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Horizonte sustentável

texto: Carina Flosi fotos: Flavita Valsani

A despeito das críticas quanto à implantação efetiva de medidas que tornem as cidades brasileiras mais sustentáveis, especialistas comemoram o aumento da conscientização popular e preveem avanços concretos nas próximas décadas.

Avançamos pouco em ações concretas de sustentabilidade, mas a população está cada vez mais informada e madura para lidar com a questão, e as perspectivas são positivas. Esse é o mais recente diagnóstico realizado pelos articuladores da Agenda 21 nacional, iniciativa que desde a Eco-92 discute alternativas para o crescimento sustentável do país.

Graças a esse amadurecimento, a expectativa é a de que, por meio de soluções integradas e articuladas em rede, a sustentabilidade poderá virar realidade concreta no futuro e elevar a qualidade de vida da população urbana, que hoje corresponde à metade dos brasileiros – índice que, no mundo todo, deve atingir 60% até 2030, segundo projeção do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Para o diretor regional do SESC SP, Danilo Santos de Miranda, a sociedade precisa despertar urgentemente para esse que é o principal desafio político e cultural do século 21: construir uma cultura de sustentabilidade. “Entendemos que a educação ambiental para a saúde, para a cidadania, para a prática esportiva, para a alimentação saudável e para a diversidade cultural em todos os programas que desenvolvemos é uma ferramenta chave para mudarmos valores, comportamentos e estilos de vida. Se desejamos alcançar uma cultura da sustentabilidade – e ainda estamos longe disso – é necessário fomentar, permanentemente, a percepção, o entendimento sobre as nossas ligações profundas com a natureza e o engajamento real para as transformações necessárias no nosso modo de viver”, explica.

A secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, explica que o projeto Agenda 21 foi o agente de mobilização de centenas de cidades para dimensionar seus problemas em áreas como construção de moradias, preservação de áreas verdes, gerenciamento de lixo, suprimento de água potável, conservação da energia e mobilidade.

No entanto, pouco foi feito para elevar o bem-estar associado ao cuidado com o meio ambiente. “O resultado desses anos de ações demonstra que muitos municípios conseguiram identificar seus desafios. Mas, por falta de investimento, os projetos não foram implementados. Não sinto frustração, pois houve um aprendizado”, avalia. 

A secretária avisa que para reverter o atual quadro insustentável das cidades e para que os problemas presentes não sejam transferidos para o futuro é preciso rever o plano nacional da Agenda 21. “Estamos longe de alcançar cidades sustentáveis. A capital
de São Paulo, por exemplo, enquanto não botar o dedo na ferida, que é a mobilidade urbana, ficará a anos luz da sustentabilidade”, prevê.

De acordo com a ONU, as cidades ocupam atualmente apenas 2% da massa de terra do planeta e são responsáveis por mais de dois terços do uso de energia e das emissões de gases causadores do efeito estufa no mundo. Rubens Harry Born, um dos gestores do projeto Rede Brasileira de Agendas 21 Locais e coordenador executivo do Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, concorda que o Brasil não conseguiu deter os processos de degradação do meio ambiente. “A Agenda 21 brasileira não é referência no mundo.

A maioria das ações não trouxe resultados. Assim, o conceito sustentabilidade vem como o alerta para as próximas gerações. O aviso é de preocupação. Precisamos, com urgência, seguir as várias frentes positivas de sustentabilidade já existentes nas cidades. Os cenários para o futuro das cidades sustentáveis estão traçados.” Born defende a sua teoria, “3 Hs”, para o sucesso do planejamento e execução das cidades sustentáveis. São eles: habitantes conscientizados, habitações sustentáveis e habitat saudável. 

“São Paulo ainda está na contramão dos 3 Hs. A mobilidade urbana na capital é um absurdo, o consumo é desordenado e o desperdício, incontrolado. A grande medida é o transporte público de qualidade. Não adianta ter ciclovias para passear, elas precisam de estrutura para que as pessoas utilizem o meio para trabalhar e estudar”, afirma.

O especialista sugere que uma cidade sustentável pressupõe várias cidades sustentáveis. “Não posso ser sustentável aqui se, em razão da minha sustentabilidade, um índio caiapó tem de perder uma parte de sua sustentabilidade. Temos de encontrar formas de consumo que respeitem toda essa diversidade étnica, as várias culturas, as histórias diferentes.”

