Bete Coelho estreia Molly—Bloom no Sesc Avenida Paulista

23/07/2022

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Bete Coelho, que assina a direção com Daniela Thomas, divide a cena com Roberto Audio em nova montagem da Cia.BR116. O cenário multimídia possibilita ao público acompanhar a encenação de diferentes ângulos.

No ano de centenário da publicação de Ulysses, de James Joyce, Bete Coelho estreia o espetáculo Molly — Bloom, uma espécie de post-scriptum de toda ação do livro do autor irlandês. A nova montagem da Cia.BR116, chega ao palco do Sesc Avenida Paulista no dia 3 de agosto, quarta-feira, às 21h.

Molly — Bloom – tradução de Caetano W. Galindo e codireção de Gabriel Fernandes – é o fluxo ininterrupto e fascinante do pensamento da personagem, que nunca deixou de ser um desafio e uma tentação para leitores, críticos e, talvez acima de todos, para as atrizes. Os escritos de James Joyce assim como de outros autores concretos da literatura e dramaturgia mundial foram apresentados a Bete Coelho por Haroldo de Campos em saraus e eventos culturais. Desde então a atriz pensava em levar o monólogo de Molly Bloom aos palcos.

Em cena, Leopold Bloom [Roberto Audio], icônico personagem da literatura mundial, retorna a sua casa após flanar por cerca de dezesseis horas pela cidade de Dublin, capital da Irlanda. Sua esposa, Molly Bloom [Bete Coelho], já está dormindo, ou finge estar. Ele, exausto, deita na cama com cautela para não a acordar e cai no sono.

Molly, então, parte para sua odisseia mental, singrando o mar de seus pensamentos. Entre travesseiros e fluidos líquidos e gasosos, navega as águas do passado, a infância em Gibraltar, seu pai, os enamoramentos, o primeiro beijo, o filho morto; navega as águas do presente, o casamento, o adultério, a barriga que está ficando grandinha, a conjectura de talvez parar com a cerveja no jantar, a filha; e as águas fascinantes e traiçoeiras da libido, do sexo, do proibido.

Solidão a dois

Bete Coelho e Roberto Audio em cena. Foto: Matheus José Maria

A atriz e diretora Bete Coelho explica que em Molly — Bloom a Cia.BR116 decidiu não encenar apenas o célebre monólogo final, desencaixando-o do livro como um fragmento isolado. “Optamos por incluir na montagem trechos do episódio anterior, onde Leopold Bloom, finalmente sozinho depois de um dia longo e cansativo, se prepara para entrar na cama com a esposa que, ele sabe, cometeu adultério naquele dia”.

Trata-se de um gesto aparentemente discreto, essa ligeira manipulação do texto que reconecta Molly e Bloom, mas com um efeito profundamente transformador. Trazer o final do capítulo anterior permite ao público conceber de maneira muito mais plena aquele mundo, aquelas pessoas e a integralidade do livro Ulysses. Bete Coelho também destaca o pensamento revolucionário da consciência e da sexualidade femininas presentes no monólogo de Molly Bloom.

Para Caetano W. Galindo, que assina a tradução e a consultoria dramatúrgica de Molly — Bloom, “Se a terceira parte do romance de Joyce trata da volta para casa, e nela finalmente vemos Bloom voltar ao seu ‘reino’ usurpado, mas ainda acolhedor, o que a encenação realizou ao reintegrar ao livro como um todo o famoso monólogo foi uma operação da mesma natureza: ela trouxe Molly, que passou todo aquele dia 16 de junho de 1904 sem sair do seu endereço, de certa forma de volta para ‘casa’, fazendo com que sua voz de novo converse com a do marido, fazendo com que a noite apareça novamente como sequência e inversão dos valores do dia, com que a lua surja, aos poucos, na medida em que o sol desaparece”.

Ângulos diferentes

Bete Coelho interpreta Molly Bloom. Foto: Matheus José Maria

Na encenação de Molly — Bloom Daniela Thomas criou uma cenografia para que o público assista ao espetáculo como se lê a obra clássica de Joyce, de vários ângulos. O cenário multimídia é um convite para que a plateia esteja junto à cena, vendo pequenos detalhes da montagem.

“A ideia é trazer a amplitude do livro para o palco oferecendo maneiras diferentes de olhar a mesma cena, sem induzir a uma única compreensão”, pontua Bete Coelho.

Molly — Bloom

De 3 a 28 de agosto, quarta-feira a sábado, às 21h e domingo, às 18h.

Sesc Avenida Paulista – Arte II (13º andar).

Avenida Paulista, 119 – Bela Vista, São Paulo. Telefone – (11) 3170-0800.

80 minutos | 14 anos | R$ 30,00; R$ 15,00 (meia-entrada) e R$ 9,00 (credencial plena).

Ingressos disponíveis a partir de 26 de julho, às 12h, no Portal Sesc SP e 27 de julho, às 17h, nas bilheterias das unidades do Sesc SP.

Clique aqui e acesse o programa da temporada.

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