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Livro que resgata época de ouro das big bands do interior é lançado em Rio Preto

Conjunto Icaray, de Rio Preto, nos anos 1960<br> Foto: Acervo de Álvaro Francisco Alves
Conjunto Icaray, de Rio Preto, nos anos 1960
Foto: Acervo de Álvaro Francisco Alves

Durante as décadas de 1940 e 1970, as big bands foram a grande atração das mais diversas festas e comemorações que aconteciam pelas cidades do interior, quase sempre organizadas em torno de bailes. Eles eram os maiores acontecimentos sociais nessas cidades e sempre havia muitas ocasiões para celebrar: uma festa de debutante ou formatura, o aniversário da cidade, um concurso de miss, o início da primavera, colheitas, casamentos, carnaval, réveillon etc.

A história desses grandes conjuntos orquestrais do interior do estado é resgatada no livro “Big Bands Paulistas: História de orquestras de baile do interior de São Paulo”, das Edições Sesc São Paulo, obra que registra em textos e imagens toda essa atividade ao longo de mais de três décadas.

Uma das cidades que fazem parte da história das orquestras de baile, Rio Preto será palco do lançamento do livro no dia 19 de março, na unidade Sesc. O evento fecha a série de três lançamentos que as Edições Sesc São Paulo promovem entre os dias 27 de fevereiro e 19 de março, com três bate-papos com os autores, o professor e pesquisador musical José Ildefonso Martins e o jornalista e escritor José Pedro Soares Martins, para falar sobre o processo de pesquisa e concepção do livro.

O evento em Rio Preto terá a participação de José Ildefonso Martins e do músico e documentaristas rio-pretense Fernando Marques. A programação marca as atividades do Sesc Rio Preto para o dia do aniversário de 166 anos da cidade. Depois da sessão de autógrafos, haverá o show com uma banda local, às 16h.

Subirão ao palco da Comedoria para o show "A Nova e A Velha Guarda da Música Rio-pretense" alguns dos personagens desses tempos áureos das orquestras de baile para uma apresentação que reunirá pais e filhos. Entre eles, músicos que aparecem no livro “Big bands paulistas”, como o maestro Luiz Carlos Ribeiro, fundador da banda Os Modernistas, e José Cunha de Oliveira Mourão, o mestre Boca, e Amaro Zacharias, o maestro Zacharias, ambos com passagem pelo conjunto. Ao todo, 31 músicos de duas gerações se revezarão no palco, para mostrar um repertório que representa a pluralidade da música rio-pretense, com diferentes performances e estilos.

No livro “Big bands paulistas”, os autores também se debruçam sobre o contexto sociocultural em que essas orquestras estavam inseridas, em meio ao clima de desenvolvimento, euforia e otimismo que dominou o país entre as décadas de 1940 e 1970.

No posfácio, o professor doutor em história e pós-doutor em história e música Sergio Estephan destaca a relevância da pesquisa sobre as big bands paulistas e discute o contexto histórico e social que marcou a época em que elas atuaram. Algumas das orquestras, que costumavam se apresentar até cem vezes por ano no interior de São Paulo, chegaram a gravar discos, outras apareceram no rádio e na televisão, e muitas tocaram também para plateias de outros estados brasileiros e países latino-americanos.

“Os capítulos introdutórios e um abrangente posfácio do historiador Sérgio Estephan traçam um panorama do surgimento e desenvolvimento dessas orquestras em São Paulo e no Brasil, seu marcado nacionalismo apesar da influência que tiveram das jazz big bands norte-americanas, sua ligação com as rádios, e seu caráter de agentes de lazer e sociabilização por meio da arte”, pontua Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.

Os autores definiram quatro critérios principais para selecionar os conjuntos orquestrais que foram detalhados no livro, com direito a algumas exceções: a definição das orquestras de baile, que geralmente têm entre 15 e 20 músicos, incluindo um naipe de metais completo (trompetes, trombones, saxes e clarinetas), seção rítmica com guitarra, baixo, bateria e piano (ou equivalente), um ou dois cantores e poucos instrumentos eletrificados; a localização geográfica das cidades onde estavam sediadas, obrigatoriamente no interior de São Paulo e a mais de 200 km da capital; a época e longevidade de sua atuação, optando-se por conjuntos com maior tempo de atuação a partir dos anos 1940, com ênfase nos anos 1950 e 1960; e o acervo encontrado, ou seja, a disponibilidade de documentação consistente.

Assim, o dia a dia de nove orquestras de baile pode ser mapeado, analisado e registrado em detalhes. Cada uma delas ganhou seu próprio capítulo, que, por sua vez, traz o nome da principal estação de trem do município onde estavam sediadas: Catanduva, Espírito Santo do Pinhal, Franca, Guararapes, Jaboticabal, Jaú, Rio Claro, São José do Rio Preto e Tupã, vinculando assim o sucesso das big bands às ferrovias que contribuíram consideravelmente para o desenvolvimento das cidades do interior paulista.

Como os próprios autores definem na introdução, “resgatar a época de ouro das big bands paulistas constitui o objetivo principal deste livro. Não deixa de ser um tributo àqueles que, com seu trabalho, fizeram parte de um momento mágico da música, da dança e da socialização em um período de profundas transformações na sociedade brasileira”.

FICHA TÉCNICA:
Big Bands Paulistas: História de orquestras de baile do interior de São Paulo
Autores: José Ildefonso Martins e José Pedro Soares Martins
Edições Sesc São Paulo
ISBN: 978-85-9493-006-4
Páginas: 232 
Formato: 16 x 23 cm
Preço versão impressa: R$ 60,00
Preço ebook: R$ 30,00

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