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Concretismo em Fala

O poeta Augusto de Campos, representante do movimento literário artístico concreto, completa 65 anos de trajetória. Suas obras despertaram atenção de grandes críticos literários no mundo todo, além de conquistar uma legião de admiradores da linguagem. Para celebrar a ocasião, o Sesc Pompeia recebeu, de maio a julho de 2016, a exposição REVER – Augusto de Campos, que apresentou um painel histórico de sua produção.

Além da exposição, que está em sua última semana, ocorre o bate-papo Poesia Além da Página, no Teatro do Sesc Pompeia. A conversa envolve alguns dos maiores nomes da pesquisa em poesia na atualidade: Marjorie Perloff, a mais importante teórica da produção poética de vanguarda, que se junta a Gonzalo Aguilar, ensaísta e crítico literário, estudioso da poesia concreta brasileira, além do próprio artista-poeta Augusto de Campos.

Ensaísta e professora de Humanidades da Universidade de Standford, Califórnia, Perloff é defensora de poéticas radicais e de novos paradigmas para a discussão da poesia contemporânea. Formou-se entre os anos 50 e 60 e suas pesquisas em torno da poesia de vanguarda a aproximou da obra dos artistas concretistas brasileiros, como Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.

Marjorie, em sua longa pesquisa, dedicou diversos estudos à poesia concreta e suas variações, tornando-se referência global na discussão da poesia experimental. Suas obras incluem, entre outras, os títulos Poetics in a New Key: Interviews and Essays (2014), Unoriginal Genius: Poetry by Other Means in the New Century (2010) e The Futurist Moment: Avant-Garde, Avant Guerre, and the Language of Rupture (2003), conjuntos de ensaios a respeito dos caminhos da poesia de vanguarda a partir da segunda metade do século passado. Seus títulos publicados no Brasil são: ‘O Gênio não Original’ (publicado pela UFMG, 2013), ‘A Escada de Wittgenstein’ (publicado pela Edusp, 2005) e ‘O Momento Futurista’ (publicado pela Edusp, 1993).

De acordo com Daniel Rangel, curador da exposição Rever Augusto de Campos, "Marjorie e Augusto são de uma mesma geração, amigos de longa data que se correspondem e trocam impressões a respeito do grande interesse comum da vida de ambos: a poesia. Sem dúvidas será um encontro histórico e poético".

O argentino Gonzalo Aguilar, ensaísta e critico especialista em literatura brasileira, também estará presente. Aguilar é autor do livro “Poesia Concreta Brasileira: as vanguardas na encruzilhada modernista”, lançado na Argentina, no qual apresenta uma revisão sobre o movimento concreto e a trajetória de seus idealizadores, explicando a forma com a qual os poetas se posicionavam por meio da técnica artística.

Augusto, cuja obra é o centro da conversa, iniciou o movimento internacional da poesia concreta no Brasil, ao lado de seu irmão Haroldo de Campos e de Décio Pignatari. Sua obra verbivocovisual influenciou diversas gerações de artistas, tendo apontado novas possibilidades não apenas para a poesia, mas para as artes visuais, design e a música. Sua obra figura em algumas das mais importantes mostras e coleções de arte moderna e contemporânea do mundo, bem como em antologias internacionais como as históricas publicações: Concrete Poetry: an International Anthology, organizada por Stephen Bann, na Inglaterra, Concrete Poetry: a World View, de Mary Ellen Solt, e Anthology of Concrete Poetry, de Emmet Williams, ambas editadas nos Estados Unidos.

O bate-papo, que acontece no dia 27 de julho, às 20h, terá tradução simultânea e será mediado por Daniel Rangel, curador da exposição.