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Inglaterra vs Brasil: qual é o campo mais fértil para a ufologia?

Newton Rampasso, ufólogo e pesquisador
Newton Rampasso, ufólogo e pesquisador

A ufologia é rodeada de mistérios. O que algumas pessoas desacreditam, outras apresentam evidências e teses sobre a vida fora do planeta terra. Mas essa diferença de pensamentos tem a ver com o acesso à educação e publicações do gênero? Existem diferenças entre o campo de estudo no Brasil e em outros países, como por exemplo, a Inglaterra? 

Em entrevista exclusiva ao Sesc Birigui, para a Eonline, o ufólogo Newton Rampasso fala sobre o campo da ufologia internacional em comparação com o Brasil e como os estudos desta área são encarados por brasileiros e pela comunidade internacional.  
 

Eonline: Existe um paralelo entre a ufologia na Inglaterra e no Brasil?

Penso que existe um nível de seriedade que envolve o tema em ambos os países. São investigadores de campo, jornalistas e muitos mais, que levam a ufologia a sério, com programas, debates, palestras, conferencias, buscas por documentos oficiais, vários canais que informam cada vez mais a população interessada no assunto. 


Eonline: Atualmente, como o Brasil está no campo da ufologia, em relação aos outros países? O que falta para alcançá-los? 

Sinceramente, não vejo muita diferença. Estive muito tempo fora do Brasil, mas tive a oportunidade de trabalhar com um dos maiores pesquisadores de ufologia do país, Ademar Gevaerd, o editor da revista UFO, a melhor publicação sobre ufologia na atualidade.  

O Brasil está sempre, ou quase sempre, participando e bem representado nos eventos internacionais. Alguns países não participam por uma razão ou outra, mas o Brasil está frequentemente presente no campo da ufologia.


Eonline: Inglaterra é um país que pesquisa ufologia? Como se encontra o cenário da ufologia na Inglaterra atualmente? 

Sim, a Inglaterra é um país que pesquisa de tudo um pouco, e não é diferente com a ufologia. Um dos seus principais representantes, Nick Pope, já investigou o fenômeno para o Ministério da Defesa Britânico e atualmente existem muitos outros pesquisadores atuando, mas oficialmente continua sendo acobertado pelo governo. 


Eonline: Como você foi recebido na Inglaterra, dentro da comunidade de ufólogos? 

Fui muito bem recebido, participando de vários grupos de pesquisa de campo e também na área de  informação, já que alguns grupos como o Elufon (Essex and London UFO Network) publicava nos anos 90 uma revista sobre o fenômeno ufológico.  

Também tive a oportunidade de trabalhar com um dos maiores pesquisadores de ufologia da Inglaterra, Harry Challenger, hoje o editor da revista FSR (Flying Saucer Review), a mais antiga publicação de ufologia. Na minha opinião, a ufologia em geral é um fenômeno mundial e não restrito a apenas alguns países e, com isso, a comunidade de pesquisadores está aberta para todas as nacionalidades. 

 
Eonline: Acredita que a Inglaterra possui mais campo do que o Brasil, no que tange à ufologia? Por que? 

Acredito que não há como comparar os dois países no campo da ufologia a ponto de dizer que um tenha mais campo que o outro. No meu modo de ver, são simplesmente diferentes, mas não que um seja melhor que o outro. Claro que a cultura inglesa é muito mais antiga, já estavam buscando respostas para fenômenos ufológicos na antiguidade, antes do Brasil ser descoberto, mas aqui também temos os indígenas que, de certa forma, estavam fazendo a mesma coisa.  

Na Inglaterra, existe muita organização de cada espaço no campo, com isso existe mais divulgação. O próprio sistema, onde não há tanta pobreza, faz com que as pessoas estejam menos preocupadas com a sobrevivência, e a educação fica mais acessível, permite mais abertura, e tudo isso ajuda a formar grupos mais organizados com maior poder de informação, principalmente levando em conta o fator da linguagem. O mundo todo praticamente acessa publicações em inglês, mas poucos em português.  

Já no aspecto literal, o Brasil é enorme e sabemos que o Reino Unido inteiro cabe dentro do Estado de São Paulo, ou seja, o Brasil tem bem mais campo geográfico para o fenômeno ufológico. Porém, não tem estrutura para o mesmo acesso e divulgação internacional que existe lá fora.  

E também há outros fatores que devem ser levados em consideração, como a tecnologia. Sabemos que parte da ufologia que tange a vida extraterrestre está relacionada aos avistamentos, experiências, anomalias e incidentes que envolvem armas nucleares. Assim, temos esse tipo de ocorrência na Inglaterra, como foi o caso da Floresta de Rendlesham, quando ogivas nucleares foram desativadas. Os agroglifos também surgiram em grande número na região de Wiltshire, onde está localizada uma enorme área militar.  

Em contraposição, incidentes ufológicos tem bastante ocorrência de norte a sul por aqui. Citando apenas uns poucos exemplos, casos como a Operação Prato, a Noite Oficial dos Ovnis e Varginha, são de importância internacional para a ufologia mundial. 


Eonline: Qual é o pensamento geral dos ingleses com relação à ufologia? O campo é encarado como um movimento de estudo e observação, como acontece no Brasil? Ou não? 

Só posso dizer sobre os ingleses que encontrei durante minhas pesquisas e nesse caso sempre foi de uma maneira aberta e profunda de pensamentos complexos. Dependendo do grau de conhecimento dos ingleses, que já têm muito mais acesso aos materiais publicados sobre ufologia e outros estudos do que a maioria dos brasileiros, acabam tendo um pouco mais de discernimento para auxiliar nas pesquisas de campo.  

Vejo os brasileiros mais divididos, encarando a ufologia somente como um movimento de estudo e observação, ignorando as outras facetas importantes do fenômeno, como o contatismo, ou encarando o fenômeno totalmente de forma mística, sem apoio dos estudos que trazem conhecimentos auxiliares no discernimento de uma experiência. Isso traz uma clara divisão dentro da ufologia, que atrapalha o desenvolvimento da mesma no Brasil. 
 

Sobre o entrevistado 

O ufólogo Newton Rampasso estudou astronomia e, após obter licença de piloto, se estabeleceu na Inglaterra. Desde então, pesquisa os "Agroglifos", formações de tamanho considerável criadas por meio do achatamento de uma cultura, como cereais, colza, cana e capim, tendo 30 anos de experiência no campo.  

É autor do livro "How to Contact Extraterrestrials" (Como Contatar Extraterrestres) e consultor de diversas publicações ufológicas. 
 

Cosmos 20 anos  

Newton Rampasso é um dos palestrantes que integram o ciclo de palestras do Cosmos 20 anos. A palestra “Agroglifos - Degraus para o Contato” apresenta o que são, quando e onde surgiram os Crop Circles, também conhecidos como agroglifos. Serão abordadas formas de estudo do fenômeno no campo da ufologia e principais casos relatados. 

Confira abaixo: