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Arte/Cidade
Em janeiro, no Sesc Belenzinho, foi lançado o projeto Artecidadezonaleste, em uma grande festa que reuniu artistas, patrocinadores e autoridades. Com realização do Sesc São Paulo, a quarta edição do projeto conta com a participação de importantes artistas e arquitetos nacionais e internacionais, como Waltercio Caldas, Antoni Muntadas, Vito Acconci, Regina Silveira e Krzyztof Wodiczko. Os participantes foram convidados a desenvolver projetos para diferentes situações da zona leste, como forma de discutir novas estratégias urbanas e artísticas de intervenção em metrópoles como São Paulo. No evento de lançamento, foram apresentadas as propostas dos mais de vinte participantes. A abertura do Artecidadezonaleste será no dia nove de março. Até lá, o público pode acompanhar o desenvolvimento das obras em visitas guiadas pelos diversos locais de intervenção.
"As metrópoles atravessam, em todo o mundo, um amplo processo de reconfiguração. A proposta do Arte/Cidade é tomar a zona leste de São Paulo como um campo onde todas as questões sobre globalização das cidades e das artes estão sendo jogadas."
Nelson Brissac, curador do Artecidadezonaleste


Elis Regina
Há vinte anos morria Elis Regina, considerada uma das maiores intérpretes da música popular brasileira de todos os tempos. Como forma de relembrar a importância de sua obra, o Sesc São Carlos promoveu, durante todo o mês de janeiro, uma série de atividades, que incluiu uma palestra com o escritor e produtor Zuza Homem de Mello, projeções em vídeo de entrevistas e shows da cantora, espetáculo de dança com a bailarina Gilsamara Moura e um show recordando alguns dos sucessos da intérprete, com a participação de parceiros como Jair Rodrigues, Jongo Trio e Nathan Marques. Para encerrar o evento, João Bosco, um dos mais recorrentes compositores interpretados por Elis, relembrou músicas que se tornaram consagradas na voz da cantora.


Lance! 1000
O diário esportivo Lance! chegou à milésima edição. Para comemorar o fato, organizou em janeiro, no Sesc Itaquera, a exposição fotográfica Lance! 1000, que apresentou 49 fotos de onze fotógrafos de sua equipe. Segundo o curador da exposição, Emidio Luisi, o trabalho do fotógrafo esportivo depende basicamente de saber aproveitar a imprevisibilidade da situação e de conseguir captar a emoção envolvida no universo esportivo. "Seja qual for, o esporte é quase um balé improvisado onde há, entre outras coisas, a questão da expressão do atleta e do momento. O trabalho do fotógrafo esportivo muitas vezes transcende o ato de documentar e criar um conteúdo artístico. É uma tarefa complicada, em que não se pode perder um segundo sequer", afirma.


Bienal Prata da Casa
Desde 1999, o projeto Prata da Casa traz, a cada semana, uma nova atração para a choperia do Sesc Pompéia. Segundo um de seus curadores, o crítico Carlos Calado, é difícil ter uma real dimensão da produção musical no país. "A tv e as gravadoras incentivam a monocultura. Na verdade, nossa produção é muito mais rica do que parece, e o Prata da Casa propicia uma visão muito mais abrangente dela." Em janeiro, os dezesseis melhores trabalhos apresentados no projeto desde o ano de criação voltaram ao palco da choperia na primeira Bienal Prata da Casa. Entre os destaques do evento, os mineiros do Berimbrown, a pernambucana Mônica Feijó (foto) e os paulistas do trio Curupira.
"A idéia do Prata da Casa não é encontrar outras correntes para contrapor às do mercado. Na verdade, são muitas as variantes, e o mais interessante é justamente mostrar todas elas".
Carlos Calado, sobre as intenções do projeto Prata da Casa

Sesc Instrumental
Toda segunda-feira é dia de boa música no projeto Instrumental Sesc Brasil, que acontece às 18h30 no Sesc Paulista, com entrada gratuita. Em janeiro, as apresentações ficaram a cargo do baterista Zé Eduardo Nazário, do violonista Renato Consorte e da pianista Christianne Neves. O destaque da programação foi o trio do clarinetista Paulo Sérgio Santos que, segundo o crítico musical Mauro Dias, é o maior clarinetista brasileiro de todos os tempos. "Paulo Sérgio alia a técnica perfeita, irretocável, a uma qualidade interpretativa da qual pouquíssimos músicos do mundo chegaram perto", afirma. Quem não pôde acompanhar as apresentações ao vivo tem a oportunidade de conferir os excepcionais shows em vários horários da programação da STV (Rede Sesc Senac de Televisão).


