Sesc SP

postado em 27/08/2015

Zeca Baleiro, Naná Vasconcelos e Paulo Lepetit: é Café no Bule!

Café no Bule Capa

Para adquirir o seu exemplar deste discaço, clique aqui - mas, não vá embora tão cedo! Fique e aprecie o making of com esses três pesos pesados da música brasileira: ao final, ainda há a oportunidade de degustar faixa-a-faixa esta beleza de disco.
 

"A música é cura pra dor da tristeza". Este é um verso da música que encerra "Café no Bule", disco que reuniu Paulo Lepetit, Naná Vasconcelos e Zeca Baleiro, sob a mesma alcunha que dá nome ao álbum, apresentando músicas inéditas, compostas em parceria. Nem parece, mas, esse verso serve como primeira pista para entender do que se trata o encontro dessas três figuras apaixonadas pela música e pelas raízes do nosso cancioneiro popular.
 

Partindo de ideias que pareciam promissoras mas que ficaram pelo caminho pois a vida é assim mesmo, Lepetit e Naná gestavam um projeto para um disco composto por samplers que não virou, uma pena. A parceria, no entanto, continuou, e já vinha de outras eras, o que é costumeiro quando há um interesse comum e genuíno como a necessidade de se criar novas sonoridades, música nova - e francamente, uma cozinha com o baixo de Lepetit e a percussão de Naná tem mesmo que continuar e render frutos.
 

E esses frutos vieram, não sem a semente de outro cara fora de série: Zeca Baleiro foi apresentado aos beats e samples gravados para o projeto estagnado e a coisa fluiu com as letras e novos caminhos - incluindo a voz de Naná cantando e não enquanto instrumento de percussão, como ele costuma utilizar suas pernambucanas cordas vocais. Mas isso, quem explica melhor é o próprio Naná, no making of que fizemos com os músicos.

 

Mas, até aí, o que tem de diferente neste disco - além, é claro, da conjunção desses três personagens - de música popular brasileira, daquela música que existe nos mais diversos cantos e já foi gravada com tantas abordagens distintas? A diferença está no processo. As canções de "raízes esteticamente miscigenadas em sonoridades de alto impacto", como apontou Tárik de Souza no texto de apresentação do álbum, não servem a um propósito específico, "agora um coco, mais adiante um maracatu..." - pelo contrário: apresentam-se como a soma do vocabulário musical de cada músico, resultando em algo que ultrapassa as definições e rótulos aos quais nos apegamos com tanto afinco.

Eles ferveram a música brasileira para nos servirem um belo café de novos aromas - uma delícia provar coisa nova nesses tempos de "cultura da interpretação". Ao fim e ao cabo, o todo é maior que a soma das partes - Aristóteles, sabe? Ficou difícil? O texto do Tárik dá conta disso tudo e mais um pouco - é só clicar no encarte abaixo.

 

Pra você não ficar perdido no meio de tanta referência, as músicas estão lá no final do post. Por ali, você pode entender melhor a força de uma estrofe que se estica e faz a gente se perder no vazio de segundos até o coro do refrão nos pegar pela mão e rodopiar por aí, feito ciranda, ainda que ela seja à meia-noite, na faixa de abertura. Ou descansar a mente, pois "pra poder sonhar é preciso dormir", enquanto o vocalize de Naná lembra um dub em meio a um compasso de choro com um piano e um baixo pouco convencional em "Caju".
 

Melhor é deixar o corpo requebrar com a progressão do baixo de "Mosca de Bolo" que coloca o corpo pra requebrar (como se as teclas e a percussão deste som já não fossem suficientes) nesta candidata a hit, daqueles famosos "lado b" que grudam mais na memória que qualquer "lado a".

Enfim, o melhor mesmo é você adquirir a sua bolacha e tirar suas próprias conclusões - a gente acredita que se trata de um discaço, de qualquer jeito. É possível encontrar o disco em qualquer Loja Sesc presente nas unidades do Sesc SP, ou ainda, na Livraria Virtual do Sesc SP.

 

Vá de candonga, lá na faixa 10, onde o baixo e o violino brincam até se encontrarem na dança que você deveria estar embalado ao ouvir este som - tá esperando o quê? Pode provar: desse bule sai um café delicioso.

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