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Carta ao Leitor

Por um ano mais tranquilo

Como se pode observar na mensagem acima – "tranquilo" sem trema –, a partir desta edição já adotamos a nova grafia da língua portuguesa. São pequenas alterações que, segundo os gramáticos, vão modernizar a linguagem escrita.

As mudanças, entretanto, que mais chamam a atenção neste momento são outras, e podem vir a ter um significado importante em nossa história. Diante do cenário de crise que o mundo apresenta – econômica, ambiental, de valores sociais e humanos –, o Brasil tem a oportunidade de demonstrar que está preparado para não só enfrentar esse período difícil mas também dele tirar lições e sair fortalecido.

A fabricação de biodiesel em nosso país, tema de capa deste número, apresenta um potencial enorme: há uma variada gama de matérias-primas disponíveis, além do know-how necessário e da infraestrutura de processamento. Tudo isso dá ao Brasil condições de assumir posição de relevo na produção de biocombustível e oferecer uma alternativa viável ao petróleo. Ocorre, porém, que atualmente o mercado internacional se mostra muito exigente, e o país não pode correr o risco de ver os futuros compradores erguerem barreiras à entrada de seu produto. Por esse motivo, é praticamente uma imposição que o governo adote medidas efetivas para que as lavouras que vão abastecer as usinas do combustível verde não abocanhem áreas destinadas ao plantio de alimentos. Mas não é só. É preciso também impedir o avanço do desmatamento, combater a concentração fundiária e a utilização de mão-de-obra escrava, e promover a integração da agricultura familiar no processo produtivo. Ou seja, há muito o que fazer.

Ainda na área que mescla energia e meio ambiente, apresentamos uma matéria que trata da venda de créditos de carbono. Esse assunto, polêmico, leva muitos cientistas e ambientalistas a torcer o nariz para o que eles chamam de mercado da poluição. De qualquer forma, na batalha contra o aquecimento global há empresas que enxergam a oportunidade de realizar grandes negócios, desenvolvendo projetos que substituem fontes poluentes de geração energética ou sequestram carbono da atmosfera.

Em outra reportagem, esta de caráter social, abordamos uma das mazelas do Brasil: o descaso com as crianças e os adolescentes que vivem nas ruas. Se não sabemos ao menos quantos são, como será possível delinear políticas para resgatá-los dessa situação e reinseri-los na sociedade? Não é concebível nem razoável negar a esses seres humanos completamente desprovidos de proteção condições de recuperar a dignidade.

Finalmente, no campo das artes, mostramos um pouco da trajetória de nosso maior maestro e compositor de música erudita, Heitor Villa-Lobos, cuja morte ocorreu há 50 anos. E contamos a história de Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccillo. Criador do Museu de Arte Moderna e da Bienal de São Paulo, esse mecenas paulistano teve também participação decisiva na fundação do Teatro Brasileiro de Comédia e da Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

Abram Szajman
Presidente da Federação e Centro do Comércio do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac