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Memória em mutação

O Estado de S. Paulo, 5 de outubro de 1919
O Estado de S. Paulo, 5 de outubro de 1919

MONUMENTOS DA CIDADE DE SÃO PAULO GUARDAM A NARRATIVA SECULAR DE NOSSA FORMAÇÃO CULTURAL

São Paulo, que comemorou 467 anos em 25 de janeiro, é repleta de histórias. Existe memória em cada esquina. E os monumentos espalhados pela cidade guardam parte dessa narrativa secular. Quer saber mais? Basta visitar o Monumento às Bandeiras, ao lado do Parque Ibirapuera; ou o Monumento a Ramos de Azevedo, no bairro do Butantã; ou ainda o Monumento à Independência, no bairro do Ipiranga, entre tantos outros, para cruzar tempo, espaço e eventos históricos de nossa formação cultural.

 

Registro do Vale do Anhangabaú em 1911, no começo do processo de urbanização. No lado direito, a fileira de casas do lado oposto da Rua Formosa (com fundos para o vale), que seria demolida para a construção do Parque Anhangabaú. Foto de Aurélio Becherini, 1911. Acervo Fotográfico do Museu da Cidade de São Paulo

 

 

Reunião de fatos

Se nossa trajetória é intrínseca à cidade, a reunião de memórias é parte dessa complexa triangulação.

É o que explica Gustavo Piqueira, autor de A Pirâmide do Piques: São Paulo Narrada pelo Largo da Memória (Edições Sesc São Paulo, 2020): “Para uma cidade do tamanho de São Paulo, creio ser difícil qualquer tipo de síntese – inclusive aquela que busca delinear uma só memória coletiva. O que existe é uma narrativa ‘oficial’ da cidade que se afirma como tal”.

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Monumentos e Obras Artísticas do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico de São Paulo), Alice Américo, apesar de a cidade estar em constante mudança, “os monumentos históricos preservados são os que se tornaram referenciais urbanos e, mesmo que o significado atribuído à obra seja totalmente diferente do propósito para que ela foi construída, a sociedade e cada indivíduo foi estabelecendo vínculos afetivos que passaram a compor o seu dia a dia”.

Em sua experiência, a pesquisadora reforça o poder de ressignificação dessas obras, quando atreladas à visão da cidade de hoje. Assim, o reconhecimento da população sobre a importância da preservação conjuga-se a ações do poder público. “Ao mesmo tempo, o poder público também precisa colaborar ao relacionar essas obras com o contexto urbano atual, integrando-as à cidade contemporânea”, completa Alice.

 

 

Foto de Militão de Azevedo, 1862, tirada próximo à Igreja e ao Convento de São Francisco. Foto de Militão Augusto de Azevedo, 1862

 

 

No centro da história

Largo da Memória “relata” acontecimentos únicos da capital

Ao percorrer as páginas de A Pirâmide do Piques: São Paulo Narrada pelo Largo da Memória (Edições Sesc São Paulo, 2020), a cidade em suas diversas formas, cores e épocas aparece em movimento. Há mapas, textos e iconografias para incluir o leitor no local das mudanças vivenciadas pelo Centro.

O Largo da Memória é uma área tombada próxima ao metrô Anhangabaú e considerada o primeiro monumento municipal e marco urbanístico da cidade. Formado pela rua do Paredão (Cel. Xavier de Toledo), ladeira do Piques (Quirino de Andrade) e a Ladeira da Memória, unificou pelo nome a conexão desses três caminhos.

 

Foto de Militão Augusto de Azevedo, 1862

 

O autor do livro, Gustavo Piqueira, acrescenta: “Acredito que a trajetória do Largo ilustre essa dinâmica de ir deixando tudo – edificações, regiões, hábitos, pessoas... – pra trás em detrimento daquilo que cintile alguma aura de novidade. Foi, inclusive, um dos motivos pelo qual escolhi o local como ‘narrador’ do livro”.

Leia um trecho da obra em: https://www.sescsp.org.br/online/edicoes-sesc/997_A+PIRAMIDE+DO+PIQUES#/tagcloud=lista

E assista aqui a live de lançamento, realizada pelo Youtube das Edições Sesc São Paulo: https://www.youtube.com/watch?v=U4ieqwUzwl4&feature=emb_err_woyt

 

 

Obelisco do Piques, primeiro monumento da cidade, erguido em pedra de cantaria por Vicente Gomes Pereira, o mestre Vicentinho, em 1814. Foto de Gabriel Zellaui, 1953. Acervo Fotográfico do Museu da Cidade de São Paulo

 

 

Cenas da cidade foram retratadas no painel de azulejos do Largo da Memória feito pelo ceramista e pintor paulista José Wasth Rodrigues. MATSUY, Karen Sayuri. Painel de Azulejos do Largo da Memória: Histórico, Iconografia e Mapeamento de Dados. São Paulo, TFG FAU-USP, 2012

 

 

Foto de Gustavo Piqueira, 2018/2019

 

 

Como um organismo vivo, a cidade passa por constantes processos de mudança. Com isso, os monumentos históricos tornam-se referenciais urbanos com os quais moradores criam vínculos afetivos. Esse é o caso do Largo da Memória, área tombada próxima ao metrô Anhangabaú, na capital paulista: marco urbanístico da cidade, o Largo, composto pelo obelisco, chafariz e painel de azulejos é o protagonista desta narrativa em imagens. Foto de Gustavo Piqueira, 2018

 

 

Divulgação

 

 

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