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Programadores de Internet precisam pensar em desenho universal e em comunicação acessível

A acessibilidade não acaba na esfera física. O espaço digital, onde passamos tanto tempo do nosso dia, também está aprendendo a falar a língua da acessibilidade.

Simone Freire, diretora da agência de comunicação Espiral Interativa, é uma autoridade na área. Em suas palavras, a acessibilidade digital é “preparar a comunicação digital, na web, para ser acessada por todas as pessoas, inclusive pessoas com deficiência”. Não é um trabalho simples: imagine que um mesmo site e aplicativo, além de funcionar em diferentes aparelhos (computadores, telefones, tablets), também precisa ser acessível para tetraplégicos, que navegam com palheta de boca e comandos de teclado; cegos, que utilizam leitores de tela; surdos alfabetizados somente em Libras, que não sabem ler português; daltônicos, que precisam de um contraste de cor específico; disléxicos, que se embaralham com frases longas, e assim por diante.

Mas, segundo Freire, “a acessibilidade vai sendo trabalhada por pressão de evoluir a internet, não pela causa, ou seja, por amor à inclusão. A acessibilidade está pegando força agora porque melhora o site em rankeamento [em sites de busca], porque os códigos têm que ser mais limpos”, opina Simone Freire. “Eu acho que não vai demorar muito pro Google começar a penalizar os sites que não forem acessíveis”, completa.

A revolução tecnológica da era dos smartphones trouxe para a mão de muitas pessoas com deficiência uma série de aplicativos de acessibilidade. O guiaderodas, por exemplo, ranqueia estabelecimentos em São Paulo de acordo com sua acessibilidade. O Hand Talk é um tradutor para Libras que usa um avatar 3D para interpretar texto e voz em português. Ambos estão disponíveis em smartphones Android e iPhone.

O outro lado da moeda são os aplicativos e sites essenciais para qualquer cidadão, mas que não são acessíveis para pessoas com deficiência, apesar de seu papel fundamental na cidadania. É o caso, por exemplo, de aplicativos bancários e a vasta maioria dos sites relacionados a órgãos públicos. “É uma vergonha”, diz Simone Freire. “Dados do W3C [consórcio internacional de padrões da internet] de 2015 apontam que só 5% dos sites do governo brasileiro estavam acessíveis”, lamenta.