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‘Isto não é Um Mapa – Moradia’ apresenta ‘Dança para assentar urgências’ nas redes do Sesc Bom Retiro

A ação integra o projeto "Isto não é um mapa", em curso desde 2020, que neste momento tem como recorte a questão social da Moradia


Integrando o Projeto "Isto não é um Mapa", o Sesc Bom Retiro apresenta uma série de vídeos produzidos a partir de depoimentos de pessoas que vivem ou viveram situações de moradia vulnerabilizada no centro da cidade de São Paulo. Uma forma de cartografia poética e possível para a complexidade desse território e seu entorno, tendo como recorte a questão social da moradia.  

A série tem início com o experimento audiovisual “Dança para assentar urgências”, criado a partir de conversas com Janaína Xavier, que é líder comunitária, uma das integrantes do Conselho Gestor da Quadra 36 dos Campos Elíseos, integrante do Comitê PopRua (Comitê Intersetorial da Política Municipal da População em Situação de Rua) e coordenadora da Ocupação Rio Branco 701.

"À procura por dias mais terrenos, na vontade de subir terra e morada pro ar, a Cia. Sansacroma lança ao mundo uma Dança para Assentar Urgências, no impulso de gerar movimento para cuidar dos corpos afetados pela dúvida da morada. Partimos da poética da Dança da Indignação e nos deslocamos com a segurança e desobediência necessária para transformar as realidades em luta, em dança, em voz" (Érico Santos - Cia Sansacroma)
 

A Ocupação Rio Branco 701 reúne 21 famílias socialmente vulnerabilizadas que têm sofrido ameaças de remoção desde maio de 2020: a mais recente, suspensa, data de maio de 2021. Moradoras em cortiços e em situação de rua, as famílias - que incluem crianças, idosos, gestantes, pessoas com deficiência e pessoas em situação de refúgio e imigração -, ocuparam o prédio localizado na Av. Rio Branco, centro de São Paulo durante o isolamento social. Algumas são oriundas de despejos anteriormente concretizados nas quadras do entorno da chamada “cracolândia”. 

O centro de São Paulo possui centenas de prédios abandonados ou semi abandonados, em processo de deterioração, que poderiam abrigar famílias sem teto. Esta é uma reinvindicação histórica dos movimentos de moradia no centro. A Câmara dos Deputados aprovou em maio de 2021 o projeto de lei que proíbe o despejo ou desocupação de imóveis até o fim deste ano, suspendendo os atos praticados desde março de 2020, exceto aqueles já concluídos. A proposta será enviada ao Senado. O prazo de votação é incerto. 

Em São Paulo, a Assembleia Legislativa (ALESP) aprovou este mês um projeto de lei que suspende despejos, remoções e reintegrações de posse, judiciais e extrajudiciais, em todas as cidades do estado durante a pandemia, com duração de até três meses após o fim das medidas de restrição para combate da Covid-19. 

O Supremo Tribunal Federal (STF) já havia determinado a suspensão, por seis meses, de medidas semelhantes em todo o território nacional devido ao coronavírus, em especial quando se tratasse de população vulnerável. 

A “dúvida da morada” permanece tensa

Para abordar a questão da moradia a partir do experimento audiovisual “Dança para assentar urgências” foi convidada a Cia Sansacroma. Criada em 2002 pela atriz, dançarina e coreógrafa Gal Martins, a companhia tem se dedicado a desenvolver trabalhos baseados no hibridismo característico das criações coreográficas na contemporaneidade. O ponto de partida são as poéticas do corpo negro e como ele está inserido na sociedade. Focaliza temas pertinentes à sociedade atual, no modo em que chegam e afetam a todos diretamente, seja no cotidiano das ruas, nas relações sociais e interpessoais, na mídia ou na própria arte.

A Dança da Indignação, conceito criado pela artista, norteia a pesquisa de linguagem estética da companhia, que pretende reverberar no ato dançante as indignações coletivas, numa abordagem político-poética, apontando para as intersecções entre arte e vida. Tendo feito uma escolha singular ao atuar diretamente na periferia sul de São Paulo, onde este território influencia diretamente o seu processo artístico.  

Assista a "Isto Não É Um Mapa - Dança para assentar urgências":
 


Caminhos trilhados

Fruto de um mergulho na região onde o Sesc Bom Retiro se insere "Isto não é um mapa" é uma mostra que apresenta os territórios por meio de cartografias afetivas, poéticas, sociais e micropolíticas, das ações sociais intensificadas no contexto da pandemia às narrativas de processos históricos da produção dos espaços da cidade às resistências coletivas, do viver à cidade. Memórias de uma convivência que nos propõem reflexões e nos permitem imaginar futuros. Por meio de diversos formatos e linguagens, o projeto já passou por outros dois recortes, "Protagonismo e Articulação do Território" e "Lugar de Música", e dá sequência com esta nova série à questão social da Moradia.


Confira as ações já realizadas: 

Protagonismo e Articulação do Território

Série de webdocumentários sobre o trabalho realizado por diversos agentes que atuam no centro da cidade de São Paulo: Cia Pessoal do FaroesteUNEAFRO, Pastoral do Povo da RuaCasa Florescer Abrigo Dom Bosco. Teve como abertura o documentário realizado em parceria com o Sesc Vila Mariana, dentro do projeto Teatro e Ação Social, com a Cia Mungunzá de TeatroColetivo Tem SentimentoAssociação Agentes da Cidadania – Mulheres da Luz - em campanhas contra a fome na periferia e no centro da capital durante a pandemia. Casa do PovoColetivo Tem SentimentoAssociação Agentes da Cidadania – Mulheres da Luz, em campanhas contra a fome na periferia e no centro da capital durante a pandemia.

Lugar de Música

Série de podcasts que aborda a produção musical do território, com reflexões sobre a materialidade da apresentação ao vivo, as formas de circulação e consumo da música. Entrevistas com representantes de importantes blocos de carnaval de rua do centro de São Paulo como Ilu Oba De Min, Ilu Inã, Classe A, Blocolândia, Minhoqueens Agora Vai.

“Habitação de Interesse Social no centro da cidade de São Paulo: panorama histórico e horizontes possíveis”

Realizado no dia 29/04/2021, o debate teve a participação de Benedito Barbosa, Carmen Silva e Nabil Bonduki e abordou temas como os mutirões autogestionados, as ocupações no centro de São Paulo, as saídas possíveis com a parceria-público-popular (PPPop), a autogestão, a concessão para uso e a locação social, as experiências bem-sucedidas, avanços, retrocessos e desafios para o planejamento urbano e a habitação social.

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