A Volta ao Mundo em 80 Jogos
Proporcionar uma viagem por diversas civilizações por meio dos jogos é o objetivo da exposição A Volta ao Mundo em 80 Jogos, que estreou em julho no Sesc Consolação e tomou as instalações do Sesc Araraquara em janeiro. A exposição é interativa e permite não só que o visitante jogue, mas também que conheça a história e as particularidades de cada um dos 80 jogos apresentados, que vão desde os preferidos de imperadores romanos ou czares russos, até os modernos jogos eletrônicos. "Através de cada jogo, pode-se aprender sobre sua origem e seu tempo. Se incorpora um pouco da forma de ser e de pensar de quem um dia o jogou", afirma Maurício de Araújo Lima, que prestou assessoria ao Sesc para realizar a exposição.

São Paulistas
Para celebrar o 448º aniversário da cidade de São Paulo, o Sesc Pompéia promoveu, durante seis dias, uma série de atividades relacionadas à vida cultural e urbana da cidade. Dentro da programação, shows de músicos paulistanos como Noite Ilustrada, KL Jay, Tutti Frutti e Oswaldinho da Cuíca. Além disso, o evento contou com a presença de escritores como Ignácio Loyola Brandão e Ivan Angelo, que participaram de debates e bate-papos sobre a cidade. Uma exposição fotográfica e projeções de vídeos, como Viaduto do Chá, de José Santos, e Urbis, de Kiko Goifman, completaram a programação do evento, que promoveu ainda oficinas literárias tendo como tema a cidade de São Paulo.

Viva Sampa
A comemoração dos 448 anos de São Paulo no Sesc Ipiranga trouxe uma programação tão eclética quanto a metrópole. De 24 a 27 de janeiro, passaram pela unidade rappers como Rappin Hood e sua crônica urbana, os chorões cearenses do Bando da Macambira, a Big Band da Orquestra Jazz Sinfônica e a Cia. de Danças de Diadema, com o espetáculo Baque, que trata do difícil processo de adaptação dos imigrantes à cidade de São Paulo. Para completar a festa, a primeira mulher a puxar um samba-enredo na avenida, Eliana de Lima, recordou clássicos das escolas de samba paulistanas.


O Ébrio
Um dos títulos de maior público na história do cinema brasileiro, com cerca de 4 milhões de espectadores só nos quatro primeiros anos de exibição, o filme O Ébrio, dirigido por Gilda Abreu e protagonizado por seu marido, o cantor Vicente Celestino, voltou a ser projetado, agora em cópia restaurada, em janeiro, no Sesc Ipiranga. Além da exibição, o evento promoveu também a apresentação de Edu Maia e o Bando de Macambira, interpretando os maiores sucessos de Vicente Celestino, e um bate-papo com a diretora da Cinédia, Alice Gonzaga. O filme conta a história de um homem abandonado pela mulher e que busca consolo na bebida. Grande parte de seu sucesso pode ser atribuída à música homônima no qual o enredo é baseado. Gravada pelo próprio Celestino em 1937, é considerada um dos maiores clássicos da música popular brasileira.
"Um filme como O Ébrio é eterno. Nunca deixou de ser exibido, desde 1946, e tem a maior bilheteria do cinema brasileiro. Calculamos que cerca de 20 milhões de espectadores já tenham assistido ao filme."
Alice Gonzaga, que participou de bate-papo após a exibição de O Ébrio, no Sesc Ipiranga


Sesc Verão
Para muita gente, verão é sinônimo de férias, tempo de viajar ou ficar em casa descansando da correria do resto do ano. Porém, para sacudir quem está de bobeira, o Sesc São Paulo preparou, pelo oitavo ano consecutivo, o Sesc Verão, cheio de atividades para tirar todo mundo de casa. Esporte, lazer e espetáculos rechearam a programação de janeiro e seguem até o final de fevereiro em diversas unidades da capital e do interior. O objetivo do evento é sensibilizar a comunidade para a importância da prática de exercícios físicos e para o prazer proporcionado pelo esporte. Baseado nesse princípio, o Sesc lançou a campanha "Atividade Física tem que dar prazer. Encontre a sua", que pretende fazer com que cada um descubra qual o tipo de exercício que melhor se encaixa em seu cotidiano e gosto.


