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Brasil encurta distância de países da América Latina e compartilha novos olhares e perspectivas pela fotografia

Gráfica - Revista E Junho 2017


Até meados do século 20, a fotografia brasileira encontrava-se imersa na estética europeia. Consequentemente, produções de países vizinhos não tinham o mesmo apelo e visibilidade por aqui. No entanto, a partir da década de 1940, a chegada de nomes como Horacio Coppola, argentino, às cidades mineiras de Congonhas do Campo, Sabará e Ouro Preto, para registrar as esculturas de Aleijadinho, marca um dos primeiros intercâmbios de olhares da América Latina.

“Pioneiro no registro das obras do escultor – tanto que o Instituto Moreira Sales incorporou ao seu acervo essa coleção de imagens –, Horacio Coppola tinha uma relação muito forte com a arte e com a literatura brasileiras”, diz o museólogo Fábio Magalhães, curador e atual diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (MACS). Desde então, este e outros ensaios de aproximação engatinharam até o amadurecimento no século 21.

Miradas fotográficas

Curador e crítico de fotografia, Rubens Fernandes, que é professor e diretor da Faculdade de Comunicação da Fundação Armando Alvares Penteado (Facom-FAAP), destaca ações como a do Núcleo dos Amigos da Fotografia (NAFOTO), do qual fez parte com outros fotógrafos de São Paulo, de 1991 a 2011.

Pautado pelos objetivos de difusão, educação fotográfica e intercâmbio de informações, o NAFOTO realizou oito edições do Mês Internacional da Fotografia. Em 1997, o evento foi dedicado exclusivamente à produção de países latino-americanos. “Trouxemos, aproximadamente, 15 exposições de fotógrafos do México, Argentina, Chile e Peru. Fomos motivados por algumas perguntas, como: Por que essa América portuguesa e essa América espanhola não se falam? e Como poderíamos nos encontrar pela fotografia?”, conta Rubens.

Desde então, o Brasil recebeu diversas mostras que propuseram e ampliaram esse diálogo, a exemplo da exposição do fotógrafo e escritor mexicano Juan Rulfo, no Memorial da América Latina, em 2001. Nessa época, o museólogo Fábio Magalhães presidia a instituição. “Fiz essa exposição, e outras grandes figuras já vieram para o Brasil. Percebo que o conhecimento da fotografia latino-americana aumentou bastante”, relata.

Atualmente, o cenário da fotografia no México, no Peru e no Chile – para mencionar alguns países – desponta com grandes nomes que, segundo o curador Rubens Fernandes, merecem nossa mirada. “Por isso é tão importante que haja esse diálogo. Ou melhor, é fundamental conhecer diferentes olhares sobre a América Latina.”


Modos de ver

Exposição faz recorte da produção fotográfica de realizadores emergentes da América Latina


Até 9 de julho, o Sesc Vila Mariana recebe a exposição Confluências – Transatlântica 10 Anos, que celebra o décimo aniversário do projeto Transatlântica. A proposta foi se transformando com o passar do tempo, mas a essência permanece: um fórum de fotografia e artes visuais ibero-americanas, dando visibilidade a realizadores emergentes e possibilitando o surgimento de redes de trabalho autônomas e coletivas. Os 22 fotógrafos selecionados vêm de diferentes países: Peru, México, Chile, República Dominicana, Colômbia, Argentina e Brasil, contemplando a diversidade objetivada pela exposição.

Gilvan Barreto, fotógrafo participante da exposição, diz que ter seu trabalho exibido no conjunto da mostra ajuda a estabelecer “laços e o entendimento de formatos e aproximações paralelas ou complementares”. Segundo o artista, também contribui para entender como os outros participantes abordaram cada temática. “E sentir sob que aspectos o meu trabalho está sendo assimilado”, reflete. Tatewaki Nio, fotógrafo japonês radicado em São Paulo, ressalta que não há unicidade de temas, e sim uma diversidade “que confere um panorama sobre a produção fotográfica na América Latina, sendo um conjunto de trabalhos muito diferentes por tema e por estilo”.
A exposição, gratuita, é uma parceria entre La Fábrica, PHotoEspaña e Sesc São Paulo.


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