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Iorubrá: especial do Sesc Sorocaba convida o público a conhecer as culturas negras

Reprodução do postal do Iorubrá
Reprodução do postal do Iorubrá

Você sabia que o primeiro romance abolicionista foi escrito por uma mulher negra em 1859? E que a primeira palhaça negra do país interpretava, na verdade, um palhaço? Estas e outras curiosidades estão expostas no Sesc Sorocaba em ilustrações espalhadas por diversos espaços da unidade e em postais impressos.

Os retratos foram produzidos por três ilustradores: Marília Marz, Edson Ikê e Natalia Mota, convidados especialmente para o projeto Iorubrá. O especial convida o público a conhecer nove personalidades brasileiras que desafiaram a história e se destacaram em diferentes áreas.

Três eixos norteiam a programação ao longo do mês de novembro: protagonismo no cotidiano, maternidade e redes solidárias de resistência dos movimentos negros.

As atividades, que se desdobram nas múltiplas linguagens em que o Sesc atua, potencializam a importância da sinergia coletiva para fortalecer, ampliar e aumentar a representatividade do movimento negro.

Saiba mais sobre os nomes que compõem a ambientação do Iorubrá.

Maria Firmina dos Reis

Um romance abolicionista escrito por uma mulher negra em 1859. Parece fake news, mas não é. Maria Firmina dos Reis é considerada pioneira na crítica antiescravista da nossa literatura. "Úrsula" foi o primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão e a partir do ponto de vista de escravos – antes do famoso poema "Navio Negreiro" (1869), de Castro Alves, e de "A Escrava Isaura" (1875), de Bernardo Guimarães.

Sueli Carneiro

Ela foi a única negra no curso de graduação da Universidade de São Paulo (USP), em 1970, onde se formou em Filosofia. Uma das principais articuladoras do feminismo negro e da luta contra o racismo no Brasil, Sueli Carneiro é doutora em Educação pela USP e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra – primeira organização negra e feminista independente de São Paulo, que ajudou a aprovar a criminalização do racismo, na Constituição de 1988, e criou a assessoria jurídica SOS Racismo.

Laudelina de Campos Melo

A regularização dos trabalhadores domésticos só aconteceu em 2013, mas bem antes disso, em 1936, Laudelina de Campos Melo fundou o primeiro sindicato das domésticas do Brasil. O trabalho dela à frente do Sindicato das Domésticas de Campinas combinou a luta pela valorização do emprego doméstico, o feminismo e o ativismo pela igualdade racial.

Maria Eliza Alves dos Reis (Xâmego)

A primeira palhaça negra do país interpretava, na verdade, um palhaço. Xâmego, escrito assim mesmo, com X, foi a principal atração do Circo Guarany de 1940 a 1960, uma época em que somente os homens brancos tinham este direito. Maria Eliza Alves dos Reis assumiu o papel escondida do público, mas um dia uma menina levantou a lona do circo e viu o palhaço amamentando uma criança.

Rafaela Silva

Primeira judoca negra do Brasil, Rafaela Silva é também a primeira brasileira a se sagrar campeã mundial de Judô, em 2013. Três anos depois, em agosto de 2016, conquistou a medalha de ouro da categoria nas Olimpíadas Rio 2016. Vítima de racismo logo após ser eliminada nas Olimpíadas de Londres e em uma abordagem da polícia no Rio de Janeiro, a judoca se destaca por expor o racismo institucional.

Nelson Sargento

Numa época em que o samba era tão marginalizado quanto o funk é hoje, na década de 50, Nelson Sargento despontava e compunha seu primeiro samba- enredo na adolescência. O cantor, compositor, escritor, pintor e agora youtuber é um dos principais nomes do samba no país, com aproximadamente 400 composições no seu repertório. Nelson, que viveu durante anos nos morros do Rio de Janeiro, se tornou cidadão do mundo, já que sua música cruzou fronteiras e alcançou outros países.

Adhemar Ferreira da Silva

Pioneiro do atletismo brasileiro no salto triplo, recordista sul-americano e mundial e medalhista olímpico. Adhemar Ferreira da Silva colecionou dezenas de títulos ao longo de sua carreira: foi dez vezes campeão brasileiro e tem mais de 40 campeonatos internacionais no currículo.

Milton Santos

O geógrafo brasileiro Milton Santos alcançou reconhecimento dentro e fora do Brasil, e recebeu em 1994, o Prêmio Vautrin Lud, conferido por universidades de 50 países, a mais alta honraria da área da geografia, equivalente a um Prêmio Nobel. Ele também levou o Prêmio Jabuti em 1997 pelo melhor livro de ciências humanas "A Natureza do Espaço".

João de Camargo

Nhô João, como era conhecido João de Camargo, nasceu escravo, trabalhou como cozinheiro, agricultor, oleiro e foi até militar. No entanto, foi por meio do sincretismo, entre as religiões africanas, católica e espírita, que Nhô João ficou conhecido como milagreiro de Sorocaba.  Sua vida foi retratada na literatura por diversos escritores e, em 2005, o ator e diretor sorocabano Paulo Betti lançou o filme "Cafundó", com Lázaro Ramos como estrela principal.

Venha ver de perto as ilustrações e participar da programação do Iorubrá.