Consumo

Para Ricardo Oliani, coordenador do Instituto Akatu pelo consumo consciente, o morador da cidade tem consciência de que as mudanças de seus hábitos não serão refletidas agora, e nem na qualidade de vida dos seus filhos, mas somente nas gerações seguintes. Por isso, muitas vezes deixa a preocupação ambiental de lado na correria do dia a dia. “É preciso alterar drasticamente o modelo atual de consumo urbano. Há um descarte exagerado, mais de 40% a mais do que o planeta consegue regenerar”, conta.

No Akatu, por meio de jogos e dinâmicas, ele ensina que as pequenas mudanças de hábito de hoje serão os grandes diferenciais no futuro. “Simples atos de consumo dentro de casa e no trabalho, como economizar energia no banho, fechar a torneira para escovar os dentes, desligar aparelhos eletrônicos em modo stand by, já têm forte poder de transformação, de influência, e trazem benefícios econômicos e de bem-estar.” 

Segundo Oliani, a educação para o consumo consciente é uma alternativa viável e rápida de formar cidades sustentáveis. Uma das orientações é planejar as compras para evitar o desperdício. Pesquisas do instituto apontam que o consumidor joga fora 30% do que compra e, em geral, não se preocupa com o prazo de validade. A conscientização das empresas também é foco do instituto. “Elas já sabem que obtêm lucro e fidelização do cliente com medidas de responsabilidade socioambiental. É um interesse mútuo: o consumidor prestigia a companhia com práticas voltadas ao meio ambiente e a empresa deseja ter clientes interessados em viver em uma cidade melhor”, explica.

Outra bandeira do instituto é a pressão na gestão pública. “Se a população estiver consciente de que os recursos naturais vão acabar, será a sociedade que cobrará governos a atuarem com empenho na questão da sustentabilidade.” Com essas iniciativas de conscientização na compra, uso e descarte, explica, a corrente do consumo consciente dos seus impactos aumenta e ganha dimensão. “Não dá mais para a sociedade fomentar um modelo insustentável de vida”, alerta.

Atualmente, a média nacional brasileira aponta que 70% das pessoas dizem que pagariam mais caro por um produto verde, e 90% delas sabem que a insustentabilidade é um problema a ser resolvido. No entanto, apenas 30% compram produtos sustentáveis, comprovando que colocar em prática o plano das ideias ainda é um caminho longo. “Mas vamos pensar positivo, há cinco anos, esse número era de 14%.”

Para os especialistas em consumo, o assunto está na moda, na pauta das empresas, virou diferencial de marca, e o governo já trata o tema como vitrine nas campanhas. O consumidor começa a se questionar se um produto é realmente consciente. Sobre o valor do produto saudável, Oliani explica que, no primeiro momento, o produto sustentável pode parecer mais caro, mas que o consumidor já percebeu que esse item não vai gerar outros impostos e maior degradação ambiental, e sim resultar em limpeza para a cidade, sem prejudicar a sua saúde. “Daí, o desconto que ele traz para o bolso e para o bem-estar. Eu acredito que meus netos vão ver a capital paulista sustentável. Acredito que é possível. Não acredito em não fazer nada.”

Para Maurício Piragino, coordenador do grupo de trabalho Democracia Participativa do Movimento Nossa São Paulo e diretor da Escola de Governo, os espaços de participação, em que as pessoas possam refletir sobre os problemas da cidade, estão fechados nos municípios. “Para a cidade ser sustentável, precisa ser pensada no sentido descentralizado. Hoje, porém, ela está cada vez mais centralizada. Tudo é decidido na região central e não nos bairros em que os problemas estão enraizados”, explica.

Piragino acrescenta que “não dá para pensar numa cidade sustentável sem questionar a descentralização econômica e de serviços”. O Movimento Nossa São Paulo articula iniciativas para que os conselhos dos bairros se reúnam para discutir os problemas locais e pressionar os agentes públicos.

