Gritando sem meias palavras

24/08/2022

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Por Andrea Dip*

O punk (que a gente reivindica) é feminista, queer, periférico, preto, antifascista, anticapitalista, disruptivo, desconcertante, fio de navalha. O punk que a gente quer é o que promove encontros de ideias, momentos de catarse, de suar junto e tirar do peito no grito o que dói, o que revolta e o que aprisiona.

E é por isso que em tempos de retrocessos políticos e sociais, do avanço de um fundamentalismo religioso ultraconservador, de ameaça à Democracia e a direitos já conquistados, um festival como esse [1, 2, 3, 4 – O Punk Segue Muito Vivo] é tão importante e emblemático. Sobretudo no Sesc, que é parte da história do punk brasileiro desde o Começo do Fim do Mundo. Em 1982, Cólera, Inocentes, Ratos de Porão, Olho Seco. Em 2022, In Venus, Ratas Rabiosas, Charlotte Matou um Cara, Devotos, Flicts e Black Pantera – o que prova que a evolução do punk passa também pela revolução de gênero.

E no fio que conecta essa história, as gigantes Mercenárias – primeira banda punk de mulheres do Brasil criada há mais de 30 anos – mostram que ao contrário do que diz uma de suas letras mais emblemáticas, “Me perco nesse tempo” elas não foram devoradas e seguem como inspiração valiosa para as novas gerações.

As Mercenárias – Me perco nesse tempo

Em “Velocidade Líquida” da banda In Vênus, o tempo que devora também é o da impermanência infinita, da liberdade assistida, da velocidade líquida e de corpos mercadoria. Para Charlotte Matou um Cara em “Angry people click more”, tempo em que “todo mundo te ouve mas ninguém está por perto”.

In Venus – Velocidade Líquida
Carlotte Matou um Cara – Angry people click more

Em tempos que clamam por mudanças, o punk não apenas não morreu: segue muito vivo, gritando sem meias palavras inclusive o que muita gente não quer ouvir e o que tantas outras não têm coragem de dizer.

Andrea Dip é jornalista investigativa e fundadora da banda Charlotte Matou um Cara. Atualmente vive em Berlim como pesquisadora associada ao Lateinamerika-Institut da Freie Universität.

Festival | 1, 2, 3, 4 – O Punk Segue Muito Vivo 
 

Terça, 6 de setembro 
Charlotte Matou Um Cara – Participação de Iéri (Bulimia) – às 20h30. 
In Venus – Participação de Rafael Nyari – às 21h15. 

Quinta, 8 de setembro 
Ratas Rabiosas
 – Participação de Lê (Gritando HC) – às 20h30. 
Flicts – Participação de Ariel (Restos de Nada) – às 21h15. 

Sexta, 9 de setembro 
Black Pantera
 – Participação de Rodrigo Lima (Dead Fish) – às 20h30. 
Devotos – Participação de Clemente (Inocentes) – às 21h15. 

Sábado, 10 de setembro 
As Mercenárias – Participações de Jonnata Doll e Juliana R. – às 20h30. 
Devotos – às 21h15. 

Domingo, 11 de setembro 
As Mercenárias – Participações de Jonnata Doll e Edgard Scandurra  – às 17h30. 
Black Pantera – às 18h15. 
 
Onde: Arte II – 13° andar. 
Classificação: 18 anos. 
Capacidade: 150 lugares. 
Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$9,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Venda limitada a dois ingressos por pessoa.    

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