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Notas da Programação

foto: Divulgação
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Arte na estrada

Em sua 16ª edição, projeto palco giratório percorre o Brasil com peças, performances, intervenções, oficinas e debates marcados pela pluralidade


Desde 1997 o Palco Giratório vem realizando o intercâmbio das artes cênicas em âmbito nacional. Em 2013, os espetáculos iniciados em março percorrem 133 cidades brasileiras com 18 companhias de teatro que farão 732 apresentações até novembro, consagrando-se assim como o mais abrangente evento da categoria no país.


As novidades ficam por conta dos projetos Intervenções Urbanas e Circuito Especial, que foram agregados à programação deste ano. De acordo com o assistente da Gerência de Ação Cultural do Sesc e curador representante de São Paulo no Palco Giratório 2013, Sérgio Oliveira, o conceito subjacente das “intervenções urbanas” é o de criações que transitam com a linguagem performática.


“A performance, como linguagem específica, tem presença nas artes cênicas desde a década de 1960, mas atualmente ganha espaços sistemáticos e regulares, inclusive nas instituições. Nesses 16 anos, o Palco Giratório tem recebido cada vez mais propostas com esse conceito performático em que as ‘Intervenções Urbanas’ têm acontecido.” Já o Circuito Especial se caracteriza por discutir, evidenciar e dar visibilidade à obra de um criador, diretor ou dramaturgo renomado. “Essa notoriedade é necessária devido ao objetivo de se discutir e problematizar certos modos do fazer teatral contemporâneo e brasileiro, tanto pela inserção na programação quanto por textos para o catálogo e outras publicações”, explica Oliveira.


Companhias teatrais como Cia. Falácia (RJ), Dimenti (BA), Grupo Mamulengo de Cheiroso (SE), Núcleo Ás de Paus (PR), Atores de Laura (RJ), entre outras, foram selecionadas a partir de indicações de cada departamento regional do Sesc. “É incrível a força do teatro. Mesmo com tamanha diversidade, o palco tem a sua capacidade de aglutinar a diferença e ter por alguns momentos a enorme harmonia na diferença. O silêncio e a emoção do público durante o espetáculo provam isso”, declara o diretor da peça O Filho Eterno, da Companhia Atores de Laura, Daniel Herz. Dessa forma, ele acredita que se cria uma possibilidade de troca cultural para quem faz e para quem assiste.


Os atores da peça Amor Confesso, Cláudia Ventura e Alexandre Dantas (Cia. Falácia), compartilham da mesma opinião. “Você vê o público tendo acesso a uma variedade não só de gêneros teatrais como de linguagens específicas de investigação de companhias de cada região do país. Nós tivemos uma resposta muito positiva do público logo no início. A linguagem narrativa com que trabalhamos depende muito dessa relação direta com o público, e o pessoal tem embarcado totalmente conosco”, relata Dantas. “Além disso, é muito interessante podermos voltar a lugares a que já fomos com outros espetáculos, além de participar de oficinas, debates e trocas com grupos locais – o Pensamento Giratório”, completa Ventura. Confira detalhes da programação no Em Cartaz.

“Mesmo com tamanha diversidade, o palco tem a sua capacidade de aglutinar a diferença e ter por alguns momentos a enorme harmonia na diferença”
Daniel Herz, diretor da peça O Filho Eterno da Companhia Atores de Laura.



Sem saída
Três indivíduos são condenados ao inferno, cada um por um crime, e um será o carrasco do outro. O trio está preso numa sala, não precisa mais comer ou dormir, e tem toda a eternidade para expiar seus pecados. Esse aterrador cenário é o ponto central de Entre Quatro Paredes, montagem em cartaz no Sesc Santo André desde 12 de julho, baseada no texto Huis Clos (No Exit, como é conhecida em inglês), de autoria do pensador francês Jean Paul Sartre (1905-1980). O espetáculo é dirigido por Caco Ciocler e fica em cartaz na unidade até 4 de agosto.


Caminho premiado
No final de julho, a série Caminhos, coproduzida pelo SescTV e pela Maquina Filmes, foi a vencedora da categoria Produção de Série dos Prêmios TAL. Realizados pela Televisión America Latina (www.tal.tv), os prêmios visam incentivar e divulgar trabalhos audiovisuais de emissoras públicas e culturais do continente latino-americano. Com direção geral de Heloisa Passos, Caminhos, que estreou em março de 2012 e está em exibição no canal, é constituída de 13 documentários que mostram trajetos de casa para a escola, simbolizando as regiões culturais do País. O projeto contou com o incentivo da Ancine, pelo Fundo Setorial do Audiovisual do Ministério da Cultura.


