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Novos Velhos ensinam a importância das relações humanas

Desatar nós, criar laços<br>Foto: Geraldo Cruz/Sesc
Desatar nós, criar laços
Foto: Geraldo Cruz/Sesc

As relações humanas podem ser classificadas com base na fase da vida:

• Infância: dependo totalmente da mamãe e do papai.
• Adolescência: dependo, mas me viro sozinho porque sou grande.
• Juventude: você não sabe nada, mas eu gosto de você...
• Adulto: sai pra lá que da minha vida cuido eu!
• Velhice: devia ter amado mais e complicado menos...

Logo após o nascimento, e durante toda a vida, lutamos tanto para ter sucesso, dinheiro, fama, poder e reconhecimento. Será que a vida é apenas isso?

Com certeza não. Durante o Festival da Integração 2016, juntamente com a experiência dos idosos, mergulhamos em uma temática que permitiu uma reflexão aberta e franca sobre as fases da vida e as relações humanas no decorrer da existência. O desafio era olhar para si e para o outro, sob uma nova ótica, fortalecendo os laços e gerando interação e diálogo com o próximo, a partir da empatia. Simples? Nem tanto....

Em apenas cinco dias, reaprendemos a valorizar as diferenças e a construir um caminho para a sustentabilidade humana, na qual respeito, flexibilidade e afeto são os alicerces do trajeto. Já está mais do que na hora de priorizarmos as relações humanas, respeitar o próximo, os amigos, os animais e viver o amor.

A troca de experiências foi tão intensa que, entre várias histórias, selecionamos quatro para ilustrar esse novo aprendizado. Emocione-se conosco:


Doralice Vieira, 65 anos

Frequentadora do Sesc Campinas, a Dorinha é aquela pessoa que é pau para toda obra. Precisou, ela está lá com todo o seu carinho, atenção e disponibilidade para o que der e vier. No Festival, ela resolveu participar de um jogo de vôlei adaptado. Durante a divisão dos jogadores, ela foi selecionada para um time que tinha tudo para dar errado, porque apenas ela sabia jogar.

Na vida, sempre queremos ganhar. Porém, essa adversidade não precisa ser um problema!

O primeiro jogo esse time perdeu. Antes do segundo, Dorinha – com toda doçura de uma grande avó – olhou a situação de um outro ângulo e decidiu conversar com cada integrante da equipe. Repassou as regras, ensinou algumas jogadas e, principalmente, olhou no olho de cada um e disse que sim, era possível fazer melhor.

Com esse espírito humanitário de colaboração, a equipe ganhou o segundo jogo de virada!

O mais importante desse fato não foi a vitória. Foi a interação entre os indivíduos, foi sair de uma zona de conforto, foi aprender com a primeira derrota e, principalmente, foi valorizar o ser humano. No final do jogo e da brincadeira, uma nova amiga disse à Dorinha que aquela atividade e a forma como ela tratou toda a equipe, despertou o interesse dela em participar da atividade de vôlei disponível no Sesc Jundiaí.

Como bem disse a Dorinha, “antes de desfazer os nós dos outros, temos que desfazer os nossos próprios nós”. Que venham mais jogos de vôlei adaptado em nossas vidas!

 

Iurid Chiniara Nucci, 80 anos

A Iurid é a personificação do “novo velho”. Aos 80 anos, fala bastante, se diverte e é muito engraçada. Ela é filha de refugiados sírios. Tanto o pai quanto a mãe vieram para o Brasil fugindo de uma guerra que despedaçou famílias e matou grande parte da população da cidade de Damasco. No Brasil, casaram-se e tiveram 10 filhos. Como não tinham posses ou dinheiro, os pais de Iurid sempre trabalharam muito. Encontraram no Brasil um país hospitaleiro, com pessoas do bem que os ajudaram a conquistar a autonomia financeira da família.

Iurid e seus irmãos sempre foram incentivados pelos pais a estudarem, a adquirir conhecimento e a terem fé no ser humano, mesmo em meio à adversidade, pois, a índole humana é – em sua essência – boa, e não má.

Hoje, a mensagem que a Iurid passa a todos que conhece é “ter fé na vida que ela é boa”. Ela é quem sabe das coisas!

 

Quiara Alcântara da Silva, 77 anos

Pequena, magra, cabelo curto e grisalho. Além disso, dança, faz atividade física e aproveita a vida. Essa é a Quiara, frequentadora do Sesc Carmo.

Próxima dos 80 anos, Quiara mora sozinha na cidade de São Paulo e faz questão de ser independente e ter a sua liberdade de ir e vir onde e quando quiser. Quem lê pensa que ela tem um vida confortável e sem problemas. Ledo engano...

A história da Quiara tem fatos marcantes. Ela é formada em Educação Física. Após casar-se, teve dois filhos. Em 1995, ela ficou viúva. Perdeu a filha – então com 33 anos – para o câncer. O filho – médico formado – mudou-se para o Estado de Santa Catarina e, ao invés de acompanhar a família, optou por ficar na grande metrópole de São Paulo.

Para Quiara, ser velho significa ter honra, ter orgulho e ser agradecida pela história de vida que teve, tem e terá. Como ela bem disse, “na vida não devemos ter dó, ninguém é vítima. Temos que respeitar o próximo”.

A Quiara está certa. O respeito é a base de tudo. Na vida somos eternos aprendizes.

 

Edson Andrade Rios, 62 anos

O Edson é um campeão, um sobrevivente. Divorciado, ele tem duas filhas e três netos.

Carioca da gema, Edson trabalha desde sempre. Já foi vendedor, militar, autônomo, motorista de ônibus e funcionário público.

Desde pequeno ele enfrenta a rejeição da sociedade. Seja da família, das esposas, das filhas ou de qualquer pessoa que seja. Além disso, enfrentou problemas de saúde como perda de memória e três infartos.

Ele buscou uma solução para essas mazelas da sua vida em todas as religiões. Não achou um deus que o ajudasse. 

No auge da solidão, chegava a passar horas em locais públicos apenas para ver gente, tamanha era a solidão que sentia. Não tinha amigos. Era rejeitado por todos.

Certo dia, na rodoviária de Campinas, participou de uma atividade proposta pelo Sesc Campinas e aprendeu a jogar tênis de mesa. Essa situação o instigou a conhecer essa instituição que se importava com outras pessoas.

Depois de algum tempo, ele criou coragem e fez a sua Credencial Plena e começou a frequentar o Sesc Campinas. Aqui começa a mudança radical na vida do Edson. 

Por meio da Ginástica Multifuncional (GMF), o Edson conquistou a saúde necessária, adquiriu amigos e criou laços de uma grande família. Hoje, o antigo lobo solitário da vida, tem amigos, é feliz e faz questão de dizer que o “Sesc salvou a minha vida”.

Edson, nós que somos gratos por tê-lo como amigo!
Que esse sentimento de alegria e felicidade seja o combustível diário de novas conquistas e amizades.   

 

Como você pode ver o Festival da Integração 2016 rendeu belos aprendizados. Quer saber o que aconteceu nesses dias? Clique aqui e confira as matérias e os álbuns de imagens! 

Esperamos que todos tenham gostado dessa nossa viagem. E, para finalizar, desafiamos você: que tal sair da zona de conforto, desatar nós e criar laços?

Até o nosso próximo encontro da geração de “novos velhos”!

 

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