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Onde a casa mora em nós

Fotografia: Webdocumentário EntreVilas | Divulgação
Fotografia: Webdocumentário EntreVilas | Divulgação

Onde a casa mora em nós? Mia Couto, escritor moçambicano que ficcionou realidades de pós-guerra no seu país, nos coloca diante desta reflexão. Para além da casa como espaço físico, o que nos aconchega e traz um respiro diante de um imenso lá fora?

A casa poderia ser o abraço de um filho, que envolve como quem tem o mundo todo nos braços? Poderia ser o espaço entre o cangote e o aconchego de alguém amado, onde se deita a cabeça e sente-se o mundo entrar em câmera lenta? Poderia ser o olhar de uma mãe, que extravasa o amor contido? O que é a casa para você?

O que diz aquela fotografia antiga achada em meio a um livro, a dedicatória na capa do disco, o cheirinho de café? Qual a vida contida nestes objetos à nossa volta? Há neles memórias, saudades? Qual o lugar dessas miudezas em nossas vidas? Há aqueles para quem a casa é onde se sonha. E aqueles para quem a casa é somente um sonho. O que é a casa para você? 

Neste momento de distanciamento social e cuidados com a saúde pessoal e coletiva, a mensagem é de que todos os que podem fiquem em casa. Então o convite aqui é para uma viagem diferente. Uma viagem que se propõe a ressignificar a presença da casa em nós. Onde, além destas paredes, a sua casa mora em você? Para inspirar esta reflexão vamos realizar uma série de passeios pelos significados e memórias de casas de artistas e também de personagens do cotidiano de cidades brasileiras. 

Muitas destas casas, hoje transformadas em museus e espaços culturais, são parte da programação de excursões e passeios do Turismo Social do Sesc em São Paulo, mas serão apresentadas aqui de uma forma diferente:  por meio de textos, fotos, vídeos e navegações virtuais e interativas, para trazer para você, na sua casa, um pouco do que é esta experiência de visitar presencialmente esses locais.

A série Onde a casa mora em nós é um convite para aproveitarmos este raro momento de pausa e reflexão e embarcarmos nos vários significados e histórias destes locais para, quem sabe, emergirmos com um novo olhar sobre nossa própria casa e sobre nós mesmos. Como nos lembra o filósofo Michel Onfray em seu livro "Teoria da Viagem: poética da geografia" (2009), uma lição ancestral é que o aprendizado do mundo se dá ao mesmo tempo que o aprendizado de nós mesmos:

 

"Nós mesmos, eis a grande questão da viagem. 
Nós mesmos e nada mais. Ou pouco mais. 
Certamente há muitos pretextos, ocasiões e justificativas, 
mas em realidade só pegamos a estrada movidos pelo desejo
 de partir em nossa própria busca com o propósito, muito hipotético,
 de nos reencontrarmos ou, quem sabe, de nos encontrarmos.
 A volta ao planeta nem sempre é suficiente para obter esse encontro.
Tampouco uma existência inteira, às vezes. 
Quantos desvios, e por quantos lugares, 
antes de nos sabermos em presença do 
que levanta um pouco o véu do ser!"   

 

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Casa do Sol: o universo de Hilda Hilst

O primeiro artigo da série "Onde em nós a casa mora" traz o universo da escritora Hilda Hilst em um roteiro multimídia pela Casa do Sol, em Campinas (SP). Mia Couto, escritor moçambicano que inspirou o título desta série, sempre fez muitas referências à obra de Hilda e se expressou como um grande admirador de sua poesia. Em homenagem a esta grande personalidade da literatura brasileira, que completaria 90 anos no próximo dia 21 de abril, convidamos todos para uma viagem pela Casa do Sol: o universo de Hilda Hilst. 

É só clicar aqui ou na imagem abaixo para  abrir os portões desta viagem.

 


 

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A casa atravessada pelas águas de um imaginário mar

Ela fica no Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, um lugar que um dia foi quieto e tranquilo: um arquipélago formado por nove ilhas na Baía de Guanabara, onde pescadores viveram e tiraram seu sustento por mais de 8 mil anos, como aqueles que antes habitavam os Alpes. Nossa casa azul de palafita foi construída por moradores que viveram o período em que a Maré ainda não havia sido aterrada. Testemunharam o tempo e passam suas histórias em cada madeira e em cada objeto do lugar. Há museus que são instituídos legalmente. Não é o caso deste, ele antes nasceu das mãos, vozes, histórias e lutas de muitos moradores e parceiros. É um museu parido. Dos museus mais sensíveis que você pode conhecer nestes tempos de cuidado e isolamento.

