Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

Jornalistas falam sobre violência na mídia em encontro no Sesc

Os jornalistas participaram da mesa
Os jornalistas participaram da mesa "A violência na mídia" | Foto: Guilherme Feital

O poeta Fernando Pessoa já escreveu no livro do Desassossego, publicado em 1982, “Que tragédia acreditar na perfectibilidade humana, e que tragédia não acreditar nela”.

E, se a tragédia é uma condição inerente ao homem, pode-se pensar que no mundo contemporâneo, os meios de comunicação fazem uso de eventos trágicos como uma estratégia para prender o público e permitir uma experiência similar de tranquilização em relação ao sofrimento pessoal?

Foi sobre os signos das intolerâncias, do ódio e das tragédias veiculadas na mídia que os jornalistas Jairo Marques e José Arbex Jr. se reuniram no último dia 11 de novembro no Sesc em São José dos Campos. Eles debateram sobre essa e outras questões que rodeiam o universo da mídia e da espetacularização da violência. O encontro integrou o projeto Intolerâncias – Coexistência em conflito, que ocorreu na unidade entre os dias 10 e 13 de novembro de 2015.

Amparados pela lógica da hiperdimensão dos fatos e da catarse midiática, ambos pontuaram as manifestações de intolerância na mídia. “A ideia da catarse é assim, o que é o nosso é bom, o que é do outro é ruim. E isso é a catarse produzida pela mídia: nós não enxergamos nosso quintal, nós não vemos nossa cara no espelho. Nós vemos o outro, o outro tem que ser condenado. E essa é a pior coisa que pode acontecer, o recurso da catarse é o recurso fundamental para que a mídia consiga passar essa ideia”, declarou Arbex, jornalista e professor da PUC-SP.

Jairo Marques, jornalista da Folha de S. Paulo e autor do blog Assim como você, também se posicionou em relação ao mal-estar catártico veiculado na mídia contemporânea. Para ele esse é o caminho mais inútil que o jornalismo pode trilhar.

“Diante de uma situação, diante de um historia de vida eu sempre me preocupo em mostrar o que aquela história aponta para outras pessoas de um modo efetivo, e de que aquilo é útil para mim; e não simplesmente você tirar uma sensação de dó, ou ‘ufa, ainda bem que a minha família não tem nenhuma das doenças que o Jairo está falando’”, explicou.

Ao final do encontro, as discussões foram representadas em um painel organizado pelo Coletivo Entrelinhas.

 

Sesc em São José dos Campos - Av Adhemar de Barros, 999, Jd São Dimas - São José dos Campos (SP)