração, tão presente nos livros infantis: "A ilustração também é leitura, eu comecei a ler com gibi. Eu via as imagens, mas não entendia aquelas formiguinhas dentro dos balões, então eu imaginava a história de acordo com as figuras", conta Bandeira. Muitos livros, não só os infantis, expressam diversas ideias através das imagens. É o caso da 'Bruxinha Atrapalhada' de Eva Furnari, que utiliza apenas imagens para contar as histórias desta bruxinha.

Ziraldo também citou a importância de uma reforma no modo de ensinar nas escolas do Brasil."Ensinar gramática para as crianças é tolice. Tem que explicar primeiro o que são e o que significam as palavras. Substantivo? Advérbio? Eu nunca soube o que é um advérbio. Para mim o sujeito da oração era um cara que orava. É como fazer um menino de 16 anos ler 'Memórias Póstumas de Brás Cubas'. O Machado de Assis não escreveu esse livro para um adolescente de 16 anos, é claro que ele vai achar chato, porque é chato mesmo".

Ziraldo, Eva Furnari e Pedro Bandeira influenciaram gerações de leitores com suas obras, que são de extrema importância para a literatura brasileira. Durante o bate-papo, o público fez perguntas e agradeceu aos escritores por terem despertado o gosto pela leitura de uma forma tão especial. 

Assista à mesa na íntegra: 





 

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