“Os desafios de uma cidade sustentável são muitos: implantar uma boa malha de transporte público, reduzir as emissões de CO2, ter prédios verdes, controlar a qualidade do ar e da água, gerenciar os resíduos, preservar a vegetação e estimular negócios sustentáveis. Tudo isso tem de ser pensado em conjunto, e as portas precisam estar abertas para essa discussão”, reflete o coordenador da entidade.

Lixo

Para a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, o manejo do lixo é hoje a maior tragédia ambiental das cidades brasileiras. “O lixo é maldito. A pessoa joga fora, na lixeira, e acha que já fez
sua parte. O lixo é como esgoto, não aparece. Após o descarte, as pessoas não se preocupam mais. Você já viu algum prefeito ser eleito porque inaugurou um aterro sanitário? Não investem porque não há pressão social.” espaços públicos. 

Segundo a secretária, o lixo é o terceiro item em custo nas grandes cidades, fica atrás apenas da saúde e educação. Samyra acredita que a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, já aprovada na Câmara dos Deputados e que agora está no Senado, é crucial para qualquer esperança de sustentabilidade. Os números da pasta indicam que os quase 6 mil municípios brasileiros amontoam, por mês, 150 mil toneladas de resíduos. E para onde vai esse lixo? “Não há regulamentação que obrigue o cidadão a cuidar do lixo. Só
4% do lixo urbano [das cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes] é reciclado. Com a lei, a responsabilidade pelo descarte do lixo será compartilhada. Cada um terá o dever de fazer sua parte”, explica.

Atualmente, São Paulo recicla uma média de 280 gramas de lixo por habitante, o que significa que o paulistano ainda é incapaz de destinar corretamente seus resíduos e manda para a reciclagem um peso equivalente a uma garrafa PET a cada seis dias.

Para agravar essa situação, o lixo eletrônico, ou e-lixo, já toma considerável espaço na pauta de discussões sobre reciclagem. Anualmente são descartados 40 milhões de toneladas de e-lixo no mundo. Entre os emergentes, o Brasil ocupa a preocupante posição de primeiro lugar. Um relatório recém-divulgado pela ONU mostra que, até 2020, o aumento desse material pode chegar a 500% em diversos países, incluindo o Brasil. Uma iniciativa que já ganha peso em São Paulo é a Coopermiti, Cooperativa de Produção, Recuperação, Reutilização, Reciclagem e Comercialização de Resíduos Sólidos Eletroeletrônicos, que incentiva o envio para reciclagem não só de produtos comercializados pela fabricante, como de qualquer e-lixo.

Os consumidores entregam os produtos não mais utilizados diretamente na Coopermiti, na Barra Funda, zona oeste, ou o material é coletado com o caminhão da cooperativa. Após o recebimento do material, é feita a triagem e reciclagem, especialmente importante no caso do lixo eletrônico, que possui elevado grau de toxicidade e potencial de contaminação. Hoje a cooperativa recicla quatro toneladas de lixo eletrônico por mês. “A meta é chegar às 50 toneladas para que todos os 22 cooperados tenham rendimento”, explica o presidente, Alex Pereira.

Água

Na busca pela sustentabilidade nas cidades brasileiras é possível encontrar várias ações de reuso de água. Outra frente de trabalho importante na configuração atual das metrópoles é a da impermeabilização do solo, que traz consequências alarmantes, como enchentes e deslizamentos. Uma parceria entre a Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e a Prefeitura de São Paulo propõe uma solução para as enchentes nas grandes cidades. O projeto desenvolve um pavimento que, ao contrário da pavimentação usada atualmente em todo o Brasil, é capaz de reter a água da chuva.

Atualmente, a ausência de regulamentação federal e a falta de conhecimento sobre tecnologias existentes representam entraves para o setor. Em termos de legislação nacional, há apenas uma resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de 2006, que estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática do reuso não potável do recurso – usada para rega de jardins e lavagem de calçadas. Já o reuso potável não é aplicado no país. O Brasil tem cerca de 12% de toda a água doce superficial (em rios e lagos) da Terra.

Bairro sustentável

Como exemplo de que com estratégias construtivas é possível criar áreas ambientalmente sustentáveis, o bairro Pedra Branca, em Palhoça, Santa Catarina, é um dos 16 empreendimentos do mundo escolhidos pelo Conselho da Construção Verde dos Estados Unidos (USGBC, na sigla em inglês), que criou recentemente o programa de desenvolvimento positivo para o clima.

