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Pequenas alterações no dia a dia e na forma de encarar o esporte e a atividade física podem ser a chave para sair do sedentarismo e manter uma rotina ativa. Os novos espaços, equipamentos e atividades voltados às práticas corporais em São Paulo auxiliam nessa mudança de comportamento, pois aumentam as opções de incentivo à qualidade de vida. Academias ao ar livre em praças, quadras em parques, ciclovias, grupos de caminhada e ciclismo e aulas de diversos tipos de dança e esporte em centros esportivos públicos ou privados são algumas das possibilidades à disposição. Basta olhar no bairro ou nas redondezas de onde trabalha e escolher a modalidade mais adequada a cada perfil.

Para a professora do departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consultora do Sesc Verão 2013, Simone Rechia, a busca por satisfação e conforto deve guiar a escolha de um esporte ou atividade física. “A pessoa deve optar por uma prática de que ela goste, que não a leve à exaustão e que a faça se sentir bem tendo em vista seus objetivos, que podem variar do controle do peso, alívio do estresse ou simplesmente curtir a natureza e encontrar os amigos”, explica.

Mas, mais importante do que o ímpeto de começar uma atividade, é sua incorporação na rotina. “Sair do sedentarismo não é só sair de uma posição de inércia para uma em movimento. É um estilo de vida que se constitui nas várias relações que você estabelece na sua vida, como você se alimenta, organiza suas horas de sono, constitui sua rotina de trabalho, lida com suas escolhas no campo do lazer, se essas escolhas incluem atividades culturais, físicas e de convívio social”, completa.

Adotar a bicicleta como meio de locomoção e percorrer distâncias curtas a pé são hábitos que ajudam a promover essa mudança de comportamento. “Trocar o carro pela bicicleta tem muitas vantagens, o contato com a natureza, com os locais da cidade, praças, parques, você não fica estressado nos engarrafamentos e faz uma atividade física intensa e interessante”, diz Simone. Segundo ela, além de fatores subjetivos, como a criação de vínculos afetivos com os espaços de prática corporal, a mudança de hábito em relação ao esporte e à atividade física depende também de alterações sociais na cidade, como a criação de espaços, equipamentos, políticas de segurança pública e de incentivo.

Ficou mais fácil trocar o carro pela bicicleta, seja para locomoção ou lazer, com as medidas de infraestrutura criadas na cidade, nos últimos cinco anos. Atualmente, os ciclistas contam com cerca de 58 km de ciclorrotas (veja no boxe Circuitos urbanos), 57,5 km de ciclovias, 67 km de ciclofaixas operacionais, com funcionamento aos domingos e feriados nacionais, das 7h às 16h, e 3,3 km de ciclofaixas definitivas, de acordo com a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET).

Como incentivo ao uso desse meio de transporte, no primeiro semestre de 2012, entrou em funcionamento o sistema de aluguel de bicicletas públicas Bike Sampa. Cerca de 60 estações estão à disposição dos paulistanos e, em três anos, a previsão é de que a cidade tenha 300 pontos de empréstimo, totalizando 3 mil bicicletas. Além disso, o metrô dispõe de 17 bicicletários e de um sistema de empréstimo de bicicletas e permite seu transporte em horários determinados.

Dados da pesquisa Origem e Destino, realizada em parceria com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP), a São Paulo Transporte S.A. (SPTrans) e a CET e divulgada em 2008, apontam a mudança de hábito de mobilidade entre os paulistanos. Em 2007, 345 mil viagens por dia na região metropolitana eram feitas com esse transporte. O número é mais do que o dobro do registrado dez anos antes, 160 mil.

O arquiteto e urbanista Ricardo Corrêa, diretor da TC Urbes, consultoria especializada na elaboração de projetos em mobilidade e requalificação do espaço público urbano, diz que as medidas de infraestrutura para os ciclistas em São Paulo são consequência de pressão dos cicloativistas nos últimos 10 anos e devem ser encaradas como testes.

“As ciclofaixas de lazer são, como o nome diz, destinadas mais ao lazer do que à mobilidade, pois São Paulo tem uma demanda por equipamentos de lazer. Da forma como elas são implantadas, nunca vão virar uma ciclovia”, diz. “Com exceção das bicicletas públicas, todas as alternativas que estão sendo colocadas em prática são pontuais e não fazem parte de um planejamento viário para a cidade toda, que é o que realmente faria de São Paulo uma cidade mais democrática do ponto de vista da locomoção”, afirma.

Segundo ele, em comparação com os motoristas de carro, a relação dos pedestres e ciclistas com as pessoas que estão circulando e com a cidade é muito maior, o que aumenta a sensação de pertencimento e, por consequência, a cidadania.

