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Ode à imaginação

Os Gigantes da Montanha (2013), Beto Franco e Simone Ordones. Foto: Guto Muniz
Os Gigantes da Montanha (2013), Beto Franco e Simone Ordones. Foto: Guto Muniz

"Gabriel-mago-metamorfoseador”. É assim que Rodrigo Audi, organizador, em parceria com Dib Carneiro Neto, do livro Imaginai! O Teatro de Gabriel Villela (Edições Sesc São Paulo, 2017), se refere ao diretor, cenógrafo e figurinista mineiro. O que revela tal metamorfose? A renovação, o retorno “ao barro de suas origens toda vez em que aponta para o futuro por meio de alguma nova obra”, explica Audi. “Imaginai!” é justamente o bordão do diretor que ecoa em cada criação e parceria. E são muitas: no currículo 42 peças – entre elas, Romeu e Julieta, em conjunto com o Grupo Galpão que chegou a ser encenada no The Globe, em Londres.

Caldeirão

De acordo com o crítico Macksen Luiz, os pilares de Villela são a “cultura do circo-teatro, o teatro popular e o circo mineiro”. Os diversos elementos reverberam na obra teatral, mas também puderam ser vistos em formato televisivo no especial A Paixão segundo Ouro Preto (2001, TV Globo). A obra é uma adaptação de Villela e Geraldo Carneiro da peça A Rua da Amargura – 14 Passos Lacrimosos sobre a Vida de Jesus (1994, Grupo Galpão), baseada no texto de teatro circense O Mártir do Calvário (Eduardo Garrido) e em festas e canções populares mineiras.

Villela também tem na sua trajetória a experiência como diretor artístico de importantes espaços cênicos do Rio de Janeiro e de São Paulo, como o Teatro Glória (RJ), de 1997 a 1999; e o TBC (SP), de 2000 a 2001. Ele personifica o encontro entre qualidades artísticas e técnicas, dando asas à imaginação, mas, ao mesmo tempo, mantendo os pés no palco. “Quando está montando uma nova cena, fica tomado de um brilho que ilumina a todos. No dia seguinte, pode querer mudar tudo, mas, naquela hora de materializar e corporificar suas ideias, não demonstra nem um segundo sequer de insegurança”, relata Dib Carneiro. De Villela, nem o lanche da equipe escapa. Ele é do tipo que fiscaliza o cardápio do elenco, checa o material de divulgação da imprensa, faz corpo a corpo com os responsáveis pelos teatros onde seus espetáculos são encenados. “Cerca-se de gente competente, mas fica de olho em tudo, sem perder o foco de seu rigor artístico. Isso é ter controle sobre a própria obra, o resto é silêncio”, resume Carneiro.

Baú de memórias

Publicação compila grandes momentos da carreira do encenador

Imaginai! O Teatro de Gabriel Villela (Edições Sesc São Paulo, 2017), organizado por Dib Carneiro Neto e Rodrigo Audi, compila os grandes momentos profissionais do diretor teatral Gabriel Villela. Nas 370 páginas, mais de trinta anos de história contados por meio de fotos de espetáculos teatrais, shows e óperas, textos analíticos de críticos e depoimentos de artistas e parceiros que acompanham a trajetória de Villela. Para completar, há comentários do próprio diretor, que abre seu baú de memórias sobre cada trabalho, bastidores e parcerias criativas.

 

 

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