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Guia para se Perder Em Bertioga na Semana Internacional Turismo Para Todos, Solidário e Sustentável

Praia de Guaratuba | Foto: Guilherme Silva
Praia de Guaratuba | Foto: Guilherme Silva

*Por Cadu de Castro

Neste ano de 2021, a Semana de Turismo para Todos, Solidário e Sustentável acontece no ambiente virtual, assim como foi em 2020. A pandemia da Covid-19, além de haver diminuído substancialmente os deslocamentos, suspendeu, também, muitas atividades presenciais. Esta desaceleração nas viagens turísticas nos dá um tempo vital para refletirmos sobre a atividade, especialmente o modelo de turismo praticado pelo mercado. Os valores da solidariedade, da sustentabilidade e da Ética, aplicados ao Turismo, como preconiza a ISTO (The International Organisation of Social Tourism), devem ser colocados em prática em todas as áreas da atividade.

Sob nossa perspectiva, o Turismo é uma ferramenta potencial de educação e transformação social. O encontro entre pessoas – considerando a enorme complexidade que isto pode significar –, pode fazer florescer o sentido da alteridade, pois, não é ao nos olharmos no espelho que nos reconhecemos e, sim, quando nos deparamos com o “outro”, alter, aquele que é diferente de nós.

No ano passado,  o Núcleo de Turismo Social (NTS) do Sesc São Paulo e o Sesc Bertioga solicitaram a produção da série Guia para se perder em Bertioga.

 

 

Esta, em princípio, teria 3 episódios, mas foi expandida para um total de 16, dada a repercussão e as críticas positivas. Em sua produção, consideramos os valores da solidariedade, da sustentabilidade e da Ética em todos os momentos, da concepção à finalização dos vídeos. Pensamos em um programa que oferecesse não apenas meros conteúdos ‘sobre viagens’, mas possibilidades de reflexões aos espectadores, ao mesmo tempo que valorizasse as pessoas que vivem na região, suas memórias, seus saberes e fazeres; que educasse sobre a relevância do patrimônio natural regional e buscasse repercurtir nas posturas e ações do turista e da comunidade local para a sua conservação; e, por fim, que apresentasse e dignificasse o patrimônio histórico e cultural do território.

Realizamos um levantamento de todas as potencialidades da região, bem como de pessoas que pudessem contribuir com suas memórias, saberes e fazeres. Percorremos quase todos os bairros de Bertioga e os fronteiriços do Guarujá e Santos, como a Prainha Branca e o Caruara, respectivamente. Registramos as diferentes paisagens e ecossistemas, da vegetação da restinga à Mata Atlântica, praias, lagos e rios. Entrevistamos – seguindo rigorosamente todos os protocolos de segurança contra a Covid-19 – caiçaras, pessoas nativas e outras que vieram à região para trabalhar ou que aqui buscaram refúgio da cidade grande.

No caso da comunidade Guarani, da Terra Indígena Rio Silveira, foi solicitado que a própria comunidade gravasse as imagens em vídeo, considerando os cuidados em tempos de pandemia.

É importante ressaltar que todas as pessoas que participaram dos 16 episódios do Guia para se perder em Bertioga receberam um cachê pela entrevista ou ação realizada. Valorizar as pessoas das comunidades locais, suas memórias, seus saberes e fazeres; estimular a construção de relações não hierarquizadas entre turistas, moradores do lugar e trabalhadores do segmento; e proporcionar momentos de reflexão sobre nossas interações com as paisagens e ecossistemas, assim como sobre nossas práticas de consumo, são caminhos para a edificação de um Turismo solidário, que busque a sustentabilidade e que se paute na Ética, como uma reflexão sobre a moral e seus desdobramentos.

É este o caminho que encontramos para o Guia para se perder em Bertioga.

Esperamos que encontre o de vocês, perdendo-se por Bertioga!

 

 

*Cadu de Castro é historiador e guia de turismo.