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Lugares de velhos

Foto: André Douek
Foto: André Douek

Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do Sesc São Paulo

Entre os diversos temas urgentes em relação à população idosa, encontra-se aquele que diz respeito aos lugares dos velhos nas cidades contemporâneas. O significado de lugar nos remete ao viver, ao habitar, ao trabalho, ao lazer, em suma, aos vários processos de apropriação dos espaços no cotidiano. A sociedade urbanizada construiu uma forma de sociabilidade que privilegia o trabalho e a produção, produzindo formas particulares de relações sociais, criando novos padrões de comportamento. O Plano de ação internacional para o envelhecimento (2002), documento gerado a partir das discussões da II Assembleia Mundial do Envelhecimento promovida pela ONU, em Madri, já apontava para a necessidade de políticas que viabilizassem aos idosos a igualdade no acesso à moradia e a promoção do envelhecimento na mesma comunidade em que o idoso viveu. O documento recomendava ações para promoção da autonomia e para aperfeiçoamento da disponibilidade de transporte acessível e economicamente viável, além da eliminação de obstáculos à mobilidade e à acessibilidade com intuito de que a pessoa idosa pudesse apropriar-se dos espaços urbanos. No Brasil, ao propor uma nova agenda urbana solidária O Relatório Brasileiro para a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, Habitat III (2016) indica um dos grandes desafios: possibilitar essa mobilidade e, ao mesmo tempo, garantir que se dê em ambiente seguro e acessível. Para os idosos, particularmente, a moradia e o ambiente são elementos fundamentais de segurança, qualidade de vida, sociabilização e convivência. O rápido envelhecimento demográfico mundial - acompanhado da urbanização completa da sociedade¹ – nos coloca diante da necessidade de planejamento para promover e estimular sua autonomia. Ao propor esta reflexão à sociedade, o Sesc procura estimular políticas públicas, ações de organizações privadas e de profissionais para que, dentro de suas possibilidades e competências, colaborem para a construção de um senso inclusivo e afetivo, apontando para uma sociedade onde os cidadãos possam envelhecer com conforto e dignidade.

(1) Conceito cunhado por Henri Lefebvre em A revolução urbana.