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Quando a dança é resistência

Afshin Ghaffarian no espetáculo O Grito
Afshin Ghaffarian no espetáculo O Grito

O iraniano Afshin Ghaffarian apresenta dois espetáculos de dança no Sesc Vila Mariana: O grito (01/07) e Uma Solidão Ruidosa (02/07)


Já imaginou se o simples ato de dançar em público pudesse te levar à prisão? Pois essa é uma realidade no Irã, onde desde a Revolução de 1979, a prática é proibida, por ser considerada imoral e obscena.

Lá, bailarinas são obrigadas a dançar em grupos clandestinos, em porões e prédios abandonados (como retrata a matéria da Vice), e jovens chegaram a ser presos por figurarem num clipe caseiro em que dançavam ao som do hit norte-americano Happy, (como noticiou a Folha de S. Paulo, em 2014).

Afshin Ghaffarian nasceu na cidade de Mashhad, em 1986, já sob o regime dos aiatolás. Assim, o simples fato de creditá-lo como bailarino, coreógrafo e diretor é uma pequena revolução. Iniciado na dança clandestinamente, Afshin realizou sua primeira performance no meio do deserto, a 50 km de Teerã. Por suas atividades consideradas subversivas pelo governo iraniano, teve de se exilar na França em 2009.

Sua história foi retratada no filme O dançarino do Deserto (Reino Unido, 2014):

 

Espetáculos

Proibido de apresentar sua arte em seu país natal, ele chega ao Brasil para ocupar o palco do Sesc Vila Mariana com dois espetáculos: O Grito (sábado, 01/07) e Uma Solidão Ruidosa (domingo, 02/07).  As apresentações fazem parte da programação do projeto Cortina Fechada – Territórios da Arte, que traça um panorama de obras e artistas que sofrem e sofreram com a censura ao redor do mundo, em diferentes épocas.

Em O Grito, o Afshin Ghaffarian convida a uma viagem através do tempo e do espaço, por um mundo de conflito, onde luta com entidades simbólicas, como terra, água, fogo e ar:


Já em Uma Solidão Ruidosa, traz o questionamento: em mundo de censura, como pode viver um homem quando seu dever é destruir, queimar ou poupar livros?