Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Saúde
Dengue

Não é brinquedo!

A epidemia de dengue só será controlada com o auxílio da população

Na década de 1890, o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela já era popular. O Aedes aegypti - nome científico do transmissor - matou nada mais que 1% da população da cidade de Santos naquela época. As duas epidemias, dengue e febre amarela, assemelham-se pelo fato de terem acompanhado o caminho do progresso que naquele período era o do café: do porto (Santos) para a capital (São Paulo) e daí para o interior (Ribeirão Preto), os principais focos no estado de São Paulo. Graças à identificação do mosquito como transmissor, foi possível desenvolver uma vacina para a febre amarela e erradicar a doença; para a dengue, porém, ainda não foi encontrado um antídoto além da prevenção.
Mais de um século depois de combater a febre amarela, o Brasil enfrenta a pior epidemia de dengue dos últimos quarenta anos. E pode ser o começo de um tempo ainda pior. Segundo a sanitarista e diretora do distrito de saúde de Santo Amaro, dra. Sônia Alves Sbarra, "o mosquito vem de regiões tropicais, mas possui alta capacidade de se adaptar ao meio urbano". E completa: "Ele era um mosquito selvagem, mas chegou para ficar e, por isso, a melhor maneira de combatê-lo é evitar os criadouros".
As larvas se desenvolvem apenas no calor, por isso a doença é mais comum no verão. Vale lembrar, entretanto, que a dengue também pode aparecer durante os meses de inverno.
Medidas simples de vigilância são suficientes para combater os criadouros: não deixar água limpa parada, que é o local onde o mosquito procria; não deixar materiais descartáveis nos quintais, e não deixar caixa d'água destampada ou piscinas sem tratamento adequado. Além disso, verificar as calhas, pôr areia no pratinho das plantas e lavar as vasilhas de água dos animais domésticos são medidas também de extrema importância. Sônia alerta ainda que não adianta somente eliminar a água, é preciso lavar bem os recipientes, pois o ovo do mosquito pode viver até dois anos sem água.
Segundo declarações recentes do secretário municipal da Saúde, Eduardo Jorge, "mesmo em bairros que não recebem a devida manutenção, 99% das pessoas estão reagindo muito bem e ajudando a prefeitura - 1% não quer ajudar. É o suficiente para prejudicar todo o bairro. Agora, existe uma lei aqui em São Paulo para aqueles que insistem em criar mosquitos: eles serão penalizados com uma multa".
Mas o melhor é prevenir. Os sintomas da dengue são muito parecidos com os de uma gripe forte: febre alta, dor de cabeça, dor nas articulações e nos músculos, vômitos, manchas avermelhadas no corpo, que podem se apresentar ou não. Porém, como nem sempre todos esses sintomas se manifestam, o diagnóstico precoce, dado por um médico, é a maneira mais eficaz de sanar a doença. Além disso, Sônia alerta para os danos da automedicação: "É muito comum as pessoas pensarem que se trata de uma gripe e tomarem um analgésico. Porém o grande perigo é que o princípio ativo de alguns desses medicamento, que é o ácido acetilsalicílico, pode antecipar um sangramento", alerta.
Tomando bastante líquido, repousando e tendo acompanhamento médico, em geral a doença desaparece em cinco ou sete dias. Mas engana-se quem pensa que dessa forma tornou-se imune a ela. A dengue possui quatro tipos diferentes de vírus, sendo o tipo 1 o mais comum e benigno, que não causa sangramento. Já os tipos 2, 3 e 4 têm o potencial hemorrágico. E, segundo Sônia, "a pessoa que já teve o tipo 1 nunca mais terá o mesmo vírus, mas as evidências indicam que ela pode ficar mais sensível aos outros tipos". Portanto, recomenda-se que nos primeiros três dias o paciente preste atenção em sinais como sangramento da boca e da pele, já que um diagnóstico do potencial hemorrágico mais tardio do que esse período pode levar o paciente à morte em até 24 horas. O próprio Ministério da Saúde adverte: "Dengue, o problema é de todos, a solução também".

Feira da Saúde
Será realizada em abril, pelo terceiro ano consecutivo, na unidade Santo Amaro, a Feira da Saúde.
O objetivo é discutir a relação entre saúde e cidadania, promovendo a educação nessa área e contribuindo para a elevação do nível de qualidade de vida de populações da região sul, além de estimular a criação de agentes de saúde. "A idéia partiu de uma necessidade do bairro, que tinha muita carência de informações", explica Adriese Castro Pereira, uma das coordenadoras da feira. E completa: "Queremos dar subsídios para que a comunidade busque recursos nos próprios meios". Para tanto, a feira comporta especialidades na área médica, odontológica e paramédica.
Com o tema "De bem com você, de bem com a vida", o projeto abordará a saúde com a montagem de uma feira utilizando estandes em vários pontos da unidade e também ocupando os espaços físicos já instalados. Dessa forma, além de assistir a vídeos e palestras, a população poderá realizar avaliações e exames preventivos de colesterol, diabetes, pressão alta, câncer de mama, papanicolau e câncer de colo de útero. Aqueles que visitarem a feira poderão ainda assistir a vídeos e palestras sobre remédios, além de discutir os mitos e as verdades que envolvem diferentes campos da medicina. Segundo Adriese: "Este não é um evento isolado. Ele vem fixar o projeto de saúde que acontece o ano todo na unidade".
A feira será realizada nos dias 3, 4 e 5 deste mês e, no dia 7, Dia Mundial da Saúde, a atividade acontece no Shopping SP Market.

Sobre o mosquito da dengue:

  • o mosquito pica apenas durante o dia;
  • o mosquito não faz zumbidos;
  • apenas a fêmea pica;
  • uma fêmea põe até quinhentos ovos;
  • a picada do Aedes aegypti dói menos que a de um borrachudo e muitas vezes a pessoa nem percebe que foi picada;
  • a duração da vida do mosquito é de, no máximo, 45 dias;
  • o ovo do mosquito pode viver até dois anos sem água;
  • os repelentes elétricos são extremamente eficazes no caso do mosquito da dengue.