Fazer música é colaborar

23/10/2018

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Foto: Quatuor Zaide | Foto: Jérémie Sangare

Por Claudia Toni*

As práticas musicais são atividades dinâmicas e colaborativas. Elas incluem a performance, a composição, o ensino, o ouvir, o falar a respeito, o produzir e viver a música, pois ela só ocorre se todos os envolvidos atuarem de alguma forma. Da “comedoria” ao camarim, após o concerto, todos “musicaram” em alguma medida.

A música de câmara é o exemplo mais vivo de como a colaboração permite que se atinja a excelência na sua criação e interpretação. Em razão disso, ela norteia o Festival Sesc de Música de Câmara 2018. Busquei formas de unir convidados estrangeiros a músicos brasileiros, de incentivar instrumentistas de larga experiência a acolherem jovens promissores, de permitir que compositores escrevessem novos trabalhos para o Festival.

Assim, o francês Quatuor Zaïde tocará com o clarinetista brasileiro Ovanir Buosi, o norte-americano Tesla Quartet com o pianista baiano Ricardo Castro e o brasileiro Quarteto Camargo Guarnieri se juntará ao acordeonista dinamarquês Andreas Borregaard. Mas há muito mais! O Berlin Counterpoint, sexteto alemão que junta sopros e piano, fará a estreia mundial de uma obra do brasileiro Leonardo Martinelli.

O Duo Contexto e o fagotista Fábio Cury, diretor do espetáculo “Sopro Transcendente”, lideram dois programas diferentes que têm quase três dezenas de jovens tocando repertórios inovadores, incluindo uma peça especialmente encomendada à compositora brasileira Michelle Agnes.

O conjunto vocal britânico Tallis Scholars – estrela de projeção internacional –, dirigido por Peter Phillps, faz um programa extraordinário, no qual a música sacra da Renascença e de hoje é a atração central.

Nosso elenco tem também o quarteto londrino Troupe que usa seu talento e criatividade para fazer música de câmara dedicada à família, de olho na formação de novos públicos. “O Mau Humor” é o tema do espetáculo sofisticado e imaginoso que o conjunto fará em todas as sete Unidades do Sesc que recebem o Festival. Mas as britânicas não estão sós: “Entre Tambores, Baquetas e Chocalhos” é o espetáculo que quatro jovens percussionistas brasileiros farão para o público jovem que ainda não conhece mais de perto a riqueza dos instrumentos de percussão.

A colaboração maior e mais valiosa, da qual a música não pode prescindir, é a do público. O que seria tocar para uma sala vazia? E cantar num teatro deserto? Preparar-se, aprimorar-se, moldar uma interpretação pressupõem que alguém fruirá e sairá da sala de concerto modificado por aquilo que ouviu.

Venha e aproveite ao máximo esse elenco de excelentes artistas, extraindo deles aquilo que de melhor a música pode oferecer!

*Claudia Toni é idealizadora e curadora do Festival Sesc de Música de Câmara

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