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Virgindade feminina, o que é importante saber?

Quando falamos em sexualidade feminina, lidamos com vários tabus que envolvem a virgindade, rompimento do hímen, sangramento e dor. Historicamente sabemos que a virgindade feminina foi e é considerada algo precioso pois envolve muitas coisas além de uma simples relação sexual (como a autenticidade do casamento, ganho de poses familiares, garantir a hereditariedade dos filhos, etc.). Não há muito tempo se a mulher não fosse virgem, não seria considerada digna para casar e constituir uma família.

Atualmente a pressão sobre a fase de descoberta sexual da vida da mulher continua, porém dessa vez de forma inversa. A curiosidade sobre o início da vida sexual acaba por influenciar muitas jovens a agirem com impulsividade, cedendo à pressão para se sentirem adequadas entre o grupo de amigos, se forçando a iniciar a vida sexual de forma precoce, sem conhecimento, intimidade e segurança.

Na verdade, a virgindade é um mito que precisa ser quebrado- para iniciar a vida sexual não é necessário romper o hímen (pois existem 5 tipos diferentes, sendo que alguns nunca são rompidos apesar da penetração), nem sentir dor e ter sangramento. Isso tudo acontece geralmente porque a mulher está tensa, com o corpo totalmente contraído, sem lubrificação o suficiente para que o ato seja prazeroso. Na verdade o início da vida sexual de uma mulher deve ser considerado através do envolvimento e das sensações que ela viveu física e emocionalmente com uma pessoa por meio dos contatos sexuais.

Porém, em terra de educação sexual baseada na educação repressora familiar e religiosa, em aulas de biologia (onde o foco é apenas a anatomia) e informações soltas na internet, nossos jovens não são orientados com informação segura que leva ao autoconhecimento. Por ser um tema tabu em pleno 2018 até mesmo entre os próprios adultos, isso é passado diretamente para os nossos jovens que interagem com seus corpos e suas sensações de forma distante, influenciando na falta de autonomia de suas escolhas sexuais.

É importante olhar para nosso corpo com carinho, compreendendo que ele é uma ferramenta que também podemos usar para doar e receber prazer, que é uma forma de nos vincular com as pessoas que são especiais para nós e que nos sentimos seguras. Quando me conheço, me aceito e me acolho, consigo respeitar meu tempo e escolher com quem, como, quando e onde quero ter minha primeira relação sexual de forma segura, sem pressa e sem pressão.

 

Aline Tenório Doná e Laís Messias dos Santos são psicólogas e idealizadoras do projeto Cafe com Pimenta que têm o objetivo de trabalhar a sexualidade humana, levando informação a respeito do tema de forma clara, ética e natural.

 

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