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Painel de Clóvis Graciano no Edifício Nações Unidas

No final dos anos de 1940, o pintor, desenhista, cenógrafo, figurinista, gravador e ilustrador Clóvis Graciano (1907-1988), paulista de Araras, mudou-se para Paris, onde aprendeu técnicas de produção de murais, inclusive com mosaicos. Dois anos depois, já de volta ao Brasil, o artista passou a se dedicar à pintura mural e à produção de painéis – que podem ser encontrados em diversos endereços da cidade. Um deles está no Edifício Nações Unidas, localizado na avenida Paulista, número 648, na esquina com a avenida Brigadeiro Luís Antônio. O trabalho, composto de cerâmica esmaltada e medindo 7,5 metros por 4 metros, começou a ser executado em 1958 e foi instalado no ano seguinte. A cena retratada mostra quatro figuras femininas no centro, trajando vestes longas e uma espécie de capuz sobre a cabeça, lembrando freiras com um ar divino, ladeadas por figuras masculinas ao longe. Com corpos de cor ocre, os dois grupos, formados por quatro homens cada um, lembram escravos – o da esquerda parece trabalhar e o da direita olha e acena para o que seria um sol ou um gigantesco girassol. Entre as cores, azuis de vários tons, um verde típico das matas e um tom de argila que lembra a terra. No conjunto, é possível notar a presença do figurativismo com predomínio de temas sociais que marcou o trabalho de Graciano. Para os que passam sempre de cabeça baixa pela Paulista, vale olhar para o lado e reservar alguns minutos do dia para apreciar o trabalho de um dos grandes nomes das artes visuais brasileiras.

VISTAS CONTEMPORÂNEAS

Personagens e Fronteiras: Território Cenográfico Brasileiro

Originalmente elaborada para representar o Brasil na 12ª Quadrienal de Praga, capital da República Tcheca, considerada o maior evento mundial de cenografia, esta exposição coletiva de artistas nacionais é a grande vencedora da Triga de Ouro, prêmio máximo do evento. Agora é vez de os brasileiros descobrirem, na Funarte São Paulo, o que impressionou o júri, formado por pesos pesados da área – como o teórico norte-americano em teatro performance Marvin Carlson, a cenógrafa e designer estoniana Monika Pormale e a iluminadora israelense Felice Ross.

Personagens e Fronteiras reúne trabalhos de cenógrafos e figurinistas brasileiros, produzidos para 27 espetáculos desde 2005, em diferentes suportes: instalações, vídeos, croquis, objetos, fotografias. Em um espaço expositivo comum – apresentado, ele próprio, como uma grande instalação –, as produções foram organizadas em quatro blocos – Memória, Lugares, Ação e Transposição. Entre os destaques de cada um deles, vale menção, respectivamente, à cenografia de João Irênio para a minissérie Hoje É Dia de Maria (TV Globo, 2005), ao trabalho do diretor de arte e figurinista Flávio Graff para a montagem teatral O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo (produção de 2007 e que ficou em cartaz na Unidade Provisória Avenida Paulista), à criação do Coletivo Casadalapa para a intervenção urbana Enquadro (2009), e a duas obras da série de portas pintadas pelos grafiteiros Osgemeos para um show do músico pernambucano Siba, em 2008.

A Funarte São Paulo fica na Alameda Nothmann, 1058, no bairro de Santa Cecília, região central de São Paulo. O horário de funcionamento é de segunda a segunda, das 14h às 22h, e a entrada é franca. Mais informações pelo telefone 3662-5177 ou no site www.pq11.com.br.