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Negritudes: Aprender, Resistir, Celebrar

Coletivo Legítima Defesa, no Sesc Pompeia. (Foto: Cristina Maranhão)
Coletivo Legítima Defesa, no Sesc Pompeia. (Foto: Cristina Maranhão)

Aprender, resistir, celebrar: os verbos definem as ações e reafirmam a essência do Projeto Negritudes, que de 3 a 28 de novembro traz uma extensa programação em diferentes áreas, com o objetivo de marcar a importância de tratar sobre O Dia Consciência Negra e o que ele representa: um momento de afirmação, reflexão e resistência; de conhecer mais a própria história e as infinitas contribuições da Cultura Negra na formação do Brasil e de quem somos.

O projeto, uma parceria do Sesc com a Prefeitura Municipal de Bertioga, contará com atividades no Sesc e em diferentes pontos da cidade: Teatro, Dança, Música, Cinema, Literatura, Bate-papos e Rodas de Conversa. Para a abertura, no dia 5/11, às 19h no Sesc, o Coletivo Legítima Defesa apresenta uma performance em que discursos históricos serão proferidos entrelaçados aos depoimentos pessoais, músicas e poesias, remetendo à diáspora negra e seus desdobramentos históricos. Uma ação para resistir à narrativa hegemônica, em busca de dar voz à própria história. Em seguida acontece um bate-papo com o grupo.

No dia 10/11, às 15h na Vila do Bem, acontece a Feira da Consciência Negra, uma tarde com atividades de diversas áreas e linguagens artísticas que buscam trazer diferentes perspectivas da Cultura Negra, numa ação em parceria com a Prefeitura de Bertioga, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, e Renda.  Neste dia você pode vai poder dançar música brasileira com o Grupo Alma de Maré e se arriscar com a Liga do Funk no Passinho.

Casulo Viajante (Foto: Renato Ribeiro)

As crianças podem viajar do Saara às Savanas com a Contação de Histórias Núcleo Esporos de Experiências Artísticas, e ampliar o universo de possibilidades de histórias com o Casulo Viajante: uma Kombi Safári 83 que estacionará na Vila do Bem com livros de contos populares, literatura de cordel, contos de fadas, além de uma seleção de histórias africanas para a leitura compartilhada. Tem também amarração de turbantes (adornos feitos de tecido que carregam, em si, elementos culturais africanos) com a turma da Boutique de Krioula, e as intervenções locais da Trupe da Jurema, grupo de teatro criado em 2018, em Bertioga, e que realiza jogos teatrais e oficinas de criação espontânea partindo da realidade vivida pelos próprios atores. Pra encerrar esse dia de alegria, o Grupo de Capoeira Mestre Cipó faz uma Roda de Samba, historicamente associada à capoeira, celebrando duas importantes manifestações da Cultura Negra.

A programação continua com edições especiais no projeto Teatrada - com os espetáculos Mjiba, a Boneca Guerreira no dia 11/11 e Os Coloridos no dia 25/11, ambos às 11h na casa da Cultura - e no projeto Música é Cultura, com o recital O Negro na Ópera no dia 3/11 e a apresentação de Terra Preta, da Orquestra Humanação Popular no dia 17/11, às 20h na Casa da Cultura. O grupo é formado por um conjunto de instrumentos de sopro e percussão, e celebra as orquestras e bandas tradicionais, a música instrumental e as matrizes rítmicas das manifestações populares, advindas de tradições africanas, europeias e indígenas.


Terra Preta com a Orquestra Humanação Popular (Foto: Fábio Burtin)

Na noite de domingo, dia 25/11, às 20h no bairro Jd. Vicente de Carvalho, O Coletivo CineOcupa, formado por moradores de Bertioga e que busca uma nova forma de se relacionar com o cinema ocupando espaços públicos e levando esta linguagem para mais pessoas, realiza a exibição do filme Selma – Uma Luta pela Igualdade: uma história de luta e perseverança de ativistas norte-americanos em busca  da conquista de direitos básicos, como o voto, na década de 1960.


Selma - Uma luta pela igualdade, com o Coletivo CineOcupa

Encerrando a programação, nos dias 26, 27 e 28/11 serão realizadas exibições de filme e rodas de conversa no Sesc e nos bairros Jardim Vicente de Carvalho e Chácaras. A cineasta Day Rodrigues bate papo e apresenta seu documentário "Mulheres Negras: projetos de mundo" , no qual nove vozes femininas negras são apresentadas de maneira suave e potente.  Em seus depoimentos, cada mulher fala da sua experiência de sobrevivência calcada em sua raça, gênero, classe e desvendam o que significa habitar em pele negra.

A luta por direitos é um aprendizado permanente e atemporal. Reverenciar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, através de uma programação consistente e múltipla em suas linguagens, é resistir e uma oportunidade de aprender e celebrar com esse banquete cultural brasileiro. Vem participar desse grande encontro com a gente!

 

Texto de Amanda Prado e Cacá Aquino, técnicos programadores do Sesc Bertioga.