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Dona Veridiana

Acervo ICS / Mauricio Cassano
Acervo ICS / Mauricio Cassano

Em Higienópolis, bairro na área central de São Paulo, placa de rua, banca de jornal e até hortifruti estampam o nome de uma mulher que desafiou costumes do século 19 e entrou para a história. Veridiana Valéria da Silva Prado (1825-1910), ou Dona Veridiana, como ficou conhecida, era filha de Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape (1778-1875), um dos homens mais ricos e influentes de São Paulo entre os séculos 18 e 19. Era Veridiana quem administrava os negócios da família, uma das mais ricas e influentes daquele período.

Além de administrar fazendas de café, ela foi a primeira mulher do país a comandar um jornal: o Comércio de São Paulo. O periódico pertencia ao filho Eduardo Prado. No entanto, a matriarca teve de entrar no negócio para salvá-lo da falência. Foi ela, também, que criou o Velódromo de São Paulo, inaugurado em 1875, e que se tornou o primeiro estádio de futebol do Brasil, no início do século 20, na região onde hoje fica a Praça Roosevelt.

 

Retrato de Dona Veridiana Prado, óleo sobre tela, Carlo de Servi, 1899 | Fotografia: Helio Nobre e Carlo Rosael / Acervo Museu Paulista da USP

 

Pela liberdade

Contrária ao status quo da sociedade paulistana de então, em 1878, Veridiana se separou do marido, que também era seu tio, e com quem teve de se casar aos 13 anos por imposição da família. Após a separação, aos 53 anos e com quatro filhos, adquiriu o terreno na Avenida Higienópolis, onde construiu seu palacete em 1884.

Inspirada pela arquitetura e pelos hábitos culturais franceses, nos salões do palacete de número 18, promovia concertos, tertúlias e debates sobre filosofia, artes e política. Entre ilustres convidados, recebeu o escritor português Eça de Queirós – fato discutido por historiadores que contestam a visita do poeta ao país.

Independentemente desse episódio, era intensa a movimentação cultural impulsionada por Veridiana. Estímulo essencial à capital paulista, que, naquele período, ganhava impulso econômico, mas não era palco de debates, novos pensamentos e expressões artísticas.

Cultuada no seu tempo e ainda hoje, Dona Veridiana foi enterrada no Cemitério da Consolação. Sua lápide, localizada ao lado de outras grandes mulheres brasileiras, como a educadora Anália Franco e a artista Tarsila do Amaral, é vista por admiradores e interessados na história da capital. Também pode ser visitado na capital o palacete que, em 2008, foi adquirido pelo Iate Clube de Santos.

 

SERVIÇO

Palacete Dona Veridiana

Iate Clube de Santos

Local: Av. Higienópolis, 18,

Higienópolis, São Paulo – SP

Visitação: As visitas são feitas em grupo e sob agendamento.

Informações: (11) 3155-4400

icsantos@icsantos.com.br

 

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