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Nossa história transformadora

 


Foto: Pixabay.

Meu percurso é moldado por transformações que nem sempre estavam planejadas, porém, surgiram oportunidades para trilhar caminhos inesperados, que acabaram mudando minha trajetória e me tornando diferente do que era. Eu me transformei e me transformo (a cada dia), vivenciando a transversalidade ao trabalhar na área socioambiental do Sesc, atuando na coordenação de um programa que coloca a mudança de olhar e de atitude na ordem do dia: o Lixo: Menos É Mais.

A tarefa de colocar em prática diversas ações nas unidades do Sesc tem sido gratificante pela oportunidade de conhecer e relacionar-me com pessoas e grupos que trabalham para modificar para melhor o nosso local de trabalho. Acredito nas conexões criadas pelas relações e pelos diálogos com outras pessoas e outras realidades, resultando numa totalidade maior da qual somos parte. Essa conexão se dá quando nos sentimos responsáveis por algo que vai além das nossas atribuições profissionais.

Em 2010 passei a aprofundar o significado de educação para sustentabilidade a partir da minha inserção na coordenação de um programa educativo e de gestão de resíduos, que, para ser colocado em prática, envolve questões operacionais, administrativas e de infraestrutura. Desde então tenho me habituado a consumir apenas o necessário, evitar o que é descartável e gerar cada vez menos resíduos na minha casa. Minha história se entrelaça com a do Lixo: Menos É Mais e a das pessoas que o fazem, tecida nas oportunidades oferecidas aos integrantes dos grupos gestores, que aprendem e me ensinam ao mesmo tempo e que estão interconectadas numa grande teia chamada Sesc. Pessoas que conseguem aplicar conceitos e recomendações às práticas cotidianas, que são críticas e criativas; que analisam e compreendem o porquê de cada ação e colaboram no sentido da inovação. Pessoas que como eu têm como princípio a atitude transformadora, que, neste caso, nada mais é do que perceber, pensar e agir em direção à sustentabilidade, ao combate do desperdício.

Os desafios de gerar menos resíduos nas atividades do Sesc são complexos e suas soluções exigem inúmeras ações, desde a elaboração de diagnósticos de resíduos, o estabelecimento de parcerias, formação de grupos gestores com representantes de diversas áreas para monitorar o dia a dia, a implantação de descarte seletivo, a comunicação como ferramenta educativa e ações educativas para os funcionários e o público, como as que estão acontecendo neste mês.

Percebo que existe um sentido ético que nos vincula, assim como vincula o indivíduo aos interesses e às responsabilidades sociais. Estimular a apoiar esse senso de corresponsabilidade é um valor cultivado por esse programa.

Os valores orientam nossa existência e o nosso modo de viver socialmente. Fico imaginando que estaríamos em outro patamar de sustentabilidade, por exemplo, se todos agissem em prol da não geração de resíduos, do consumo responsável, da eliminação do desperdício e refletissem sobre como foi produzido cada coisa ou produto, compreendendo o limite da biocapacidade do planeta, ou seja, a quantidade de área biologicamente produtiva – cultivo, pastagem, floresta e pesca – que pode ser utilizada para atender às necessidades da humanidade, considerando que a Terra precisa de tempo para regenerar os bens naturais renováveis.

Ter atitudes transformadoras não é tarefa fácil, porque tudo é mais cômodo quando seguimos o caminho convencional, que costuma considerar que os bens naturais são recursos infinitos a nossa disposição. Quanto é o suficiente? Até quando serão ignorados os limites do planeta?

Esse contexto de desafios e oportunidades tem me levado a acreditar que o processo de mudança está diretamente ligado ao engajamento de cada pessoa com aquilo que considero justo, para que cada vez mais pessoas percebam que somos os atores na mudança em direção a padrões de vida e consumo mais sustentáveis.


Márcio França é graduado em Administração de

Empresas e trabalha como assistente na Gerência de

Educação para a Sustentabilidade e Cidadania,

como coordenador do programa Lixo: Menos É Mais.

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