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O Sesc Consolação celebra a diversidade de São Paulo no mês do aniversário da cidade, com espetáculo que aborda os ataques homofóbicos ocorridos na Av. Paulista, além de debates, oficinas e shows

Dois irmãos caminham de mãos dadas pela Av. Paulista e são espancados por um grupo de jovens adolescentes. O caso ganha repercussão popular, pois um dos agredidos sofre de deficiência mental. Por causa do forte apelo midiático, um desconhecido decide vingar as vítimas por conta própria.

Em Revide, espetáculo que abre a temporada teatral do Espaço Beta do Sesc Consolação em 2015, o dramaturgo F. A. Uchôa redimensiona episódios recentes da violência urbana acontecidos na cidade de São Paulo, tematizando os ataques homofóbicos na Avenida Paulista sob um ângulo que pretende não discutir a homofobia, mas sim a problemática da violência como um sintoma social mais amplo e inscrito na lógica das subjetividades.

Para isso, o texto parte de duas perguntas: a) E se os agressores tivessem errado o alvo e acertado dois irmãos, um deles com problemas mentais? e b) E se o plano de vingança não partisse das vítimas, mas sim de um desconhecido que se sensibilizou pelo caso, dada sua abrangente cobertura midiática?

"Escrevi e dirigi Revide para esgarçar as fibras de extermínio que existem em todos nós. Quando o atentado homofóbico da Avenida Paulista veio à tona pela mídia, o que mais me chamou a atenção foram as contradições da massa: a comoção popular era pura apologia à violência, tanto da parte de quem surpreendentemente defendia os crimes, quanto da parte de quem os condenava”, explica o dramaturgo.

“Por trás de toda violência praticada, há um discurso. Na peça, este discurso é invocado para fazer justiça a um crime de ódio, mas continua servindo ao redemoinho infinito da barbárie. E a reação da vítima pode ser ainda mais truculenta que o ato inicial do opressor. Para que um ciclo termine, é preciso criar linhas de fuga. E Revide fala sobre isso”, completa.

O espetáculo integra a programação SP Fora do Postal, em comemoração aos 461 anos de fundação da cidade de São Paulo. Além dele, a unidade recebe uma série de intervenções e experimentações com o intuito de celebrar a cidade em um mergulho por aspectos que fogem da paisagem comum.

Identificar e revelar o que está fora desta pretensa realidade e mostrar o que está oculto, camuflado, que é subliminar, mas que pulsa na cidade. Novos modos de viver, trabalhar, criar, compor, manifestar, exibir e refletir a cidade.

Os shows, por exemplo, apresentam toda a diversidade paulistana: a Banda Engrenagem Urbana convida Rincon Sapiência para representarem o rap da Zona Leste; Paulo Padilha conta com a participação de Maria Alcina para interpretarem crônicas da vida na capital; e Zé de Riba recebe Kiko Dinucci e Bocato e mostra toda a influência musical trazida do Nordeste.

Para ir mais a fundo na música produzida na periferia de São Paulo, a Música Fora do Postal convida 3 especialistas no assunto para um bate-papo com o público. Debates sobre gastronomia, literatura também estão na programação. Saiba mais.