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Feliz 2012 a todos

Este ano que se inicia será marcado por um evento que atrairá os olhares do mundo para o Brasil, a Rio+20, na qual serão discutidos e estabelecidos critérios para a conduta das nações em relação ao meio ambiente. Não fosse nossa falta de competência para lidar com a exuberante natureza com que fomos brindados, seria uma oportunidade excelente para afirmar nossa autoridade na área ambiental. Em vez disso, mesmo sediando a conferência, é provável que nos caiba um papel menor, de coadjuvante, e não é difícil entender por quê.

Nossa reportagem de capa mostra que temos a maior reserva de água doce superficial do planeta, equivalente a 12% do total, além de enormes depósitos em aquíferos. Embora se trate de uma riqueza inestimável, que se evidencia ao compararmos nossa situação à de outros países, em alguns dos quais a escassez desse bem precioso é permanente, isso não significa que desfrutemos de condições adequadas de abastecimento. Pelo contrário, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, cerca de 28 mil brasileiros morrem por ano devido a doenças provocadas pela má qualidade da água que ingerem, além de outros 35 milhões não contarem sequer com conexão à rede de distribuição. E engana-se quem pensa que essas pessoas vivem em locais afastados dos centros mais desenvolvidos.

Segundo a Agência Nacional de Águas, os piores índices encontrados estão justamente nas bacias que abastecem as regiões metropolitanas, ou seja, onde a densidade populacional é maior. Mudar essa situação é difícil, porém possível, desde que abandonemos a frouxidão no trato dos problemas hídricos, que se constata, por exemplo, na falta de implementação plena das próprias instituições reguladoras previstas em lei, entre outros fatores.

Lembrando ainda os tormentos que afligem os moradores dos grandes centros, outra matéria aborda um tema que se torna mais presente com a chegada do verão – a impermeabilização do solo. Não é preciso ser especialista para perceber que o crescimento das cidades vem acontecendo sem o devido planejamento e que, com isso, a pressão do mercado imobiliário acaba prevalecendo sobre o bom senso. A consequência de canalizarmos rios, ocuparmos regiões de várzea e eliminarmos a já escassa vegetação remanescente, para citar apenas alguns dos absurdos cometidos ao longo dos anos, são inundações e todos os transtornos delas decorrentes. Mais uma vez cabe ao poder público não somente tomar medidas preventivas, como, ao mesmo tempo, concentrar esforços na solução dos pontos de alagamento já existentes, que tanto martirizam os cidadãos.

Para contrabalançar temas tão densos, falamos também de cultura, homenageando dois importantes autores, um de literatura e outro de teatro, em seu centenário de nascimento, Jorge Amado e Nelson Rodrigues.

Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac