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Esclarecimento

Recebi a matéria [sobre morte de bebês indígenas – edição 381] encaminhada por um amigo e estou indignado com a informação atribuída a mim de que 98 crianças yanomami foram "assassinadas pelas mães" em 2004 (e 68 em 2003).
Gostaria que o jornalista retificasse essa matéria, esclarecendo quais fontes consultou. Nunca falei com esse senhor. Aguardo a correção das informações.
Marcos Pellegrini

Resposta do repórter
De fato, não falei com o doutor Pellegrini. A matéria não diz isso em momento algum e avisa que as informações foram colhidas na imprensa – "Folha de Boa Vista", na edição de 11 de março de 2005, e "Brasil Norte", de 26 de maio de 2004.
Procurei o doutor Pellegrini para confirmar as informações através da Comissão Pró-Yanomami, do Instituto Socioambiental, da Funasa em Brasília, do jornal "Folha de Boa Vista" e do Distrito Sanitário Yanomami, onde o assessor de imprensa Ribamar Rocha informou que ele havia deixado a área em 2006.
Estes são os trechos dos jornais que registraram a informação:
"Sim, nós temos crianças morrendo por desnutrição em Roraima. E se a essa causa for acrescentado o péssimo hábito das índias yanomami de matarem seus filhos, caso o anterior ainda esteja sendo amamentado, os números indicam que estamos diante de uma tragédia. Segundo o médico Marcos Pellegrini, do Distrito Sanitário Yanomami (DSY), somente no ano passado morreram 104 crianças de zero a nove anos de idade. Dessas, seis perderam a vida por desnutrição e 98 foram mortas pelas mães." ("Folha de Boa Vista", 11 de março de 2005.)
"As áreas de atuação [do Plano Distrital de Saúde 2003/2004, do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami] foram definidas através da realização de duas oficinas de trabalho realizadas pelo DSY. Para a chefa do distrito, uma das principais preocupações das equipes de saúde é reduzir o número de infanticídios, que elevaram o coeficiente de mortalidade infantil de 39,56 para 121 no ano de 2003. Ao todo foram 68 crianças vítimas de infanticídio no ano passado." ("Brasil Norte", 26 de maio de 2004.)
Marcelo Santos

Nota da Redação
O número de crianças yanomami mortas, publicado em Problemas Brasileiros, teve como fonte os órgãos de imprensa citados acima. O médico sanitarista Marcos Pellegrini não foi autor direto das informações, como pode ter transparecido do texto publicado na edição em questão.