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O retorno da cortina de Burle Marx ao Teatro Sesc Anchieta

Pano de boca de cena de Burle Marx reinstalado no Teatro Sesc Anchieta<br>Foto: Matheus José Maria
Pano de boca de cena de Burle Marx reinstalado no Teatro Sesc Anchieta
Foto: Matheus José Maria

Após décadas longe da visão do público, é reinstalada no palco do Teatro Sesc Anchieta, no Sesc Consolação, a cortina que Burle Marx concebeu especialmente para a boca de cena do espaço, há mais de 50 anos

Em 1967, à época da inauguração do Centro Cultural e Desportivo "Carlos de Souza Nazareth" – que viria a ser conhecido por Sesc Vila Nova e, finalmente, Sesc Consolação –, dentre os fatos mais notáveis sobre o Teatro Anchieta, grande estrela da nascente unidade, os jornais destacavam a colaboração do cenógrafo e figurinista Aldo Calvo (1906-1991) para a concepção da parte técnica do projeto elaborado pelo arquiteto Ícaro de Castro Mello (1913-1986) e a contribuição do artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) com o desenho do pano de boca de cena.
 

 

Teatro Anchieta com o pano de boca de cena de Burle Marx em 1967
(Foto: Paquito/Acervo Sesc Memórias)

 

Na noite do dia 14 de novembro de 1967, as cores, curvas e formas concebidas por Burle Marx estavam lá, às vistas de todos, pela primeira vez, e, sobre o palco, a pianista Guiomar Novaes executava Schumann, Villa-Lobos e Gluck no concerto de abertura. Somente no ano seguinte, as tais cortinas se abriram para o público.

A pesquisadora Maria Thereza Vargas, lembra, no livro Teatro Sesc Anchieta: um ícone paulistano (Edições Sesc São Paulo, 2017), que "o equipamento de iluminação não estava completo para que o primeiro espetáculo pudesse ser uma peça teatral. Demoraria um pouco para que o pano de boca idealizado por Burle Marx fosse aberto e, assim, Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Brito, Gledy Marise e Perry Salles apresentassem A mulher de todos nós [1968]".

O espaço cênico que se consagrou na cena teatral e cultural da cidade de São Paulo acabou passando por reformas em 1972, 1983 e 1998/99. A cortina-obra-de-arte teve de ser removida, ficando, por décadas, oculta ao público. Felizmente, um esforço do Sesc São Paulo nos últimos anos levou à higienização e ao reparo da obra e, a partir da terça-feira, dia 5 de junho, ela estará reinstalada sobre o palco do Teatro Sesc Anchieta – para apreciação dos espectadores.

 

 

Distribuídas por todas as unidades do Sesc São Paulo estão obras da coleção permanente de arte brasileira da instituição. A arte não necessariamente precisa estar dentro de museus, galerias ou em exposições com duração determinada. Ela pode ser apreciada também ao se caminhar pelas ruas, fazer uma baldeação no metrô, curtir um parque, perambular por uma unidades do Sesc e, por que não, enquanto se aguarda o espetáculo começar.