A área, com cerca de 1,7 milhão de metros quadrados, deverá abrigar uma população de 30 mil pessoas dentro de 15 anos. As estruturas do bairro pregam economia de energia, pouca geração de resíduos e mobilidade urbana. O bairro também conta com um
sistema de drenagem de águas pluviais. “Em Pedra Branca, a meta será otimizar a utilização dos recursos naturais e gerar a menor quantidade de resíduos possível. Se, na prática, o bairro conseguir tornar-se 50% sustentável, já será um avanço”, avalia
Silvia Manfredi, diretora da Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica.

Já para as grandes metrópoles, inseridas em cenários insustentáveis, a arquiteta acredita que os primeiros sinais de sustentabilidade aparecerão quando as mudanças ocorrerem de reportagem especial dentro para fora das pessoas, com motivação e conscientização. “Os brasileiros, por razões culturais, acham que a terra é abundante e que aqui nunca nenhum recurso natural irá acabar. Falta pressa para o brasileiro adotar em sua rotina.”

Um exemplo brasileiro de sustentabilidade citado pelo diretor da Vitae Civilis Rubens Harry Born é a cidade de Curitiba, que recebeu em maio deste ano, em Estocolmo, na Suécia, o prêmio de cidade mais sustentável do mundo, o Globe Award Sustainable City 2010. O principal programa apresentado por Curitiba foi o Biocidade, que condiciona todas as ações do município à questão ambiental. Curitiba tem hoje média superior a 50 metros quadrados de área verde por habitante.

Entre as iniciativas aplicadas, o coordenador do grupo de trabalho Democracia Participativa do Movimento Nossa São Paulo e diretor da Escola de Governo, Maurício Piragino, conclui a reflexão sobre a sustentabilidade das cidades brasileiras com a afirmativa de que unindo esforços será possível manter os atuais estoques de recursos para as gerações futuras. “Acreditamos nas cidades verdes, que acolhem e melhoram a qualidade de vida das pessoas, e, juntos, precisamos continuar agindo para formar sociedades sustentavelmente desenvolvidas.” 

SESC SP acredita na educação como base da sustentabilidade

A partir de uma longa experiência em dialogar com a cidade, o SESC SP afirma que um dos principais desafios para alcançar a sustentabilidade é a revisão do modelo de desenvolvimento adotado, em que o econômico se sobrepõe ao humano e ao ambiental.

“O imenso desafio de pensar a cidade em toda sua complexidade implica repensar desde a ocupação territorial dos espaços, a geração e distribuição de renda, o acesso aos bens culturais, o atendimento às necessidades básicas de segurança alimentar e saúde, até as possibilidades de criação coletiva de modos de vida sustentável, a partir dos pressupostos de solidariedade humana e do respeito aos ciclos vitais aos quais estamos submetidos, que têm limites e são vulneráveis à ação predatória do ser humano”, avalia o diretor regional do SESC São Paulo, Danilo Santos de Miranda.

Desde a sua criação, em 1946, o SESC trabalha focado na promoção do bem-estar social dos trabalhadores do comércio e serviços atuando fortemente com as questões concretas que conduzem à qualidade de vida.

Nesse sentido, o SESC é pioneiro em duas frentes: pelas características de seus equipamentos e pela ação educativa que mobilizou discussões importantes no campo socioambiental. “No primeiro caso, lembramos o exemplo de Interlagos, inaugurado em 1975, que implantou um importante projeto de paisagismo e de manejo da vegetação remanescente de Mata Atlântica, que, atualmente, tem um significado enorme na região sul da cidade de São Paulo, quase toda tomada por moradias, com poucas opções de áreas de lazer. Também o Centro de Férias de Bertioga, que, além de conservar, há mais de 60 anos, grandes áreas verdes, implantou estação de tratamento de esgoto e água, já na década de 80, e agora está adotando critérios de certificação ambiental para a renovação dos meios de hospedagem”, explica.

Mais recentemente, os projetos arquitetônicos das novas unidades têm se voltado diretamente para a diminuição do consumo de recursos como água e energia e incorporado técnicas de menor impacto ambiental.