Mundo cão
O espetáculo Ivan e os Cachorros, destaque na programação do Sesc São Caetano em 20 de julho, narra a experiência de um menino que vive com adultos e outras crianças sem teto na Rússia da década de 1990. Ao se envolver com cães de rua, Ivan faz deles sua “família” substituta, em meio a percalços que transformam sua infância numa montanha-russa emocional. O texto da inglesa Hattie Naylor (Ivan and the Dogs, no original) é baseado numa história real e foi traduzido por Fernando Villar, que dirige a montagem brasileira.


Novos mutantes
O Sesc Itaquera apresentou, no dia 14 de julho, show da nova formação da banda Os Mutantes – criada por Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Rita Lee, no final dos anos de 1960. Ao lado do “mutante” original Sérgio Dias, no violão, guitarra e vocais, os músicos Vinícius Junqueira (baixo), Vítor Trida (guitarras, flauta, viola caipira e violino), Esmeria Bulgari (vocais), Henrique Peters (teclados) e Cláudio Tchernev (bateria) apresentaram grandes sucessos do antigo trio – entre eles, Balada do Louco, Ando Meio Desligado e Bat Macumba.


Ao lado do salgueiro
Atividade do Sesc Santo Amaro no dia 11 de julho, o espetáculo O Canto do Salgueiro (By The Willow, no original em inglês) começa com Madame Dorka, uma ex-prima donna, e seu fiel aprendiz, Gobo, parando ao lado de um salgueiro para descarregar o inusitado conteúdo de sua carroça itinerante. De personagens, ambos passam então a narradores da história de Felicia, uma menina que nasceu no mesmo dia em que seu pai plantou a árvore. A montagem é da Cia. Foreign Landscapes e mistura a manipulação de objetos e bonecos (de vara e de sombra) a teatro de atores e música ao vivo no desenrolar da trama.


“O povo ainda vai conhecer o que é sambar o nosso samba”
Mariene de Castro ao site www.ibahia.com. A cantora apresentou o show Ser de Luz – Uma Homenagem a Clara Nunes, no Sesc Taubaté, no dia 10 de julho


“A criatividade era mais orgânica, as artes estavam mais juntas. Em um show de música, um artista plástico fazia o cenário e um poeta escrevia o programa; então, as artes estavam unidas. Isso era muito bonito”
Naná Vasconcelos, ao comparar os dias de hoje aos de sua juventude, em entrevista ao site Gafieiras (gafieiras.com.br). O músico e compositor se apresentou no Sesc Belenzinho, no dia 12 de julho


Encontros e desencontros
Em cartaz desde 16 de julho no Sesc Bom Retiro, o espetáculo Caminos Invisibles... La Partida, da Companhia Nova Teatro, conta a trajetória de imigrantes sul-americanos em busca de uma vida melhor em São Paulo. Misto de teatro e performance, a montagem apresenta uma visão dos processos migratórios, mesclando música tradicional andina, canto e vídeos. Como a própria realidade dá conta de mostrar, o encontro entre diferentes raízes e identidades é feito de maneira conflituosa no cotidiano da metrópole. A atividade integra a programação da unidade até 14 de agosto.


Música de bar
Cartaz da unidade Carmo no dia 29 de julho, o cantor gaúcho Filipe Catto surgiu em 2009 e chamou a atenção com uma voz de timbre incomum – “feminina” para os leigos; contratenor, segundo classificam os especialistas. No show, Catto apresentou-se em formato intimista, acompanhado apenas de dois outros músicos. Já a plateia ocupou mesas de bar, dando um clima ainda mais despojado à apresentação.


Forte presença
O CineSesc exibiu, de 5 a 11 de julho, o documentário Marina Abramovic – Artista Presente, sobre a performer nascida em Belgrado, na Sérvia. Além de trechos de registros de obras do passado de Marina, o filme mostra a performance realizada no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, em 2010, durante a qual a artista permaneceu sentada por sete horas e meia, seis vezes por semana, durante três meses. O diretor Matthew Akers acerta em cheio ao captar a reação do público – olhares ora de estranheza, ora de curiosa empatia com a condição “cativa” de Marina.


Amor de brinquedo
Espetáculo baseado no conto O Soldadinho de Chumbo, do autor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), Gran Circo de Areia – atividade do Sesc Interlagos, no dia 14 de julho – conta a história do bravo brinquedinho, que tem apenas uma perna e é apaixonado por uma bailarina de papel. Sua musa faz parte da companhia circense do título, uma trupe decadente que vive à beira-mar. Após muitas aventuras, ele decide voltar para casa, mas ela quer atravessar o oceano e se tornar a estrela de um grande circo numa terra distante.