“Se você tem uma cidade que te convida a andar em melhores calçadas e de bicicleta com um sistema cicloviário que garante segurança e conforto, tanto para o ciclista quanto para os pedestres, as pessoas vão cada vez mais exigir uma cidade mais agradável e segura”, diz. A melhora do sistema viário tem impacto inclusive na segurança social, já que as ruas se tornam mais seguras à medida que aumentam as pessoas circulando. “A cidade passa a ser um grande parque porque possibilita que as pessoas se encontrem e que as relações sociais mudem, não fiquem restritas a guetos.”

Atividade física por prazer

Nos últimos anos, a instalação de academias ao ar livre acentuou a vocação das praças como alternativas para o esporte e a atividade física. Só no último mês de novembro, 14 praças de Guaianases e Lajeado receberam equipamentos para a prática de exercícios. Vale a pena procurar práticas corporais descontraídas e divertidas, que propiciem mais interação social, como é o caso dos grupos de caminhada e ciclismo e das danças.

É o caso do afromix – mistura de maculelê, capoeira e atividade aeróbica –, que foi criado em 2001 por Adenilson Silva Alves, conhecido por Mestre Tico. São realizadas aulas gratuitas do ritmo em diversos espaços públicos da cidade, que incluem o Parque das Árvores e o Centro de Cidadania da Mulher do Grajaú, ambos na Região Sul.

Os passeios semanais promovidos por grupos de ciclistas também já são comuns em São Paulo. O TuttoBiker’s sai da Avenida Pompeia, às terças, às 20h30. Pioneiro em passeios de bicicleta à noite na cidade, o Night Bikers parte do Jardim Paulista, às terças, às 20h45. Já o Starbikers tem grupos às segundas (percurso avançado), terças (iniciante) e quintas (intermediário), às 21h.

O Clube Amigos da Bike (CAB) se reúne às terças (iniciante) e quintas (avançado), às 21h, no Itaim Bibi. De acordo com o professor de Educação Física especialista em Ciclismo e presidente do CAB, Sergio Augusto Affonso, o passeio noturno do CAB, que atrai cerca de 100 ciclistas por saída, tem percurso variável e é sempre acompanhado por monitores.

“Começam a pedalar conosco muitas pessoas que não praticavam atividade física e elas retornam. O ciclismo se torna um hábito prazeroso, pois, além de todos os benefícios para a saúde, o participante conhece pessoas com os mesmos interesses, o que acaba servindo como um estímulo importante para a prática de atividade física”, afirma.

Atividade para todos

Primeiro evento da campanha MOVE Brasil,  o Sesc Verão 2013 convida à prática esportiva em espaços variados

De 5 de janeiro a 24 de fevereiro, as unidades do Sesc na capital, interior e litoral promovem o Sesc Verão 2013. Em sua 18ª edição, o evento oferece ao público diversas atividades esportivas, vivências, instalações, além de bate-papos, encontros com atletas, demonstrações de modalidades esportivas e exposições. O Sesc Verão 2013 é a primeira grande ação desenvolvida pelo Sesc para a campanha MOVE Brasil, que tem o objetivo de aumentar o número de praticantes de esporte e atividade física até 2016.

Parceria entre o Sesc, a Associação Cristã de Moços (ACM/YMCA), Atletas pela Cidadania, Autoridade Pública Olímpica (APO), International Sport and Culture Association (Isca), Ministério do Esporte e Ministério da Saúde, o MOVE Brasil realizará ações para ampliar os espaços e oportunidades para a prática esportiva entre a população no período de quatro anos.

“A proposta surge com o intuito de aproveitar o momento em que o Brasil recebe a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016 para dar evidência não só ao esporte de alto rendimento, mas ao esporte lúdico que pode fazer parte do cotidiano de todas as pessoas”, afirma o assistente técnico da Gerência de Desenvolvimento Físico e Esportivo do Sesc Eduardo Uhle.

Para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, é importante a realização de ações conjuntas no campo do esporte, com o objetivo de fortalecer, fomentar e democratizar a prática do esporte de lazer no país. “Esse será um dos principais legados dos grandes eventos que o Brasil receberá, com a construção de uma política nacional de esporte. O Ministério do Esporte tem se empenhado em promover o esporte de lazer e de participação, principalmente por meio dos programas Segundo Tempo e Esporte e Lazer da Cidade”, ressalta.

A programação do Sesc Verão 2013, norteada pelo tema Esporte para Todos, em Todos os Lugares, pretende unir o acesso às práticas esportivas e de lazer a todas as pessoas de forma prazerosa com uma reflexão sobre os espaços esportivos. “A ideia é incentivar as pessoas a olhar para o Sesc, os clubes, as ruas, as praças e os parques como espaços viáveis de prática e permanência no esporte e na atividade física”, afirma a assistente técnica da área esportiva e uma das coordenadoras do Sesc Verão 2013 Luciana Itapema.

