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André Matos / SOS Abelhas sem ferrão
André Matos / SOS Abelhas sem ferrão

Quando crianças, aprendemos o trajeto e a missão de uma abelha. De flor em flor, ela pousa para coletar o néctar, com o qual vai produzir mel, cera, própolis e geleia real em suas colmeias. Também começa ali, na infância, o medo desse inseto voador muito conhecido pelo ferrão. E, assim, somos afastados desses seres essenciais à manutenção da vida na Terra.

“Infelizmente, a maioria da informação passada ao grande público trata apenas da espécie exótica Apis mellifera [conhecida como abelha-europeia, ela tem ferrão] e de que seu produto mais importante é o mel, o que é um enorme equívoco. O serviço de polinização por abelhas responde por, aproximadamente, 75% de toda a nossa alimentação e isso não é devidamente exposto”, pondera Gerson Luiz Pinheiro, idealizador e presidente da SOS Abelhas sem Ferrão, uma organização sem fins lucrativos que realiza ações de conscientização e resgate de enxames em risco.

Ou seja, são esses pequeninos insetos os responsáveis pela manutenção da fauna e da flora no planeta. Protagonistas que correspondem a, aproximadamente, 25 mil espécies, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Dentre elas, estão as abelhas nativas, ou sem ferrão, menos famosas que aquelas nas cores preta e amarela, munidas de um ferrão e populares em livros e animações do cinema.

 

Polinizar conhecimento

“Precisamos falar que são mais de 1850 abelhas nativas já descritas no Brasil e nós conhecemos quase nada dessa diversidade”, destaca Adriana Tiba, que, ao lado de Julio Pupim, é idealizadora do Projeto Abelhas do Brasil. A iniciativa promove a construção e distribuição de abrigos para a conservação desses animais, entre outras ações.

O reconhecimento do papel e das diferentes espécies de abelhas se tornou ainda mais importante nos últimos anos, depois que a FAO e outras organizações alertaram sobre a ameaça de morte e extinção dessas importantes polinizadoras da natureza. Cenário agravado, principalmente, por atividades humanas, como crescentes processos de urbanização, desmatamento e uso de agrotóxicos e pesticidas em plantações.

Ceramista, Adriana se tornou especialista em construção de ninhos em argila para que abelhas possam procriar com segurança. “Algumas abelhas solitárias têm o hábito de fazer ninhos em pedaços de madeira, ocos de bambu, e em pedaços de argila. Com esses materiais é possível atrair as fêmeas e observar o ciclo de vida de algumas dessas abelhas, juntamente com o plantio e cultivo de plantas que possam oferecer os recursos necessários”, explica. “Dessa maneira, podemos contribuir um bocado para o conhecimento e conservação desses polinizadores potenciais.”

Outro grande defensor das espécies nativas do Brasil, Gerson assumiu a causa depois que foi apresentado às abelhas sem ferrão pela filha caçula. Aos poucos a paixão desse administrador de empresas por formação se transformou na iniciativa de resgatar abelhas ameaçadas e educar pessoas sobre a importância delas. Hoje palestras, cursos e oficinas em escolas, parques, praças e empresas são as principais atividades da organização que preside.

“Vivências permitem que o público em geral tenha contato direto com um assunto tão importante para a vida de todos”, assinala. “Infelizmente, a maioria da população desconhece a existência desses seres e também de sua importância ambiental. Todo evento que permita esse contato é extremamente importante.”

 

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