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É primavera...

Flores da sibipiruna. Crédito: Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de SP
Flores da sibipiruna. Crédito: Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de SP

Saem de cena as folhas secas e chega a vez das flores de setembro. Época de caminhar pelas ruas, parques e praças da cidade de São Paulo, com todos os cuidados e medidas necessários, e de se admirar com as copas das árvores – verdadeiros ramalhetes de presente para os olhos. Na companhia do biólogo, professor e fundador da Escola de Botânica, Anderson Santos, convidamos você a aguçar sua percepção e aprender sobre espécies nativas do Brasil em plena florada, facilmente encontradas na capital. Caso da sibipiruna, cujo nome científico é grande mesmo: Cenostigma pluviosum var. peltophoroides. Sua copa ampla proporciona uma grande área sombreada, característica que a tornou tão importante na arborização de São Paulo. “Suas pequenas flores se agrupam em conjuntos denominados inflorescências, e suas pétalas amarelo-ouro intenso atraem inúmeras espécies de abelhas”, explica o biólogo, que nos guia na identificação de outras espécies.

 

 

Flor da monguba. Crédito: Rob Stoeltje

 

MONGUBA – Pachira aquatica

O paisagista Roberto Burle Marx foi um dos responsáveis pela popularização dessa árvore no paisagismo e por sua inserção na arborização urbana no Brasil a partir da década de 1960. Da família Malvaceae, ela pode atingir até 12 metros de altura. Suas flores são grandes, com cinco pétalas castanho-amareladas, longas, com as pontas enroladas e muitos estames (órgãos masculinos das flores), e estes apresentam a base branca ou castanha e a ponta avermelhada, em conjunto lembram pompons. Elas se abrem, geralmente, a partir das seis da tarde e atraem abelhas, mariposas, pássaros e morcegos. No ambiente nativo, as sementes são dispersas com a abertura dos frutos e alimentam animais como tatus, pacas, cotias, peixes e tartarugas. As sementes tornam-se comestíveis quando assadas, torradas ou fritas, sendo consideradas, em diferentes partes do país, uma Planta Alimentícia Não Convencional (Panc).

 

 

Ipê-branco florido. Crédito: Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de SP
 

 

IPÊ-BRANCO – Tabebuia roseoalba

Espécie muito apreciada como ornamental e de grande importância econômica na construção civil, em projetos de arborização e paisagismo, essa árvore da família Bignoniaceae pode atingir até 18 metros de altura. Apesar do nome popular, ipê-branco, as pétalas apresentam um leve tom de rosa. A floração tem curta duração, com média de quatro dias na cidade de São Paulo, e a polinização é realizada por abelhas. Os frutos são cápsulas deiscentes, ou seja, abrem-se quando maduros, e são semelhantes a vagens. Outra característica é que essa árvore produz muitas sementes aladas, que são dispersas pelo vento.

 

 

Flores do dedaleiro. Crédito: Tatiana Gerus
 

 

DEDALEIRO – Lafoensia pacari

No passado a madeira dessa espécie era utilizada para fazer eixos de carros de boi e ferramentas, por sua dureza e resistência. Árvore da família Lythraceae, ela pode atingir até 20 metros de altura. Curiosamente, suas flores com pétalas brancas se abrem no fim da tarde e exalam um suave aroma que atrai diversas espécies de abelhas, além de vários pequenos morcegos que têm o néctar como principal alimento. O cálice (conjunto de sépalas) é fundido e tem formato de um dedal, característica que atribui à espécie o nome popular “dedaleiro”. Os frutos capsulares, cheios de sementes, amadurecem a partir de abril, e as inúmeras sementes que voam com a abertura natural dos frutos apresentam uma membrana castanho-amarelada que é utilizada por algumas espécies de aves como matéria-prima para a construção de ninhos.

 

 

Flores da pitangueira. Crédito: Mauro Guanandi
 

 

PITANGUEIRA – Eugenia uniflora

O nome pitanga tem origem tupi e significa “vermelho”, característica marcante dos frutos maduros. Árvore da família Myrtaceae, ela pode atingir até 12 metros de altura. Nas adultas, a floração costuma ser farta. As pequenas flores apresentam cinco pétalas brancas e numerosos estames que lembram pequenos pompons. A polinização é realizada por abelhas e aves que encontram no néctar dessas pequenas flores uma fonte rica de alimento. Os frutos do tipo baga têm um formato bem característico e podem ser verdes, amarelos, laranja ou vermelhos, dependendo do estágio de desenvolvimento. As sementes são dispersas por aves e germinam com facilidade em solos úmidos. Quando as folhas são maceradas, exalam um cheiro bastante característico.