Vinicius para menores
O Sesc Ipiranga apresentou, durante o mês de julho, uma programação especialmente criada para as férias. O projeto Arca de Noé, que tem atividades realizadas também em agosto, celebra o centenário de nascimento do poeta Vinicius de Moraes (1913-1980) com ações inspiradas em seu livro de poemas infantis A Arca de Noé (de 1970 e que tem uma edição de 2004 pela Cia. das Letrinhas). De 6 a 28 de julho, a oficina Toy Art ensinou a construção de bonecos de feltro, inspirados no universo criado pelo poeta no livro; já os espaços Se Correr... e Se Ficar... (ambos na unidade até o dia 11 de agosto) são voltados, respectivamente, para crianças acima de 6 anos e pequenos de 3 a 6 anos.


Lino Krizz em Osasco
Cantor e compositor paulista que já tem no currículo parcerias com grandes nomes da música nacional e estrangeira (Ed Motta, Sandra de Sá, Seu Jorge, George Benson e Living Colour, entre eles), Krizz se apresentou no Sesc Osasco, no dia 13 de julho. Em sua miscelânea de sons, há espaço para a bossa nova, o samba, o funk dos anos de 1970, o rock’n’roll clássico, o soul e até o samba.


Teatro chileno
Uma família mapuche, povo indígena da região centro-sul do Chile, aguarda a chegada de um parente exilado na Rússia há mais de três décadas. Este é o ponto de partida de Galvarino, espetáculo do grupo chileno Teatro Kimen apresentado no Sesc Pompeia nos dias 10 e 11 de julho. A aflitiva espera vê um final trágico, o que resulta num racha no clã. O texto, baseado em fatos, é de Marisol Vega Medina, que divide a direção com Paula González Seguel.


Da tela à cena
O Sesc Santana apresentou, de 7 a 14 de julho, o espetáculo infantil de dança Lúdico. Como sintetiza o título, a fantasia é a tônica da montagem da Cia. Druw, inspirada nas obras do pintor russo Wassily Kandinsky (1866-1944) e que propõe, com muita cor e poesia, um passeio pelo universo da criação artística. Como personagens, aparecem retas, curvas, pontos e círculos, que ganham características e personalidades próprias e terminam por fugir ao controle do seu criador.


O melhor de...
Fluminense nascido em São Gonçalo, município do estado do Rio de Janeiro, o cantor e compositor Claudio Zoli comemorou seus 30 anos de carreira com show no Sesc Vila Mariana, no dia 12 de julho. O repertório pinçou canções de toda a discografia do músico, iniciada em 1983, com a Banda Brylho, e cujo trabalho mais recente é Diamantes, de 2009. Uma MPB misturada ao funk e à soul music deu o tom da noite.


Brecht nos anos de chumbo
A montagem Ensaio sobre o Sim e o Não – apresentada no Sesc Belenzinho, de 26 de junho a 25 de julho – parte do texto Aquele Que Diz Sim, Aquele Que Diz Não, do alemão Bertolt Brecht (1898-1956). Nesta versão, um professor universitário se vê envolvido numa ação clandestina na São Paulo de 1969 – época em que o Brasil vivia sob a ditadura militar. Um de seus jovens estudantes quer tomar parte na ação, mas as consequências são trágicas. Dramaturgia e direção são assinadas por José Fernando de Azevedo.


Universo meu
Entre Nebulosas e Girassóis, apresentado no Sesc Consolação de 8 a 30 de julho, conta a história de um homem solitário e sem esperanças, que aprende a controlar seus sonhos até gradativamente desistir de viver. No mundo que inventa para si próprio, porém, uma mulher o ama e torna tudo perfeito. Mas esse bem elaborado universo particular cobra alto pelo ingresso: aos poucos o personagem cai em grande confusão sobre o que é realidade e o que é fantasia. A montagem tem texto de Rafael Neumayr e direção, figurino e trilha sonora de Cynthia Paulino.


Sem saída
Três indivíduos são condenados ao inferno, cada um por um crime, e um será o carrasco do outro. O trio está preso numa sala, não precisa mais comer ou dormir, e tem toda a eternidade para expiar seus pecados. Esse aterrador cenário é o ponto central de Entre Quatro Paredes, montagem em cartaz no Sesc Santo André desde 12 de julho, baseada no texto Huis Clos (No Exit, como é conhecida em inglês), de autoria do pensador francês Jean Paul Sartre (1905-1980). O espetáculo é dirigido por Caco Ciocler e fica em cartaz na unidade até 4 de agosto.
 




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