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Entre o físico e o digital

Farsa, 2019 Renata Lucas | Foto: Renata Lucas courtesy the artist and neugerriemschneider, Berlin
Farsa, 2019 Renata Lucas | Foto: Renata Lucas courtesy the artist and neugerriemschneider, Berlin

Entre o físico e o digital

AS LIMITAÇÕES IMPOSTAS PELA PANDEMIA ACELERARAM

PROCESSOS E CRIARAM ATALHOS ENTRE ARTISTA, OBRA E PÚBLICO

 

A necessidade de restrições e de isolamento imposta pela pandemia da Covid-19 levou ao fechamento de museus e espaços expositivos. Nesse novo cenário, houve uma aceleração de processos e a elaboração de atalhos entre artistas, suas criações e o público, com a mediação das telas. “Existe uma urgência em definir um protocolo para a experiência estética pós-pandêmica e a virada para o digital veio para ficar”, afirma a crítica Marta Mestre, curadora geral da exposição FARSA. Língua, Fratura, Ficção: Brasil-Portugal, no Sesc Pompeia.

A mostra, programada inicialmente para abril, foi repensada para o ambiente virtual e as obras foram revistas. Uma parte dos trabalhos de FARSA inaugura a <anexa>, novo espaço expositivo do Sesc Pompeia, totalmente digital. A curadora adjunta da exposição, Pollyana Quintella, cita o exemplo de Corpo Celeste, de Aline Motta e Rafael Galante. Essa obra transitou entre o físico e o digital, o que, segundo Pollyana, “implicou adaptações diversas”.

A artista Aline Motta diz se tratar de uma “instalação composta por uma animação projetada no chão e por uma caixa”, de onde são retiradas “sentenças proverbiais em umbundo e kikongo [línguas da África Ocidental], que se conectam com o momento em que vivemos”.

 

AQUI, AGORA?

Com a pandemia, o ambiente digital tornou-se o espaço possível de contato com o público, assim como ocorre com outras linguagens artísticas, como comprovam as lives de música, de teatro e de dança, com uma audiência ascendente. No entanto, Marta salienta que esse meio carrega ambivalências que interferem na fruição artística, revelando as nuances do online, responsável por anunciar formatos “supostamente democráticos e inclusivos”, mas que acentuam a “relação entre subjetividade e capital, a monetarização da vida pelo algoritmo”.

No reverso da tela, ou das várias telas que se apresentam, o isolamento social conduziu “às janelas e nos manifestamos através de músicas e protestos”, observa Marta. No entanto, complementa a curadora geral da exposição FARSA. Língua, Fratura, Ficção: Brasil-Portugal, “as ruas podem e devem continuar a ser um lugar da imaginação do comum, do fazer da comunidade”.

 

Pelo avesso

Exposição utiliza o ambiente digital para navegar pela multiplicidade da língua

Para tratar da complexidade da língua e da linguagem, FARSA. Língua, Fratura, Ficção: Brasil-Portugal reúne mais de 50 artistas, suas obras e atividades online sob a curadoria geral de Marta Mestre e curadoria adjunta de Pollyana Quintella. Segundo Marta e Pollyana, a exposição responde a um sentimento de fim, mas também de riso e paródia, pois a razão possui os seus avessos. É este campo que o público é convidado a explorar em FARSA. A mostra presencial, na área de convivência do Sesc Pompeia, foi reformulada e ganhou novos contornos devido às medidas de contenção da Covid-19 – entre elas o distanciamento social –, deve passar a permitir visitação por agendamento em breve.

Entre as obras, duas foram elaboradas exclusivamente para o ambiente digital: Máxima Performance, de Marina Dalgalarrondo, e Onde Pinga Não Seca (para a mãe de Gabriel), de Anitta Boa Vida. Angélica Freitas, Natasha Felix, Raquel Nobre Guerra, Ismar Tirelli Neto lerão poemas escritos para a exposição e, até novembro, Suely Rolnik e João Fernandes, entre outros, participarão de conversas também na internet. Visite FARSA também, em breve, na <anexa> em www.sescsp.org.br/pompeia.

 

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