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Um Bom Retiro para todos nós

por Milton Soares de Souza

“A melhor maneira de predizer o futuro é inventá-lo” Alan Kay – pioneiro da computação pessoal

Desejo falar a respeito das imagens de um futuro bom e bem próximo de todos nós, que ilustram a história que se desenha neste exato momento no Bom Retiro, distrito situado na região central de São Paulo. O Bom Retiro é um bairro de convergências interessantíssimas. De muitas complementaridades. Sobre a memória urbana do bairro, muito já foi dito, fotografado, filmado, de modo que tratar desse assunto poderia soar repetitivo.

O local, lá pelos idos do século 19, foi o espaço de descanso e recreio de famílias nobres. Hoje, de lugar retirado, guarda-se apenas o nome. O Bom Retiro recebe milhares de pessoas por dia para fazer compras na fashion rua José Paulino e proximidades. É um bairro multicultural e dinâmico. Talvez o mais cosmopolita de São Paulo. Com descendentes de diversas origens. O Bom Retiro já foi dos Árabes, dos Judeus, dos Armênios, dos Gregos e dos Italianos. E estes, na rua José Paulino, fundaram o Sport Club Corinthians. Hoje, o bairro também é conhecido como a segunda Liberdade. Está tomado pelos coreanos. E também pelos ditos Bolivianos.

Quem anda pelo bairro encontra Sinagogas, Igrejas Católicas e Protestantes. O distrito abriga diferentes religiões, derivadas das diferentes ondas migratórias presentes no bairro. Está aí, talvez, a característica melhor desta cidade, tão áspera sob vários aspectos: a vocação para o cosmopolitismo, já que São Paulo é, inevitavelmente, multicultural e multiétnica.

Possuidor de uma importante herança patrimonial e cultural da cidade, o Bom Retiro abriga importantes centros culturais: a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Sacra de São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa e tantos outros.

A cultura gastronômica também exemplifica o mosaico étnico.  Aqui há uma enorme concentração de padarias e lojas de doces por metro quadrado. A Casa Búlgara é parada obrigatória para saborear as deliciosas Burekas. A variedade de restaurantes é enorme. Alguns elogiados, como é o caso do tradicional Acrópole, restaurante grego, que desde 1959 serve a deliciosa Mussacá.

O Bom Retiro é um perfeito exemplo de regeneração urbana para a qual a cidade caminha. O debate sobre a revitalização do Centro de São Paulo, um desejo de todos, envolve, de um lado, políticos, urbanistas e sociólogos quanto às formas de recuperação do espaço metropolitano sem que haja segregação social. ?E de outro, o capital especulativo, que vê uma grande oportunidade de negócios nessa região.

É exatamente nesse bairro que o Sesc se faz presente a partir do dia 27 de agosto. A inauguração da Unidade Bom Retiro, com um moderno sistema de operação, baseado nos princípios da sustentabilidade, demonstra claramente o desejo da entidade em contribuir com a proposta de revitalizar o Centro e proporcionar à população que ali mora, trabalha e circula oportunidades de convivência, lazer e cultura.

Para atender ao público diariamente, o Sesc Bom Retiro pretende fazer conviver, criativamente, por meio de sua programação, o multiculturalismo e o respeito à cidadania. Ambiciona inventar um futuro acolhedor para que as pessoas possam se divertir, exercitar o diálogo, a criatividade e o bem-estar corporal. Um futuro que construa uma cultura do afeto, regada com muita felicidade, garantindo às pessoas o direito de contemplar a estética do belo e do inusitado. 

Nas imagens de um futuro bom para São Paulo, é gratificante ver o quanto o Sesc, amparado por um forte sentido de responsabilidade social, pode contribuir para restituir ao bairro a antiga concepção de seu nome e, assim, demonstrar para a população paulista que o centro da cidade pode voltar a ser, sim, um lugar de um Bom Retiro.
 

Milton Soares de Souza é sociólogo, mestre em Ciências da Comunicação e gerente do Sesc Bom Retiro.