“Podemos citar ainda a implantação de placas de captação de energia solar para aquecimento da água nos vesti- ários em várias unidades, a captação de água de chuva para reuso e o programa de gestão de resíduos, neste momento, em aprimoramento e expansão por todas as unidades”, acrescenta ele.

No campo da ação sociocultural, a atuação do SESC é bastante ampla. Por meio de dinâmicas educativas diferenciadas voltadas a todas as faixas etárias, por diferentes linguagens artísticas como espetáculos, exposições de artes plásticas e visuais, cinema e vídeo, além dos inúmeros seminários e diálogos com a sociedade, busca-se compartilhar conhecimentos. “Nessa
frente podemos citar os programas permanentes de formação de educadores e escolares desenvolvidos pelas unidades de Itaquera, Interlagos e Bertioga, todas com equipamentos e técnicos voltados para o desenvolvimento de atividades de educação socioambiental e com forte envolvimento comunitário”, conta Miranda, destacando os programas Viva o Verde e
o ASAS, de Interlagos, os Polos Integrados de Educação Ambiental e o projeto Natureza Pedagógica, de Itaquera,
e o mais recente, o Centro de Atividades Ambientais, de Bertioga.

Outras ações de repercussão na comunidade atendida pelo SESC foram o projeto “Pau-brasil: 500 anos de brasilidade” e o “Água Brasilis”, em parceria com a Estação Ciência. Por ocasião do aniversário de 450 anos de São Paulo, o SESC Itaquera desenvolveu, ao longo de sete meses, o projeto “Pauliceia: 450”, com a participação direta de 800 crianças e professores da zona leste, que fizeram expedições pela cidade e criaram uma maquete gigante de São Paulo.

Outro importante projeto desenvolvido em Bertioga é o Avifauna, que partiu de um estudo, realizado ao longo de 12 anos, sobre as aves que habitam a região, resultando em um plano de manejo para atrair mais aves, com a instalação de comedores e bebedouros e o plantio de espécies nativas atrativas. Somente em 2004, foram plantadas mais de 1.000 árvores e identificadas cerca de 130 espécies de aves. Todo esse trabalho está documentado em um livro. 

Pioneirismo

Miranda ressalta que todas essas experiências foram realizadas em um momento em que se falava muito pouco em meio ambiente. “O Projeto Parceiros do Tietê, de 1991, pré-Rio 92, tinha o intuito de mobilizar a cidade para a despoluição do rio Tietê. Partimos do pressuposto de que era fundamental sensibilizar a população de São Paulo pela ação cultural. Então foram realizadas diversas ações, como um grande espetáculo musical que reuniu 4.000 pessoas no Anhembi com grandes nomes da música brasileira, um ateliê no SESC Pompeia com artistas consagrados, que criaram obras exclusivas para este tema e um seminário internacional, que contou com a presença de especialistas brasileiros e ingleses, que apresentaram a experiência de despoluição do rio Tâmisa”, lembra. 

Miranda explica ainda que a intensa promoção cultural do SESC colaborou decisivamente para a mobilização social para despoluir o rio, conduzida posteriormente pela Rádio Eldorado, um dos parceiros do projeto. “Outra iniciativa que nos orgulha, também pelo impacto de mobilização social que propiciou, foi o Projeto ECOA, realizado em 1978 na região de Jacareí, sob a coordenação do SESC São José dos Campos. Desta experiência, que discutiu qualidade de vida e preservação da natureza, emergiram lideranças comunitárias que até hoje estão atuando.” 

No SESC Piracicaba, o Festival de Música Ecológica, no anos 1980, estimulou muitos grupos a pensarem estratégias de educação pela via da arte-educação. Atualmente, os projetos Colmeia e Sinal Verde fomentam discussões sobre temas ambientais.

“O SESC acredita que cada um tem um papel importante para construir a sustentabilidade onde vivemos. Por isso, ele se coloca propositivamente na tarefa de pensar junto e de favorecer ações exemplares”, conclui Miranda.

Diretrizes para as cidades sustentáveis

- Cidade mais verde

- Preservação dos recursos hídricos

- Melhoria da drenagem urbana

- Gestão adequada dos resíduos sólidos

- Redução das emissões de poluentes na
atmosfera

- Melhoria da mobilidade urbana

- Ações de economia sustentável

- Incentivo à cultura de paz