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Arte Ofício/Artifício na fotografia de German Lorca

"Levitação na piscina", German Lorca (c. 2000)

Um dos precursores da fotografia moderna brasileira, German Lorca apresenta suas experimentações em exposição individual. Mostra, que esteve em cartaz no Sesc Bom Retiro e no Sesc Taubaté, chega agora ao Sesc Araraquara.
 

Contador de formação, Lorca teve seu primeiro contato com a fotografia enquanto estudava contabilidade. E foi um de seus colegas de classe, que trabalhava em uma loja de artigos fotográficos, que vendeu para German sua primeira câmera.

Entusiasmado com sua nova máquina, o filho de imigrantes espanhóis começou a fotografar os aniversários dos filhos, piqueniques, passeios e eventos de sua família. Um tio de sua esposa, atento ao novo interesse do jovem German, o incentivou a estudar fotografia e procurar um curso para sua formação.

Há mais de 70 anos, quando Lorca começou a buscar escolas de fotografia, os cursos oferecidos eram extremamente técnicos, porém German estava interessado em investigar as possibilidades da linguagem e uma das alternativas para discutir o tema, na época, eram os fotoclubes. Em 1947, Lorca entrou para o Foto Cine Club Bandeirantes, onde conheceu o artista Geraldo de Barros, que incentivou as experimentações feitas por German e pelo grupo de fotógrafos de sua geração. Entre eles estavam Thomaz Farkas e Eduardo Salvatore, que viriam a se tornar, ao lado de Lorca, os precursores da fotografia modernista brasileira.

Logo, a fotografia passou a ser o ofício do artista, que, influenciado pelos seus colegas fotoclubistas, aplicou suas experimentações também no seu trabalho com publicidade e posteriormente nos registros em cores.

O artista, de 94 anos, realizou fotografias para os mais variados contextos alcançando resultados que denunciam sua capacidade de propor, para além do registro da imagem estática e das histórias que o momento captado pode sugerir, discussões sobre a linguagem, uma premissa do modernismo que está impregnado em sua obra fotográfica.

Sobre a exposição

Com curadoria de Eder Chiodetto, e organizada em módulos que nomeiam a exposição, Arte Ofício/ Artifício coloca em uma linha do tempo as fotografias de Lorca desenhando conceitualmente os desdobramentos de sua pesquisa. No módulo Arte, a investigação da linguagem se apresenta através do experimentalismo e a fotografia extrapola as possibilidades do registro formal em preto e branco. Em Ofício, a fotografia como laboro de Lorca aparece na mostra. Atento às necessidades do mercado de publicidade que crescia nos anos 1950 em São Paulo, German inaugurou seu estúdio de fotografia e passou a realizar trabalhos para marcas de renome que podem ser vistas na exposição. Por fim, no módulo Artifício, Lorca apresenta pela primeira vez seus experimentos em cores. Realizados desde a década de 1970, esta parte da exposição revela como German continua atento às novas possibilidades da linguagem e reafirma a atemporalidade de sua obra.

“As coisas acontecem e você faz as coisas acontecerem. Fazer acontecer é produzir uma foto e quando acontece você tem que estar com a máquina pronta no momento, como dizia o francês [Henri] Cartier-Bresson ‘o minuto decisivo’, mas eu digo o seguinte, você faz acontecer a foto, você constrói a foto” - German Lorca.

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Bom para acompanhar você quando estiver correndo, com saudade do Angeli e do Laerte dos anos 80 e outras cositas más. Chega mais!

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