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Michelle Fernandes, designer de turbantes e acessórios afro.
Michelle Fernandes, designer de turbantes e acessórios afro.

Oficinas no Sesc Taubaté e no Sesc Vila Mariana apresentam os turbantes como uma forma de regatar as origens afro-brasileiras e desmitificar estereótipos sobre o acessório.

Foram anos e anos como adepta dos tratamentos químicos para alterar a aparência natural dos cabelos. Um dia, Michelle Fernandes resolveu assumir seu cabelo natural. Nesta fase de transição ela viu no turbante um aliado e incorporou seu uso no dia-a-dia.

“Percebi que o turbante deixa um ar de mulher elegante, charmosa e que traz com ela sua raiz à flor da pele”, contou Michelle em entrevista à Eonline. Depois de muita pesquisa, ela tornou-se designer de turbantes e acessórios, além de criar a loja virtual Boutique de Krioula, dedicada a difundir o uso dos turbantes e sua importância para a preservação cultural.

Michelle acredita que a disseminação de elementos culturais afro-brasileiros na moda é uma forma de quebrar preconceitos: “Semear a cultura afro-brasileira, como no uso do turbante, é um ponto essencial para que se acabe com o preconceito racial. O turbante não é apenas um acessório de moda, e sim um símbolo de resistência usado desde que nossos antepassados ainda viviam na África, e o uso dele hoje em dia continua sendo uma forma de resgatar as nossas origens e desmitificar estereótipos que existem a cerca do seu uso".


Várias formas de amarração serão apresentadas durante a oficina.

A origem do turbante é desconhecida, mas sabe-se que já era usado no Oriente muito antes do surgimento do islamismo. De tradição africana, o adorno simboliza hierarquia social e espiritual e também diferencia diversas etnias do continente.

As inúmeras formas de amarrar o turbante representam uma espécie de linguagem popular, podendo indicar a posição social, a tribo a que a pessoa pertence e até mesmo o humor da pessoa naquele momento.

Durante o período da escravidão, era comum perceber as diferenças entre as culturas africanas trazidas ao Brasil através de detalhes da roupa. Entre as nagôs, o ojá – um dos tipos de turbante utilizados - era amarrado com várias voltas ao redor da cabeça. Já as negras Jeje usavam um lenço dobrado em formato triangular sobre os cabelos, deixando a ponta para trás.

A Boutique de Krioula também tem um canal no YouTube onde são ensinados vários tipos de amarração. A seguir você pode ver uma das amarrações ensinadas e se preparar para a oficina que acontecerá no dia 23/11 no Sesc Taubaté e nos dias 20 e 22/11 no Sesc Vila Mariana.