Saramago em cena
Além da aclamada montagem de Evangelho Segundo Jesus Cristo, com direção de José Possi Neto e dramaturgia de Maria Adelaide Amaral, o Sesc Vila Mariana apresentou também, em janeiro, outra bem-sucedida adaptação da obra de José Saramago: a premiada montagem infanto-juvenil A Ilha Desconhecida, com a Companhia Elevador de Teatro Panorâmico, sob direção de Marcelo Lazzaratto. A peça é uma adaptação autorizada do Conto da Ilha Desconhecida, publicado em 1998, e rendeu bons elogios do próprio escritor português ao assistir à peça no final do ano passado: "Se vocês conseguiram produzir esta pequena maravilha é porque valeu a pena ter escrito o conto".

 


Vitor Ramil
Irmão caçula dos cantores e compositores Kleiton e Kledir, Vitor Ramil gravou seu primeiro disco aos 18 anos. Compositor, instrumentista e arranjador, o músico gaúcho já teve composições gravadas por Gal Costa e Zizi Possi, entre outros intérpretes. Além disso, já trabalhou ao lado de músicos do calibre de Egbert Gismonti, Wagner Tiso e Márcio Montarroyos. Em janeiro, Ramil, que também é escritor, lançou seu mais recente disco, Tambong, no Sesc Pompéia. Bastante identificado com a cultura do Sul do país, Vitor mistura gêneros locais, como o tango, a milonga e o candombe, com bossa nova, blues e pop, produzindo um som original e rico. Parte de seu trabalho pode ser conferido no site www.vitorramil.com.br.
"Me dei conta de que não me sinto à margem de um centro, eu estou no centro de uma outra história."
Vitor Ramil, que apresentou em janeiro, no Sesc Pompéia, o show do disco Tambong

Luz de Emergência
Mesmo com a diminuição das metas de racionamento de energia no país, o Luz de Emergência continua trazendo suas atrações para a choperia do Sesc Pompéia. Em vez de uma parafernália elétrica, os shows do projeto são totalmente acústicos, com iluminação a base de velas, lampiões e lanternas. Em janeiro, as atrações foram o percussionista baiano Dinho Nascimento, com sua inusitada fusão dos sons do berimbau com a sonoridade do blues, e a legendária Banda de Pífanos de Caruaru, cujo maior sucesso, Pipoca Moderna, ganhou letra de Caetano Veloso e foi gravada por Gilberto Gil em 1972.


Deus Ex-Machina
Estreou em janeiro, no Sesc Pompéia, a mais recente produção de Gerald Thomas, Deus Ex-Machina e os Super Ex-Heróis na Terra do Impotente Viagra Falls. A primeira apresentação da peça aconteceu em Copenhagen, em 1996, e contou com a atuação de Fernanda Montenegro. Segundo Gerald, de lá para cá, o espetáculo mudou muito. "Foram criadas novas cenas, mas a verdadeira alteração da peça está na interpretação dos atores. Eles são muito versáteis. Vão de um estilo ao outro, brincando o jogo pleno do teatro." A peça, que fica em cartaz no Sesc Pompéia até o dia 8 de fevereiro, conta a história de um índio que se interessa por pós-modernismo e desconstrutivismo. Além das apresentações, Thomas dará um workshop sobre o trabalho que vem desenvolvendo.

 

Frases

"O circo tradicional é muito desprestigiado, apesar de estatisticamente ter um público muito maior do que o cinema nacional. No entanto, você não vê uma matéria ou crítica sobre circo quando se tem quatro ou cinco circos instalados na cidade"
Hugo Possolo, que em janeiro comandou uma das sessões do Cinema Comentado, dentro do projeto Circo Cine Teatro, no Sesc Belenzinho

"Deveria haver muito mais eventos como esse. Afinal, o humor gráfico brasileiro tem uma tradição de mais de um século. Há registros de caricaturas criadas em 1836"
Mário Mastrotti, curador da exposição de quadrinhos Ta Rindo de Quê?, parte do projeto Plataforma ABC, realizado pelo Sesc São Caetano

"O Dom Casmurro, de Machado de Assis, tem de ser analisado como um todo. Não se trata de escolher músicas alegres ou tristes, a obra é muito densa"
Heloísa Fernandes, pianista que participou da primeira edição do projeto Personagens e Seus Sons, no Sesc Vila Mariana.

"O Sesc Pompéia consagrou-se como o mais legítimo templo da música popular, no múltiplo papel de fomentador, expositor, vitrine. O projeto Prata da Casa só poderia ter nascido lá"
Mauro Dias, um dos curadores da Bienal Prata da Casa, que em janeiro apresentou no Sesc Pompéia uma seleção de dezesseis trabalhos do projeto