É só clicar aqui ou na imagem abaixo para embarcar nesta viagem.

 

 

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A casa do coração vermelho

Há uma velha casa às margens do Rio Vermelho, ao lado da ponte, na Cidade de Goiás. Vamos chamá-la, aqui entre nós, de Casa do Coração Vermelho. Isso porque ali morava Ana, que ainda criança inventou para si o nome Cora, pois era um nome único e evocava a lembrança de um coração.
A menina e depois a Ana mulher deixou esse nome guardado, existindo durante toda uma vida, enquanto seguia suas rotinas em São Paulo, para onde mudou-se, onde casou-se e onde criou seus filhos.Ana, que estudou até o primário, quando se deparou com a gramática no livro de um de seus filhos atinou: “se eu tivesse de escrever pela gramática, não escreveria coisa nenhuma”. E criou sua escrita única. Foi após os setenta anos, com “todas as idades”, que Ana se auto batizou inteiramente Cora Coralina, retornando à casa velha onde nasceu.

É só clicar aqui ou na imagem abaixo para atravessar a ponte que inicia esta viagem.

 

 

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A casa de um homem é um templo

As vilas operárias acompanham parte da história do Brasil e da cidade de São Paulo, sua urbanização, a trajetória trabalhista e os conflitos na urbe. Se, como disse Vinicius de Moraes, a casa do homem é um templo, quais são as memórias que marcam essas vilas e seus moradores? Hoje, remanescentes de muitas dessas vilas podem ainda ser encontrados pela cidade, em diferentes estados de conservação, e você pode visitá-los assim que este período de cuidados especiais e isolamento social passar. Conversar com seus moradores, antigos ou mais novos, é uma rica vivência, que dará a dimensão das experiências compartilhadas do viver operário, com seus limites e possibilidades, ontem e hoje.
Mas enquanto a indicação de isolamento social permanece, convidamos você a realizar uma viagem virtual por uma vila ao mesmo tempo real e imaginária. Uma vila que une pedaços da Vila Triângulo, da Vila Economizadora, da Vila Itororó e da Vila Maria Zélia e oferece uma mostra de como era e como é, ontem e hoje, a vida numa vila operária. Mostra, também, como se dão as relações entre moradores e suas casas, localizadas nessas vilas. 

É só clicar aqui ou na imagem abaixo para viajar por essas histórias.

 

 

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A casa na cidade do coração

Cordis, coração em latim; burgo, cidade. A cidade do coração, a pequena e tranquila Cordisburgo, em Minas Gerais. Ou Córdisburgo, pronunciada assim, como que com acento, como os habitantes do lugar. “(...) pequenina terra sertaneja, trás montanhas, no meio de Minas Gerais. Só quase lugar, mas tão de repente bonito”, como a descreveu João Guimarães Rosa, um dos mais importantes ficcionistas da literatura mundial. Foi nesse lugar que Rosa nasceu e passou seus primeiros nove anos de vida, de 1908 a 1917. Ali, vendo a chegada e a partida dos viajantes e as veredas que se abriam em forma de revistas, livros e notícias, brotou no menino o interesse pelas letras, pelas línguas e pela riqueza da vida naquele interior, naquele sertão-mundo.
Fica aqui então o convite para você conhecer e se encantar com a história de Guimarães Rosa e também para pôr a atenção sobre a relação que temos com o lugar de onde viemos, o lugar onde vivemos, sobre a importância de nossa infância, das relações, das memórias. A casa pode ser uma janela para o mundo! Boa viagem!

É só clicar aqui ou na imagem abaixo para abrir as janelas desta viagem.

 

 

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#EmCasaComSesc


Esta iniciativa faz parte do Outras Viagens, uma linha de ação que o Sesc em São Paulo realiza há mais de cinco anos e na qual desenvolve atividades que tratam do universo das viagens e do turismo, mas que não envolvem deslocamentos físicos (como bate-papos, exposições fotográficas, oficinas, exibições de filmes e outras intervenções artísticas). Ela se soma à proposta #EmCasaComSesc, que busca trazer conteúdos que contribuam para o bem estar de todos neste período em que as unidades do Sesc no estado seguem temporariamente fechadas para evitar a propagação do Coronavírus (Covid 19). Seja aqui no portal ou nas redes sociais, seguimos com a missão educativa do Sesc. Vamos juntos!
Saiba mais em sescsp.org.br/emcasacomsesc