Diálogos Transatlânticos: David Diop e Bianca Santana debatem literatura, memória e resistência no Sesc Campinas

01/07/2025

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No dia 5 de julho, às 15h, o Sesc Campinas recebe uma conversa entre David Diop, escritor franco-senegalês vencedor do International Booker Prize, e Bianca Santana, jornalista, ativista e referência na literatura negra brasileira contemporânea.

O encontro acontece no Espaço Arena, é gratuito e aberto ao público, mediante a capacidade do local. A atividade é uma realização do Sesc SP em parceria com a Embaixada da França no Brasil e conta com o apoio da editora Nós.

Literatura como ferramenta contra o apagamento histórico

Unidos por narrativas que enfrentam o silêncio imposto pela colonização e o racismo, David Diop e Bianca Santana são vozes fundamentais na luta pela reivindicação da memória negra em contextos distintos, mas interligados.

Enquanto Diop mergulha no horror da guerra colonial vivida por soldados senegaleses em Irmão de Alma (publicado no Brasil pela editora Nós), Santana organiza e dá forma a relatos reais e análises sobre a experiência negra no Brasil contemporâneo em obras como Quando Me Descobri Negra e A Voz Deste Livro.

Ambos resgatam histórias silenciadas, revelando feridas abertas pela escravidão e pelo colonialismo, mas também iluminando processos de resistência e reconstrução identitária.

Feridas coloniais e o corpo como território de luta

Diop e Santana compartilham um foco no corpo negro como espaço político — onde a violência histórica se inscreve, mas também onde se gesta a resistência.

Em Irmão de Alma, corpos são destruídos na guerra, desumanizados pelo regime colonial francês. Já nas obras de Santana, o corpo da mulher negra é atravessado por violências simbólicas e estruturais, mas também por afirmações de existência, afeto e poder.

David Diop (foto: Joel Saget/AFP/Getty Images)

Ficção e não-ficção: caminhos distintos, verdades complementares

A escrita de Diop se estrutura pela ficção histórica — poética, densa e perturbadora — capaz de alcançar verdades emocionais profundas. Santana, por outro lado, constrói sua obra a partir da não-ficção, reunindo testemunhos, dados e análises que revelam a permanência da violência colonial no presente brasileiro.

Apesar das abordagens distintas, ambos têm em comum o uso da palavra como instrumento de transformação social e o desejo de descolonizar narrativas, desafiando as versões oficiais da história.

Do Senegal ao Brasil: trajetórias, impactos e urgência do agora

David Diop nasceu em Paris e cresceu no Senegal. Seu romance Irmão de Alma lhe rendeu reconhecimento internacional ao trazer à luz a experiência dos tirailleurs sénégalais, soldados africanos que lutaram por uma pátria que os tratava como descartáveis.

Bianca Santana, nascida em São Paulo, é autora, organizadora e pesquisadora. Suas obras contribuem de forma incisiva para o debate público sobre racismo, identidade e representatividade no Brasil. Com linguagem acessível e engajada, sua escrita é também um ato coletivo de resistência.

Bianca Santana (foto: Renato Parada)

Uma conversa necessária: justiça, memória e futuro

Este encontro literário representa mais do que a reunião de dois grandes autores. É um diálogo entre continentes, entre passado e presente, entre ficção e testemunho — com um objetivo comum: construir futuros mais justos e conscientes, a partir da escuta, da memória e da palavra.

As obras de ambos, embora focadas em contextos distintos, contribuem para um diálogo global urgente sobre reparação histórica, justiça racial, descolonização do pensamento e a construção de futuros mais equitativos.

SERVIÇO

Bate-papo com David Diop e Bianca Santana, 5 de julho (sábado) 15h Sesc Campinas – Espaço Arena Atividade gratuita. Livre, sem retirada de ingressos, mediante a capacidade do local.

Tradução simultânea disponível.

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