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Cultura Negra: Consciência e Resistência

MV Bill faz poket show após Sarau Urbano - Foto: rapnacional.com.br
MV Bill faz poket show após Sarau Urbano - Foto: rapnacional.com.br

Cinco séculos marcam a vinda dos negros para o Brasil. A origem da população negra no país remete ao século XVI, quando africanos foram trazidos como mão de obra escrava para a indústria açucareira, um dos ramos mais avançados da indústria ocidental na época.

Com o passar dos anos, mais precisamente a partir da segunda metade do século XIX, com a abolição da escravatura, a população negra e mestiça cresceu. Assim, música, dança, alimentação e outras manifestações culturais negras passaram a influenciar a cultura brasileira.

No entanto, o histórico de escravidão criou um ambiente favorável ao preconceito racial, dificultando a integração do negro. Apesar da liberdade, os negros continuavam sendo reprimidos em diversas esferas da sociedade. Embora terminado há mais de um século, ainda hoje constatam-se episódios de racismo. Por isso, é importante e fundamental discutir a questão do negro no Brasil. Para tanto, o Sesc Rio Preto traz o especial Consciência e Resistência em comemoração ao mês da Consciência Negra.

No cenário musical, MC Carol se tornou um símbolo do feminismo e da luta contra o racismo e a gordofobia. Criada no Morro do Preventório, comunidade de Niterói (RJ), a cantora levanta em suas letras irônicas e bem humoradas o cotidiano da favela, em especial no que diz respeito às mulheres do morro. MC Carol apresenta seus hits em show gratuito no dia 17, quinta, às 21h30, na Comedoria.

Tendo a palavra como matéria principal, as apresentações que se reúnem no projeto Palavra Resistência são expressões que transcendem o trabalho estético e tornam-se instrumentos de luta pela permanência e existência de culturas, manifestações e modos de ser. O projeto conta com a presença de dois saraus da cidade: o Sarau Urbano e o Sarau das Pretas, além das intervenções Black Poem com Rodrigo Brandão e Rodrigo Carneiro; e Bela, da Luta e da Rua, com Ana Cabral.  O especial acontece no dia 18, sexta, das 19h30 às 23h, na Área Externa da Comedoria e do Espaço Oficina, com livre acesso ao público.

Ainda embalado pelo funk carioca, o espetáculo #Passinho transforma a divertida dança criada pelos jovens das favelas do Rio de Janeiro em um impactante espetáculo de dança contemporânea. Nele, os “mulekes” das comunidades revelam suas histórias e emoções. Com influências do funk, frevo, hip hop e outras danças urbanas, a irreverente e criativa dança do Passinho incorpora a resistência artística e pessoal dos jovens das periferias. O grupo se apresenta no dia 19, sábado, às 20h, no Teatro. Os ingressos estão à venda desde o dia 9/11. Também no dia 19, às 14h, os dançarinos ministram uma oficina e mostram os passinhos de base da dança e exercícios de percepção e musicalidade do funk carioca. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail inscricao@riopreto.sescsp.org.br ou na Central de Atendimento do Sesc.

Outra atividade acontece no dia 25, sexta, e traz uma apresentação da origem dos cantos e danças para os orixás (deuses africanos que simbolizam forças da natureza) e algumas manifestações culturais praticadas pelas religiões afro-brasileiras. África Brasil: Cânticos e Dança, será às 14h30 e tem entrada grátis. 

No dia 29, os poetas do Sarau Urbano voltam ao Sesc para comemorar três anos de existência e resistência. A noite especial tem a participação do rapper, ator, escritor e ativista MV Bill, que realiza um pocket show e traz as músicas de seu novo EP, "Estilo Vagabundo". A apresentação é gratuita e começa a partir das 20h.

As divindades religiosas do candomblé e umbanda, crenças trazidas para o Brasil pelos negros escravizados, também são referenciadas nas letras do primeiro trabalho solo de Juçara Marçal, “Encarnado”. A cantora, vocalista do grupo Metá Metá, apresenta as músicas do álbum que, mais que um apanhado de sua longa trajetória artística, aponta em uma direção arriscada e inesperada. Encarnado, disco vencedor do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 2015, tem seu repertório marcado pelo tema da morte. O show será no dia 30/11, quarta, às 20h30, no Teatro. A compra dos ingressos poderá ser feita a partir do dia 23/11.

Fechando as atividades sob o mesmo propósito, o espetáculo Farinha com açúcar ou sobre a sustança de meninos e homens chega ao Sesc Rio Preto no dia 3 de dezembro, sábado, às 20h. A peça-show traz a materialidade cênica e poética sobre a construção da masculinidade negra periférica e busca uma relação íntima com o público por meio da palavra falada e cantada. Paisagens sonoras e imagéticas se materializam por meio do ato de contar, expor, refletir e dialetizar a experiência do ser negro na urbanidade. A venda dos ingressos estará disponível a partir do dia 23/11.

A temática também está presente na mostra Panoramas do Sul – Obras Premiadas, em exposição na Área de Convivência do Sesc. Uma das obras presentes, L’Arbre d’oublier, se passa em Ouidah, um dos maiores portos de tráfico de homens escravizados na África. Lá se encontra a chamada Árvore do Esquecimento, ao redor da qual os homens livres africanos eram obrigados a dar sete voltas, num ritual simbólico para que esquecessem sua história, e se tornarem escravos. O autor da obra, Paulo Nazareth, dá 437 voltas reversas na árvore, dialogando com o passado e resgatando as histórias dos negros escravizados. A visitação gratuita pode ser feita de terça a sexta, das 13h30 às 21h30. Aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

Lembrado em 20 de novembro, o dia da Consciência Negra foi escolhido como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, data na qual morreu, lutando pela liberdade do seu povo no Brasil, em 1695. Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi um personagem que dedicou a sua vida lutando contra a escravatura no período do Brasil Colonial. A luta continua com as representações acima, cada uma com sua particularidade.