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2º Dia - Histórias Sem Fim

Baile com a banda Sintonia Fina<br>Foto: Julia Parpulov
Baile com a banda Sintonia Fina
Foto: Julia Parpulov

No decorrer do segundo dia do Festival da Integração muitas histórias de vida contadas e atividades para todos os gostos.

Ter tantas pessoas de mais idade juntas é como estar num mar de histórias. É só andar pelas dependências do Sesc Bertioga neste período de Festival e parar perto de algum grupo, ou alguém sozinho mesmo, que já vão te incluir na conversa. Depois é só se deleitar com o que vem...

O Wilson Avellar, por exemplo, contou que lá pelo início dos anos 1950 era músico e tinha um grupo vocal chamado Modernistas, que inclusive participou da inauguração do canal da Record. Como a bossa nova estava nascendo, chegou a encontrar e a tocar informalmente com o Joãozinho, que era o jovem João Gilberto, começando em São Paulo. Depois Seu Wilson disse que precisava sustentar a família, largou o violão e seguiu carreira na indústria farmaceutica.

Já sua esposa, Elayse Avellar, assumiu que queria saber nadar e aproveitar a oficina de stand up paddle, mas o medo foi maior. "Meu irmão do meio era um terror e quando a gente ia para a praia ele me dava cada caldo que acabei ficando com medo", desabafou.


Sra. Elayse e Sr. Wilson, na área de convivência do Sesc Bertioga. | Foto: Julia Parpulov

A Vera Alves, que veio pela turma do Sesc Consolação, é uma mulher que chama a atenção definitivamente. Uns olham torto, pensam que é exibicionista, mas outros acreditam que é autêntica e simplesmente faz o que gosta. Ela nem se importa com o que pensam, quer mais é viver o seu agora e ser feliz. Para saber o motivo de tudo isso, basta olhar seu corpo tatuado da cabeça aos pés, literalmente, com mais de 50 desenhos, que vão de flores a uma mordida de vampiro no pescoço. Publicitária aposentada, já foi até mandada embora de um emprego por causa de uma de suas tatuagens. Não aparenta ter 60 e tantos anos, não cozinha, namora mas não quer morar junto, é uma pessoa que se sente bem consigo mesma e mostra que "não somos mais os mesmos". Para conhecê-la um pouco mais, fizemos um bate-bola de sentimentos e pensamentos de quando ela estava em 1995 e de como está agora:

Em 1995 Em 2015
Eu só pensava em: trabalhar Eu só penso em: ser feliz
Eu queria e não fiz: viajar mais Eu quero e não fiz: ganhar na loteria e viajar muito!
Me preocupava com: não perder o emprego para cuidar da minha mãe e da minha filha Me preocupo com:  a felicidade da minha filha, que vive em Londres há muitos anos.
Envelhecer era: ter saúde Envelhecer é: saber viver!
Me divertia: assistindo novela Me divirto: dançando! (não vejo mais novela)
Sentia falta de: ter mais tempo na vida Sinto falta de: nada!
Beleza era: a pessoa se aceitar como ela é! Beleza é: a pessoa se aceitar como ela é!


Vera e suas tatuagens. Fotos: Julia Parpulov


Cada pessoa tem uma história bonita do seu jeito, mas o que importa mesmo é todos conviverem bem, mesmo com suas diferenças, e se integrarem. Esse é o intuito do Festival e que sirva para qualquer momento, em qualquer lugar.

RAPIDINHAS DO FESTIVAL NA SEXTA-FEIRA

ATIVIDADES FÍSICAS: Os participantes jogaram vôlei, frescobol, fizeram aula de hisdroginástica, caminhada pela praia, GMF (Ritmos e Coordenação Motora), e se divertiram no stand up paddle e no slackline.

OFICINAS: Contaram suas histórias, que foram transformadas em microrroteiros por Laura Guimarães; escreveram sobre suas vidas no "Quem Sou Eu Na Minha História", com o pessoal da Casa da Prosperidade e ouviram o "Som do Barro", com o Mestre Nado e seus instrumentos artesanais.

MÚSICA E BADALAÇÃO: Caito Marcondes Trio se apresentou na capela; Leid Band, a "mulher banda", interagiu e supreendeu o público; o pessoal da Caixa de Imagem trouxe a bonequinha que acarinha as mãos dos interessados. Fechando a noite, a banda Sintonia Fina colocou todo mundo para dançar num belo baile.

Ah! O baralho continua sendo o mais procurado, em qualquer hora do dia e da noite.

Fotos de tudo isso e mais um pouco você vê abaixo:

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O Festival da Integração é um evento que acontece duas vezes no ano, reunindo idosos frequentadores das Unidades do Sesc em São Paulo, com a finalidade de consolidar as ações permanentes desenvolvidas através do Programa Trabalho Social com Idosos – TSI. Durante os dias do Festival, é oferecida uma programação especial que fortalece os objetivos da ação do Sesc junto a esta população. Além de usufruírem das instalações e ambientes do Sesc Bertioga, os idosos têm a oportunidade de participar de atividades de várias modalidades e linguagens, tanto esportivas, de lazer, como artísticas. No ano de 2015, o objetivo central é a reflexão sobre os papéis assumidos por nós ao longo da vida, percebendo se eles ainda nos cabem, se fazem sentido e refletem o que de fato somos.