Em produção: o primeiro CD de Olivier Toni
No alto dos seus 86 anos, Olivier Toni conversa com todo mundo, a qualquer hora, sobre qualquer assunto. Não tem como não gostar dessa prosa solta e fácil.
“Eu nunca neguei: sou político antes de ser músico. Os dois se casaram e um ajudou o outro a crescer” resume Olivier Toni. Músico, compositor, idealizador e diretor artístico do Festival de Prados, fundador da Orquestra Sinfônica Jovem Municipal De São Paulo (atual Orquestra Experimental de Repertório), da Orquestra de Câmara da USP, da Escola Municipal de Música de São Paulo e do departamento de música da ECA USP.
Foi aluno de Martin Braunwieser, Hans Joachim Koellreutter, Camargo Guarnieri, Florestan Fernandes, Cruz Costa, Gilles Gastón Granger e Otto Klineberg.
Foi professor de Régis Duprat, Gilberto Mendes, Willy Corrêa de Oliveira, Mário Ficarelli, Rodolfo Coelho de Souza, Fabio Mechetti, Eduardo G. Álvarez, André Mehmari, Flo Menezes, Fábio Zanon, Paulo César Chagas, Silvio Ferraz, Rubens Ricciardi, Maurício Dottori e Cláudio Cruz.
Se perguntado sobre o que faz como músico, Olivier responde que é compositor. Mas a paixão pela regência fala bem alto quando ele comenta sobre sua vasta trajetória: “eu poderia ter feito carreira como regente, se não aconteceu isso é porque eu fiquei muito tomado pela universidade e pelos alunos que eu tive lá. Muitos alunos, sempre amigos”.
Nunca é tarde para o primeiro CD
“Embora eu não conheça tantos músicos quanto eu poderia conhecer, todos eles têm preocupação em fazer CDs, todo mundo grava CD. Eu nunca pensei que eu também pudesse fazer um CD” explica Toni, no primeiro dia de gravação do seu primeiro CD. Com obras compostas no período entre 1956 e 2012, a escolha do repertório não foi fácil e acabou deixando algumas importantes de fora: “já que este CD começou, acho que poderia ter mais um ou dois, porque tem algumas coisas que eu gosto muito e que eu gostaria de poder incluir”.
Com uma identidade muito particular, as composições de Olivier Toni se limitam a algumas das doze notas possíveis. Sua opinião é que “os músicos brasileiros andam fazendo barulho, enchem a partitura de notas. Estamos em um momento em que estão exauridos os processos de compor. Como não tem o que sair e são as doze notas, eu não posso escapar das doze notas, de nenhuma delas, mas o que eu faço? Ao invés das doze notas, que são a delícia de alguns compositores e alunos meus, eu escrevo só com seis, sete, oito notas no máximo. Ultimamente escrevi com seis notas, com cinco e já fiz uma peça para flauta com duas notas. É a minha vingança” delicia-se.
Repertório do CD A música de Olivier Toni:
Piano solo
Ommagio (1987)
Estudo para Piano (1993)
Recitativo 6 (2009)
Violino solo
Recitativo 2 (1988)
Tocata nas Cordas Duplas para Violino Solo (2011)
In Memoriam W. Amadeuz Mozart (2012)
Viola solo
Recitativo 7 (2010)
Violoncelo solo
Improvisação para Violoncelo Solo (2010)
Duo (flauta e soprano)
Chico Rei
Trio (flauta, soprano e percussão)
Três Instantes da Vida (2009)
Orquestra de cordas
É isso e nada mais (2004)
Recordare VK999 (2006)
Recitativo 1 (1956)
3 Variações para Orquestra (1959)
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