Outra preocupação da organização foi elaborar atividades que tivessem conexão com a programação das unidades ao longo do ano de forma a incentivar as pessoas a dar continuidade às práticas esportivas experimentadas durante o evento.

Entre as principais atrações estão as instalações cenográficas e interativas que exploram o tema da praça e rua, como é o caso das unidades Consolação, com Esporte para Todos, em todas as praças; Belenzinho, com Praça Esportiva e Galpão Pais e Filhos; Pinheiros, com Nesta Rua Tem um Sesc Todo Meu...; Santo Amaro, com Tudo Vira Esporte; Pompéia, com Praça do Movimento; e Vila Mariana, com Por Todos os Lugares, o Corpo em Movimento. Já a instalação do Sesc Ipiranga Esporte e Água para Todos investe na simulação de ambientes com água e com gelo.

Confira dicas para incluir o esporte e a atividade física no seu dia a dia

•    Procure uma prática corporal que lhe dê prazer.
•    Privilegie atividades em seu bairro ou em espaços perto do trabalho. ?Dessa forma você pode se deslocar a pé para o local, ?evitando perder tempo no trânsito.
•    A prática esportiva é possível não só em espaços tradicionais, como academias. Considere as praças, parques e instituições públicas na sua escolha.
•    Administrar a vida pessoal, como ir ao banco, ao supermercado e levar o filho na escola, a pé, é uma forma de incluir a atividade física no cotidiano.
•    Considere a possibilidade de ir ao trabalho ou à faculdade de bicicleta pelo menos algumas vezes por semana.
•    Quanto mais cedo uma pessoa insere o esporte ou atividades físicas em sua vida, melhor, mas nunca é tarde para começar.


CIRCUITOS URBANOS

Uma das maiores metrópoles do planeta, São Paulo é conhecida – e muitas vezes criticada – por ser uma selva de pedra, em que os cidadãos se locomovem preferencialmente por meio de transporte automotivo, seja particular ou público.  No entanto, o cenário vem mudando, com a ampliação da oferta de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Essas pistas ligam parques e áreas de lazer, estimulando a prática esportiva e a convivência na cidade.

PARQUES

Com 84 parques municipais, a cidade de São Paulo dispõe de um conjunto de áreas de lazer e de descanso – ideal para quem busca locais tranquilos dentro da capital para praticar esportes ou apenas passear em contato com a natureza. O número de parques poderia ser maior, mas há locais em diversas regiões da metrópole, como o Parque da Luz, Parque Ibirapuera, Trianon, Parque da Independência, Burle Marx, Alfredo Volpi, Carmo, Villa Lobos, Guarapiranga, além da Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos.

CICLORROTA aproximadamente  58 km

Também chamada de rota de bicicleta, a ciclorrota compartilha o espaço das vias com os carros. Por conta disso, em geral, está presente em locais com pouca presença de veículos de grande porte, como ônibus e caminhões. Outros cuidados são a presença de sinalização específica para alertar os motoristas da presença e prioridade do tráfego ciclístico, além da limitação da velocidade dos veículos.
•    Brooklin
•    Butantã
•    Lapa
•    Moema
•    Móoca
•    Vila Mariana

CICLOFAIXA  aproximadamente   109 km

Inclusa ao restante da via,  a ciclofaixa é uma faixa destinada ao uso exclusivo de bicicletas. De forma geral, é indicada por sinalização e se localiza na borda da pista por onde circula o tráfego, podendo também estar na calçada ou no canteiro central.

Ciclofaixa de Lazer:

Totalmente segregada do tráfego geral por meio de cones e cavaletes. Ela se situa junto ao canteiro central ou à esquerda da via.  Nela é permitida a circulação de ciclistas aos domingos e feriados nacionais das 7h às 16h.
•    Trecho Paulista/Centro
•    Trecho Zona Leste
•    Zona Norte
•    Trecho Zona Sul/Oeste

CICLOVIA  aproximadamente   58 km

Geralmente localizada em vias arteriais e coletoras, a ciclovia é uma pista exclusiva para ciclistas. Segregada fisicamente do restante da via, pode estar situada na calçada, no canteiro central ou na própria pista por onde circula o tráfego geral. Além disso, é dotada de sinalização vertical e horizontal característica, como placas e pintura de solo.
•    Ciclovia Adutora Rio Claro
•    Ciclovia Butantã
•    Ciclovia Caminho Verde
•    Ciclovia Faria Lima
•    Ciclovia Parque Linear do Alto Tietê
•    Ciclovia Radial Leste
•    Ciclovia Represa Guarapiranga
•    Ciclovia Rio Pinheiros
•    Ciclovia Sumaré


Fontes: Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Mobilicidade, Metrô e São Paulo Turismo.