Única mulher a integrar equipe de Niemeyer, artista criou os vitrais da capital federal, inclusive os de sua Catedral, considerada obra-prima da arquitetura
Marianne Peretti: a ousadia da invenção, uma coedição da B52 Desenvolvimento Cultural com as Edições Sesc São Paulo, é uma obra dedicada à artista francesa Marianne Peretti, única mulher a integrar a equipe de Oscar Niemeyer para a construção de Brasília e responsável por importantes vitrais da capital federal, como os de sua Catedral, do Palácio do Jaburu, Superior Tribunal Federal, Memorial JK, entre outros. Peretti também tem obras presentes na França e em outros estados brasileiros, como é o caso do grande painel na Praça da Apoteose, no Sambódromo do Rio de Janeiro.
O livro contém depoimentos da própria artista, fotos e croquis de suas obras - entre murais, vitrais e esculturas - e análises de estudiosos e personalidades, assim como cartas e depoimentos inéditos de Niemeyer e do arquiteto e urbanista Lúcio Costa. Com a produção executiva da B52 Cultural e Atenarte e coordenação geral de Tactiana Braga, a publicação conta com direção de arte de Fábio Eymael e textos do crítico de arte Jacob Klintowitz, do doutor em educação e professor de direito da FGV Joaquim Falcão, da arquiteta Sônia Marques, da pesquisadora francesa especializada em vitrais Véronique David, e do jornalista e diplomata francês Yves Lo-Pinto Serra. As fotos foram tiradas por Breno Laprovitera, Jarbas Júnior, Saulo Cruz, Robson Lemos, Michel Moch e Kadu Niemeyer, neto de Oscar Niemeyer, e buscam ângulos que melhor revelam a força criativa da artista.
Peretti e Niemeyer
A edição traz uma carta inédita de Niemeyer, em que elogia a verve de Peretti e reconhece o seu empenho no trabalho: “Vou dizer como me emocionava vê-la durante meses debruçada a desenhar os vitrais da Catedral de Brasília. Eram centenas de folhas de papel vegetal que coladas representavam um gomo da Catedral. Um trabalho que diria corresponder aos velhos tempos do Renascimento quando apoiados pelos príncipes daquela época os pintores e escultores executavam obras extraordinárias. Não acredito que mesmo naqueles velhos tempos um vitral de tal vulto tenha sido realizado”, afirma.
Catedral Nossa Senhora Aparecida
Sobre o processo de construção das composições que se tornariam a Catedral Nossa Senhora Aparecida, cartão-postal de Brasília, Marianne conta que Niemeyer queria incluir seus vitrais, mas ela fugia da empreitada, dizendo que ‘o céu de Brasília é tão bonito, não precisa de nada mais que vidros... ’. Mas o arquiteto insistia na obra. Após passar por muitas dificuldades, sobretudo devido ao tamanho dos vidros, com 30 metros de altura e 10 metros de base, multiplicados por dezesseis vitrais, a equipe encontrou, finalmente, um senhor artesão que fazia vitrais e que os ajudou. Houve resistência e desentendimentos por parte de Marianne e Oscar até finalmente alcançarem um acordo sobre os diversos aspectos da obra. A artista também enfrentou dificuldade para encontrar um espaço que tivesse o mesmo tamanho da catedral (ela pinta em tamanho natural, debruçada sobre o chão). Encontrou, finalmente, um ginásio com a mesma metragem da Catedral, onde pôde alinhar seus papéis no chão para melhor visualização. Peretti afirma que, por conta do trabalho exaustivo, emagreceu de 3 a 4 quilos e ‘ganhou’ um deslocamento na coluna, ‘uma escoliose terrível’, com a qual convive até hoje.
Sobre a Catedral, Niemeyer escreveu: “Marianne Peretti é uma artista de excepcional talento. Os vitrais maravilhosos que criou para a Catedral de Brasília são comparáveis, pelo seu valor e esforço físico, às monumentais obras da Renascença. Sua preocupação invariável é inventar coisas novas, influir com seu trabalho no campo das artes plásticas. (...) E o desenho magnífico, livre, solto, coberto de coragem e fantasia”.
Segundo o jornalista e diplomata francês Yves Lo-Pinto Serra, já nos anos 1950 os desenhos de Marianne se faziam notar para a comunidade artística parisiense, chamando a atenção inclusive do pintor catalão Salvador Dalí, que foi conferir sua primeira exposição individual.
Marianne Peretti: a ousadia da invenção conta com a Lei de Incentivo Cultural do Ministério da Cultura. Tem o patrocínio do Bancorbrás, da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), FUNDARPE, do Governo do Estado de Pernambuco, da Prefeitura do Recife, do Carrefour, da Saint-Gobain, da Caixa Seguradora, da Chesf e da Caixa Econômica Federal. São apoiadores do projeto a Fundação Le Corbusier, a Fundação Oscar Niemeyer, o Centre André Chastel/Sorbonne, a Aliança Francesa do Recife, o Consulado Geral da França no Nordeste, o Instituto Francês, o Ministério das Relações Exteriores, a Embaixada do Brasil na França, o IAB – DF e o DOCOMOMO Brasil. Uma realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.
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SERVIÇOS:
o que: |
Lançamento - Marianne Peretti: a ousadia da invenção |
onde: |
Sesc Pompeia |
quando: |
30/09/15. Quarta-feira, às 19h30. Com a presença de Marianne e sessão de autógrafos |
quanto: |
Grátis |