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Revelando relações humanas descartáveis e violentas, espetáculo Insones estreia no Sesc Pinheiros

Fernanda Raquel, Helena Cardoso, Paulo Arcuri e Vinícius Meloni em Insones | Foto: Érica Modesto.
Fernanda Raquel, Helena Cardoso, Paulo Arcuri e Vinícius Meloni em Insones | Foto: Érica Modesto.

Com texto inédito de Victor Nóvoa e direção de Kiko Marques, espetáculo Insones faz temporada em Julho no Sesc Pinheiros.

Na peça, quatro figuras representadas pelos atores Fernanda Raquel, Helena Cardoso, Paulo Arcuri e Vinícius Meloni, passam 365 noites em claro e tentam incessantemente finalizar a contagem regressiva para o ano que virá. A comemoração é constantemente interrompida por acontecimentos insólitos, revelando relações humanas descartáveis e violentas. A história se mantém por um fio tênue, porém mais importante que a trama são os estados gerados por esse mundo em funcionamento contínuo no qual habitam os personagens. Essas figuras fazem emergir questões fundamentais em nossos dias, como o excesso de estímulos e o crescente controle do tempo e da experiência.

O mundo sem sombras, que explode em violência de tempos em tempos em Insones, carrega traços em comum com outras peças de Victor Nóvoa, por exemplo a mercantilização das relações humanas que se dá de diferentes maneiras em nossa sociedade. “É um engano estrutural achar que consumimos coisas, é o tempo que se comercializa. Por isso estamos soterrados por um fluxo incessante de estímulos. Não querem que paremos nem por um instante. Dormir é profanar a liturgia do mercado”, diz o dramaturgo.

O diretor Kiko Marques assume o estilo de escrita não linear de Victor Nóvoa permitindo a abertura de inúmeras camadas de significação do texto. "Nossa opção é pelo teatro e pelo jogo entre os atores. Daí Insones ser uma espécie de desencontro que acontece com hora marcada e lugar definido para seu não acontecimento explosivo e ofuscante", fala Marques.

O projeto de montagem da peça foi impactado pela leitura de obras como 24/7 – capitalismo tardio e os fins do sono de Jonathan Crary e Sociedade do Cansaço de Byung-Chul Han, que trazem reflexões sobre os dispositivos de poder na vida contemporânea.

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