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A interface da economia na longevidade

Ilustração: Willian Santiago
Ilustração: Willian Santiago

Danilo Santos de Miranda

Diretor do Sesc São Paulo

O crescimento exponencial previsto para a população maior de sessenta anos nas próximas décadas tem trazido uma série de reflexões para vários campos de conhecimento. Um olhar da economia dentro do universo¿do envelhecimento populacional cunhou os conceitos de “Economia do Cuidado” e “Economia da Longevidade”. Ambos surgem com o objetivo de estabelecer relações entre as atividades econômicas e as especificidades dessa etapa de vida.

O aumento da expectativa de vida traz uma demanda de serviços que possam suprir necessidades físicas e psicológicas relativas ao envelhecimento. Se outrora tais serviços eram invisíveis e absorvidos pelas relações familiares, os novos arranjos sociais apontam para um desenvolvimento e uma profissionalização de consumo específicos que atendam às demandas que incidem na velhice, isso é o que caracteriza a chamada Economia do Cuidado.

De forma ampliada, o impacto do fenômeno da longevidade nas políticas públicas e suas implicações na economia dá sentido ao termo Economia da Longevidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado idoso o habitante de país em desenvolvimento com 60 anos ou mais e o habitante de país desenvolvido com ou acima de 65 anos. Nesse sentido, a geração nascida após a Segunda Guerra tem um impacto relevante na economia atual por ser numericamente representativa, e, de fato, desfrutar de avanços científicos que incidem na longevidade de forma qualitativa, bem como por uma certa tendência a prolongar o período da permanência no mercado de trabalho.

Essa conjuntura, aliada à evolução tecnológica de produtos e serviços, leva a dinâmica econômica a incluir de forma marcante o segmento etário dos idosos numa agenda de consumo cada vez mais intensa. Em crescimento no Brasil, essa mudança de caráter global aponta para a necessidade do diálogo e da preparação em todos os âmbitos da educação, de forma permanente. Como há fatores diversos que aí incidem – tais como a própria Reforma da Previdência em pauta, entre outros – trata-se de um tema fundamental para aqueles que lançam um olhar sobre as questões geracionais.

Essa discussão está em consonância com a diretriz do programa Trabalho Social com Idosos do Sesc São Paulo, que indica a promoção da cultura do envelhecimento por meio da valorização da pessoa idosa. Tendo em consideração que as ações realizadas nas unidades do Sesc para esse público têm como pano de fundo o caráter socioeducativo, esse assunto contemporâneo e relevante também tem espaço para ser discutido nas unidades com profissionais, interessados na temática e público em geral, para termos uma sociedade mais preparada e atenta à nova configuração social.